Além de oportunismo político, o pacote de bondadesanunciado pela presidente Dilma Rousseff neste último domingo (1º) evidencia escolhas duvidosas para a aplicação de um dinheiro que o governo tomará emprestado no mercado financeiro.
Tanto o reajuste do Bolsa Família como a correção da tabela do Imposto de Renda significarão um aumento adicional da dívida pública, dado que os gastos do governo superam a arrecadação.
Sobre essa dívida incidem juros de 14,25% ao ano –os mais elevados entre as principais economias do mundo, se descontada a inflação.
O argumento mais óbvio em defesa do aumento do Bolsa Família é a proteção de cerca de 50 milhões de adultos e crianças que estão nos mais baixos estratos de renda do país.
O mesmo não se pode dizer dos 28 milhões de declarantes pessoas físicas do Imposto de Renda. A maior parte dos que hoje pagam –e declaram– esse tributo pertencente às classes média (ao menos para as estatísticas oficiais) e alta.
A mudança na tabela do imposto não custará menos de R$ 5 bilhões ao ano em perda de receita, consideradas as estimativas de 2015.
Já o reajuste do Bolsa Família deverá consumir cerca de metade desse valor.
Fica para depois –provavelmente para outro presidente– uma avaliação da eficiência do gasto público na redução da desigualdade social brasileira.