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Tombini não descartou vender recursos das reservas em moeda estrangeira do Brasil Eduardo Cucolo - Folha de São Paulo
A disparada do dólar e dos juros na manhã desta quinta-feira (24) levou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, a fazer um pronunciamento não programado. Ele afirmou que não descarta vender recursos das reservas em moeda estrangeira do Brasil, mas disse que o BC não vai aumentar juros para acalmar o mercado financeiro.
A aparição de Tombini se deu antes do início da coletiva de imprensa para falar sobre o Relatório Trimestral de Inflação divulgado mais cedo.
O presidente do BC afirmou que queria passar duas mensagens. A primeira, que a instituição irá assegurar que os mercados de câmbio funcionem de modo eficaz, mas que não tem como objetivo fixar uma tendência de preços ou uma cotação.
"Todos os instrumentos estão à disposição", afirmou. "As reservas são um seguro que pode e deve ser utilizado."
A atuação mais forte da autoridade monetária no câmbio não evitou que o dólar atingisse máxima de R$ 4,249 pela manhã, mas a fala do presidente do BC conseguiu acalmar um pouco o mercado, que passou a cair durante a tarde.
Às 15h41 (de Brasília), o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, cedia 1,01%, para R$ 4,103 na venda. Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em baixa de 0,45%, para R$ 4,118.
O Banco Central realizou nesta manhã um leilão de 20.000 contratos de swaps cambiais por US$ 961,2 milhões. A mesma quantidade de papéis foi oferecida na véspera, quando houve demanda por apenas 4.400. Desde abril, o BC não promovia leilões como este, em que coloca papéis novos no mercado. Mas a autoridade vem realizando operações diárias para estender o prazo de contratos existentes de swap.
Tombini disse ainda que vai manter a taxa básica de juros em 14,25% por um período "suficientemente prolongado" para derrubar a inflação e descartou um choque de juros.
"A elevação das taxas de juros nos mercados não servirá de guia para a condução da política monetária nos próximos meses. A política é de estabilidade da taxa Selic por um período suficientemente prolongado", afirmou.
Segundo Tombini, as recentes elevações nos juros de mercado (que se aproximam de 17% ao ano para prazos de até cinco anos) refletem o aumento dos prêmios de risco aos olhos do mercado. "Na visão do BC, isso não deve ser entendido como expectativa para a trajetória futura da política monetária."
CONGRESSO
O presidente do BC afirmou que a presidente Dilma Rousseff vem se empenhando, junto com o Congresso, para eliminar risco fiscais e ter as condições de receitas e despesas para alcançar as metas de superavit primário fixadas pelo governo.
"Há tempo para tomar as medidas necessárias, para indicar a vontade e a capacidade do governo de implementar esse ajuste das contas", afirmou, ao ser questionado sobre a possibilidade de um rebaixamento da nota brasileira por outra agência de risco.
Quando rebaixou a nota de crédito do Brasil, no dia 9 de setembro, a agência Standard and Poor's questionou "a capacidade e a vontade do governo de submeter ao Congresso um orçamento consistente".
Tombini afirmou ainda que as simulações do BC indicam que o sistema financeiro e as empresas brasileiras têm condições de lidar as condições atuais de mercado sem que haja insolvência. "Do ponto de vista da estabilidade, isso não pega o BC despreparado. Já tínhamos cenários contemplado esse tipo de evolução."
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