terça-feira, 22 de setembro de 2015

Dilma desesperada oferece a Saúde ao PMDB, mas condiciona convite a aval da bancada para tentar escapar do impeachment

Com Blog do Josias - UOL



Em reunião com Leonardo Picciani, líder do PMDB na Câmara, Dilma Rousseff ofereceu o Ministério da Saúde ao PMDB. Mas impôs como condição que o futuro ministro seja avalizado pela bancada de deputados federais da legenda antes de ter o nome publicado no Diário Oficial. Ou seja: para propiciar o ‘toma lá’, a presidente quer obter a segurança de que contará com o ‘da cá’.
O encontro entre Dilma e Picciani ocorreu na noite desta segunda-feira. Convidado a participar, o vice-presidente Michel Temer testemunhou a parte final da conversa. Nela, Dilma ofereceu também ao PMDB da Câmara a oportunidade de bancar a permanência de Henrique Eduardo Alves na pasta do Turismo. Mas Picciani informou que acha difícil que a bancada se anime a referendá-lo.
Convertido em interlocutor preferencial do governo depois que Eduardo Cunha se declarou rompido com o Planalto, Picciani se comprometeu com Dilma a consultar a bancada nesta terça-feira. O líder tinha a pretensão de articular para a Saúde a indicação de um deputado que já ocupou o posto sob Lula: Saraiva Felipe, do PMDB de Minas Gerais. Porém…
Dilma insinuou durante a conversa que Saraiva Felipe não teve bom desempenho à frente do ministério. Ficou entendido que a presidente prefere outro nome. Mais: a presidente receia que uma indicação feita pela bancada mineira do PMDB resulte em problemas futuros. Por quê? A força-tarefa da Operação Lava Jato vasculha os negócios trançados na área Internacional da Petrobras pelo ex-diretor Jorge Zelada.
Preso em Curitiba desde junho, Zelada chegou à direção da Petrobras por indicação do PMDB mineiro. Horas antes da reunião de Dilma com Picciani, a Polícia Federal prendera, por ordem do juiz Sérgio Moro, o empresário João Augusto Rezende Henriques, apontado como mais um operador do PMDB na pilhagem da Petrobras.
Dilma deseja manter na sua equipe os ministros peemedebistas Eduardo Braga (Minas e Energia) e Kátia Abreu (Agricultura), ambos licenciados dos respectivos mandatos de senadores. Consultado, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), informou a Dilma que a maioria da bancada concorda em avalizar o nome de Braga. Mas não se sente representada por Kátia, uma ministra da cota de Dilma.
De resto, Dilma revelou-se disposta a manter sob o controle do PMDB o ministério que resultará da fusão das pastas da Aviação Civil e dos Portos. Deu indicações de que gostaria de nomear para esse posto o ex-deputado Eliseu Padilha, atual ministro da Aviação. Padilha é amigo de Temer. Mas o vice-presidente autolimitou-se ao dizer para Dilma que não cogita patrocinar nenhuma indicação.
Confirmando-se o xadrez montado por Dilma, o PMDB perderia a pasta da Pesca, que será fundida ao Ministério da Agricultura. Mas, para não deixar ao relento o ministro Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho, Dilma manifesta o interesse de aproveitá-lo noutra posição —alguma estatal ou banco público.