segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Temer aconselha Dilma a não fazer reforma ministerial, para não gerar ‘instabilidade no Congresso’

Simone Iglesias e Washington Luiz - O Globo

Mudanças no primeiro escalão do governo devem ser anunciadas até quarta-feira


O vice-presidente Michel Temer aconselhou a presidente Dilma Rousseff a não fazer reforma ministerial neste momento para evitar criar arestas com os partidos da base no momento em que o governo precisa aprovar as medidas de ajuste. Segundo ele, as mudanças poderiam gerar “instabilidade no Congresso”. A presidente se reuniu com Temer nesta segunda-feira, antes do encontro de coordenação política.

Ao ouvir de Dilma que ela não poderia voltar atrás na decisão já anunciada publicamente, Temer disse para ela ficar a vontade em relação aos ministérios do PMDB e que ele não fará indicação de nomes. Temer afirmou à presidente que é hora de cortar gastos e que o PMDB não será um empecilho para isso. Apesar do vice dizer que não nomeará ninguém, outros peemedebistas pressionam por mais espaço no governo.

cúpula do PMDB tenta fechar posição para que o partido não faça novas indicações de nomes. A ideia está sendo trabalhada com os principais caciques do partido e a intenção é fechar um acordo interno para apresentar uma postura única nesse sentido.

O grupo que defende essa posição pretende deixar claro que, mesmo que algum integrante do partido seja escolhido por Dilma nessa reforma administrativa, esse eventual nome será da cota da presidente, e não da legenda.

Segundo interlocutores de Temer, o vice ainda irá conversa com o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), e com o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), para tentar fechar a posição do partido de não fazer indicações. Há expectativa de que ambos os parlamentares queiram consultar suas bancadas antes de tomar uma decisão.

Na tentativa de reforçar a interlocução com o PMDB antes da reforma ministerial, no início da tarde, a presidente Dilma convocou novamente Temer, o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador Eunício Oliveira para uma reunião no Palácio da Alvorada.


De acordo com aliados de Temer, diante da decisão de fazer a reforma, o vice sugeriu à presidente que ela “negocie bem” com os líderes dos partidos aliados, para que não haja ainda mais problemas na relação com o governo.

Durante a manhã, a presidente havia decidido que iria apresentar detalhes dos cortes de pastas e trocas de comando a todos os líderes da Câmara e do Senado antes de anunciar as alterações. A reforma deve ser feita até quarta-feira, quando a presidente embarca para os Estados Unidos, onde fará a abertura da Assembleia Geral da ONU.

Dilma também conversou por duas vezes nesta segunda-feira com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, uma no Palácio do Planalto e outra no Alvorada. No primeiro encontro, a presidente pediu ajuda ao peemedebista auxiliar nas conversas com o PMDB.