Em delação premiada, dono da UTC disse que o pagamento era propina
A Polícia Federal (PF) interceptou mensagens enviadas pelo celular do coordenador de cartel das empreiteiras, o dono da UTC, Ricardo Pessoa, onde ele opera o pagamenações à campanha da presidente Dilma Rousseff em julho do ano passado. Em delação premiada, Pessoa afirmou que as contribuições legais eram, na verdade, propina desviada de contratos da Petrobras.
Pelo WhatsApp, o empreiteiro combina com Walmir Pinheiro, executivo do grupo UTC/Constran, como fazer dois depósitos, cada um de R$ 2,5 milhões à campanha. Pessoa diz que já acertou as doações com um interlocutor (o nome dele está oculto no documento da PF) e pede para Pinheiro procurar Manoel Araújo, que lhe indicaria como fazer a transferência. Os documentos foram anexados pela PF nas investigações sobre a UTC.
“Estive com (nome ocultado). A pessoa que você tem que ligar é Manoel Araújo. Acertado 2.5 dia 5/8 (até) e 2.5 até 30/8. Ligue para ele que está esperando”, diz a mensagem enviada por Pessoa ao executivo no dia 29 de julho, às 12h47.
Na declaração de contas da campanha de Dilma, há o registro de duas doações feitas pela UTC, citadas por Pessoa na mensagem. Uma feita no dia 5 de agosto e outra, no dia 27 do mesmo mês.
Pessoa e Edinho Silva marcaram encontro no comitê de campanha de Dilma Roussef no dia 29 de julho de 2014, no edifício Embassy Tower, em Brasília, às 11 horas. A confirmação da reunião foi feita por e-mail enviado por Adriana Miranda Moraes, hoje coordenadora geral do gabinete do ministro, encaminhado diretamente a Pessoa, dois dias antes (27/4). O endereço que consta no e-mail é o mesmo declarado pela campanha de Dilma à Justiça Eleitoral.
No início de setembro, o Supremo Tribunal Federal autorizou, a pedido do Ministério Público Federal, a abertura de inquérito para investigar o ministro Edinho Silva. No inquérito, os investigadores também analisam a participação de Manoel Araújo no esquema.