Decisão do banco central americano é anunciada após dois dias de reunião do comitê de política monetária
Ao fim de dois dias de reuniões, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) anunciou nesta quinta-feira a manutenção da taxa básica de juros, que não é elevada desde 2006. As expectativas sobre o momento da alta vinham se concentrando para setembro, mas um adiamento até dezembro começou a ser cada vez mais apontado pelos analistas nas últimas semanas, uma vez que a inflação americana está abaixo da meta, os preços das commodities vêm recuando e a desaceleração do crescimento da China esfriou a economia global.
A decisão foi recebida com alívio no Brasil, onde a alta das taxas poderia deixar ainda mais conturbada a situação econômica do país. A expectativa era de que principal impacto por aqui fosse uma alta do dólar, devido a uma fuga de capitais para os EUA. A moeda americana, no entanto, já acumula forte alta frente ao real devido à crise no país. Com isso, a inflação, que deve fechar o ano acima de 9%, também acabaria sendo impactada.
Para a manutenção da taxa de juros, o Fed levou em conta a a marcha constante da economia em direção ao pleno emprego contra o pano de fundo de inflação, crescimento salarial fracos e turbulências no exterior.
A última vez que o Fed adotou uma política de elevação dos juros foi em 2004, quando a inflação estava em 2,8% — acima do alvo do governo — e 66% da população estavam trabalhando ou procurando um emprego. Hoje, o cenário é bem diferente: o índice de preços está em 0,3% e menos de 63% estão empregados ou em busca de uma vaga. Em vez de lutar contra a inflação, como aconteceu no passado, uma alta dos juros terá como objetivo permitir uma antecipação contra pressões sobre os preços e evitar bolhas de ativos depois de mais de seis anos de dinheiro fácil.