Lula e Dilma (Foto: Reuters)
No que é mesmo que Lula ajuda Dilma quando vazam comentários feitos por ele durante encontros com seguidores e aliados?
Quase sempre o que ele diz, ou a maioria das coisas que diz, só serve para enfraquecer Dilma. E ele continua a dizê-las apesar disso.
Não foi assim em junho último quando Lula afirmou a um grupo de religiosos que Dilma e ele estavam no volume morto, e o PT abaixo do volume morto?
Na ocasião, ele acusou Dilma de ter mentido muito para se reeleger, criticou o governo por ineficiente, e se queixou de ser pouco escutado pela presidente.
Ele fala, fala, ela escuta, mas não faz o que Lula manda. Em resumo seria isso. De fato, é isso. Aconteceu outra vez nesta semana.
Lula desembarcou em Brasília com o propósito de sugerir a Dilma mudanças na política econômica, na composição do governo e no relacionamento com os partidos aliados.
Se dependesse dele, Joaquim Levy deixaria o Ministério da Fazenda para Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central no governo Lula; haveria nova inflexão na política econômica na direção da aposta no consumo; e Aloizio Mercadante acabaria defenestrado da chefia da Casa Civil.
No lugar dele entraria Jaques Wagner, atual Ministro da Defesa, homem de confiança de Lula, mas com fama de não gostar de pegar no pesado.
A coordenação política do governo seria entregue ao PMDB. E Dilma procuraria atuar mais afinada com seu vice Michel Temer.
Nada disso aconteceu ou acontecerá.
Então para não parecer que já não manda tanto assim em Dilma, Lula deixou vazar que viajará aos Estados em defesa do ajuste fiscal – logo do ajuste que ele tem condenado duramente entre amigos.
Deixou vazar também que pediu a Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, para segurar qualquer pedido de impeachment contra Dilma. E por qual motivo?
Porque se Eduardo não segurar, o impeachment irá adiante com o apoio das ruas. Afinal, como teria dito Lula a Eduardo, a situação de Dilma “é gravíssima”.
É ou não é procedimento de quem está realmente interessado em fortalecer a presidente?
Foi Lula, uma vez, quem se definiu como uma verdadeira “metamorfose ambulante”.
A metamorfose já teve mais força. E já fez mais sucesso.