O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), rebateu na manhã desta quinta-feira (17) as declarações de Dilma Rousseff sobre o golpismo dos que falam em impeachment.
O senador afirmou que "golpe ou atalho para chegar ao poder é utilizar dinheiro do crime ou da irresponsabilidade fiscal para ganhar votos".
O tucano disse falar "sem fazer pré-julgamentos", mas para "blindar as instituições" que hoje investigam a presidente: o TCU (Tribunal de Contas da União) e o TSE ( Tribunal Superior Eleitoral).
Nesta quarta (16), a presidente afirmou, em evento em Presidente Prudente (SP), que usar a crise econômica enfrentada pelo país como mecanismo para tentar chegar ao poder é uma "versão moderna do golpe".
"Essas pessoas geralmente torcem para o quanto pior, melhor, e em todas as áreas. Todas elas esperando oportunidade para pescar em águas turvas. Tenho certeza que o Brasil tem uma solidez institucional."
Ela continuou: "Todos os países que passaram por dificuldade, não vi nenhum propondo ruptura democrática como forma de saída da crise. Esse método de usar a crise como mecanismo para chegar ao poder é uma versão moderna do golpe".
Aécio também criticou a forma como o governo lida com a crise que atravessa a Petrobras e disse que a discussão em torno da privatização de alguns de seus setores se dá apenas para salvá-la de endividamentos.
"O que eu vejo é que a Petrobras hoje, para diminuir o seu endividamento, inicia uma verdadeira 'black friday'. O conjunto de privatizações que ela se dispõe a vender chega a R$ 60 bilhões. Mas não faz isso por uma visão estratégica mas para diminuir seu endividamento", disse.
O tucano falou sobre o assunto antes de fazer a abertura de um seminário promovido pelo PSDB, para debater os rumos da economia do país. Participam do evento nomes como o economista Arminio Fraga, Mansueto Almeida, Samuel Pessoa e Gustavo Franco.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tinha presença prevista, acabou não comparecendo.
FHC reagiu à fala de Dilma na quarta-feira, quando afirmou que as movimentações a favor do impeachment não são golpistas e ganharam força porque o povo está sofrendo com a crise e se perguntando quando ela vai acabar.
"Quem sofre a crise não quer dar golpe, quer se livrar da crise. Na medida em que o governo faz parte da crise, começam a perguntar se [o governo] vai durar. Mas não é golpe", afirmou antes de dizer que não sabe quem estaria tentando se aproveitar da crise para chegar a poder.
'OBCECADA'
Aécio, que foi derrotado pela petista na última eleição presidencial, disse que hoje temos uma mandatária "obcecada com o próprio fim de seu mandato". "Pela segunda vez", disse ele, "sem ser instada, a presidente falou em golpe e em atalhos para se chegar ao poder", prosseguiu.
"Concordo com ela em uma frase, e olha que é difícil concordar: a legitimidade do voto é a base da democracia. Isso é correto, desde que esse voto tenha sido obtido de forma legal", alfinetou.
Ele concluiu dizendo que "felizmente", é a legalidade das contas da presidente e de sua campanha que se investiga hoje no Brasil.
Colaborou MARIANA HAUBERT