quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Banco Central admite que pode usar reservas e dólar cai após bater R$ 4,24

O Estado de São Paulo

Após bater novo recorde histórico de R$ 4,24 na abertura dos negócios, declarações de dirigentes do Banco Central reduziram o apetite dos investidores pela moeda estrangeira

Dólar não para de bater recordes de alta
Dólar não para de bater recordes de alta

O dólar comercial disparou nesta quinta-feira, 24, e atingiu a nova marca histórica de R$ 4,248 nas negociações durante o dia, um avanço de 2,73% ainda nas primeiras horas da sessão. A moeda abriu os negócios cotada a R$ 4,219 (alta de 2,03%). Declarações do Banco Central, no entanto, esfriaram o ímpeto dos investidores e por volta das 13h30, o dólar caía 1,19%, a R$ 4,086.
No fim da manhã, comentários do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, deram alívio à cotação da moeda. O chefe do BC afirmou que "a política (monetária) é de estabilidade da taxa de juros por um período prolongado" e que "as reservas são um seguro. Pode e deve ser utilizado". A fala de Tombini fez o dólar perder força e ir a R$ 4,146. 
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu Pereira, também concede entrevista. Ele afirmou que o balanço de riscos se deteriorou com a alta dos prêmios de risco e reforçou a mensagem do presidente Alexandre Tombini, que falou antes dele, de manter os juros básicos em 14,25% ao ano por tempo suficientemente prolongado, estratégia que ele classificou como necessária para fazer a inflação convergir para a meta de 4,5% ao ano ao fim de 2016. Ele recomendou ainda "discernimento analítico para evitar reatividade excessiva".
O dólar não para de bater recordes de alta desde a terça-feira, 22, quando ultrapassou a marca dos R$ 4, atingindo as maiores cotações desde a criação do real, em 1994. A moeda já sobe pela sexta sessão consecutiva.
Também nesta quinta-feira, o BC realizou a última das três operações anunciadas desde ontem para conter a escalada da moeda. Por volta das 9h, o órgão vendeu 20 mil contratos de swap (venda de dólares no mercado futuro), em uma operação que totalizou US$ 961,2 milhões.
Incertezas. No radar dos investidores está a crise política no País, que impede o governo de realizar o ajuste fiscal, e temores de um novo rebaixamento pelaagência de classificação de risco Fitch, que se reuniu essa semana em Brasília com a equipe econômica para avaliar a situação do País.
O nervosismo foi acentuado pela deterioração das projeções para a economia trazidas pelo Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central, que prevê queda de 2,7% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. 
Outra notícia ruim é a de que a taxa de desemprego em agosto subiu para 7,6% nas seis principais regiões metropolitanas do País, a maior desde setembro de 2009 segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Bolsa. Na mesma faixa horária, a Bovespa recuava 0,81%, aos 44.973 pontos, pressionada pelo mau humor que contamina as bolsas estrangeiras. Na véspera, o Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, fechou em queda de 2%, puxado por ações de siderúrgicas.
No cenário externo, investidores mantêm a cautela nos negócios antes do discurso de Janet Yellen, a presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), que está marcado para a tarde de hoje. 
Na reunião deste mês, o Fed decidiu manter a taxa de juros nos Estados Unidos - entre zero e 0,25% desde 2008 - em meio a preocupações com o crescimento global, em especial a desaceleração da economia chinesa. A alta dos juros no país - que pode acontecer na reunião de oututro, segundo Yellen - afeta o mercado financeiro local, uma vez que eleva a rentabilidade de títulos americanos, considerados investimentos mais seguros.