quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Votação de vetos de Dilma será usada como termômetro para impeachment

Vera Magalhães - Painel - Folha de São Paulo


Hora da verdade Os responsáveis no movimento pró-impeachment por contabilizar o número de deputados a favor da saída de Dilma Rousseff pretendem usar a lista da votação dos vetos presidenciais para medir o real poder de força das articulações da oposição e do governo. A ideia de líderes do grupo é cotejar o mapa de votação com os apoios declarados ao grupo e focar a ação nos que deram o nome como favoráveis ao impeachment, mas cederam às pressões do governo na votação do veto.

Telemarketing Dilma ligou pessoalmente para líderes na Câmara e para Eduardo Cunha (PMDB-RJ) avisando que o Planalto havia mudado a estratégia sobre a votação do veto e pretendia trabalhar pela manutenção ainda na sessão da noite.

Blefe? A aposta do Planalto foi comparada por integrantes da oposição a um “all in” –movimento do pôquer em que o jogador aposta todas das suas fichas de uma vez. “Se perder, sai do jogo”, decretou um deputado.

Faz-tudo Depois da reviravolta na estratégia do Planalto, Kátia Abreu reuniu no Ministério da Agricultura deputados e senadores de vários partidos para articular a manutenção dos vetos.

Excel O lobby dos servidores do Judiciário montou um “carômetro” para abordar os deputados para pedir a derrubada do veto ao aumento nos salários. Os que prometiam ajuda ganhavam um selinho “amigo do Judiciário” na planilha.

Dois ou um A bancada do PMDB na Câmara quer levar pelo menos dois nomes para cada um dos ministérios a que vai indicar os titulares. Para o Ministério da Saúde, decidiu apresentar Manoel Jr. (PB) e Marcelo Castro (PI).

Quem vai? Ao chegar à reunião da bancada que decidiria as indicações do PMDB para a Esplanada, Lúcio Vieira Lima (BA) disparou em voz alta: “Ministro!”. Três deputados viraram para olhar, Manoel Jr. entre eles.

Ombro amigo Arthur Chioro (Saúde), cuja permanência no cargo está em risco, esteve nesta segunda-feira com Lula. Queixou-se das especulações sobre sua saída.

Tô fora Interlocutores dizem que o ministro considerou a possibilidade de entregar o cargo, mas foi demovido pelo ex-presidente.

Pero no mucho No encontro organizado por Geraldo Alckmin com os governadores tucanos nesta terça-feira, no Palácio dos Bandeirantes, para discutir a crise econômica e política, não houve consenso sobre o apoio à proposta de recriação da CPMF.

Ontem e hoje Marconi Perillo (PSDB-GO) disse que não havia como não dizer que para o Estado seria ótimo receber parte da arrecadação, mas que ele não poderia assumir o papel de pressionar o Congresso. Lembrou que, quando era senador, foi um dos que mais trabalharam para derrubar o imposto.

Adiós Os três governadores do PSB fizeram coro, em reunião nesta terça-feira, ao apelo das bancadas na Câmara e no Senado à direção do partido que para que a sigla, hoje independente, passe formalmente à oposição.

Cara a tapa “O partido tem que ter coragem e se posicionar. Do jeito que está não dá para ficar”, disse o governador Rodrigo Rollemberg, do Distrito Federal.

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Classe econômica Com o governo do DF quebrado, Rollemberg viajou acompanhado só por um ajudante de ordens para São Paulo, onde participou de seminário do Movimento Brasil Competitivo, de Jorge Gerdau.


TIROTEIO
Se existe algo suficientemente grave para o impeachment, o melhor seria que Cunha aceitasse o pedido, e não lavasse as mãos.
DE JULIO DELGADO (PSB-MG), sobre a estratégia segundo a qual o presidente da Câmara rejeitará os pedidos contra Dilma e a oposição recorrerá ao plenário.

CONTRAPONTO
Lá vem o pato
Durante a entrega da pauta de reivindicações dos sindicalistas à Fiesp, nesta terça-feira, o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, disse à direção da entidade que os trabalhadores não abrem mão do aumento real de seus salários, não admitindo “pagar o pato” da crise econômica, em alusão à campanha da Fiesp contra a CPMF.
–Mas alguém sempre paga. Quem vai? –perguntou um dos representantes da entidade.
O sindicalista respondeu, para risada geral:
–O pato que eu conheço quem está pagando é o São Paulo e também o Corinthians –referindo-se ao jogador que tem seu salário bancado pelos dois times paulistas.