Nem mesmo como caricatura a figura de Dilma consegue se manter estável. Parece maldição
Os poucos, minguados e rarefeitos manifestantes que, no feriado de 7 de setembro, foram protestar contra o governo federal na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, apresentaram aos repórteres fotográficos uma boneca de plástico representando Dilma Rousseff. Eles a chamam de “Pixuleka”. O artefato de 13 metros de altura é um balão de gás na forma de uma caricatura inflável mostrando a chefe de Estado de vestidinho vermelho e nariz de Pinóquio.
O balão de Dilma tem a pretensão de ser uma crítica política inteligentíssima. Ao mesmo tempo, quer ser divertido, satírico e engraçado. Laconicamente, fracassa em suas duas pretensões: não é nem inteligente (não tem sequer originalidade) nem cômico. Foi a Brasília para provocar o riso dos passantes e só o que colheu foi indiferença. Uma chatice.
Como se sabe, a “Pixuleka” nasceu para fazer companhia a uma outra caricatura inflável, o “Pixuleko”, que é uma imagem de Lula de barba cinza, olhos abobalhados e roupa de presidiário. Lançado em manifestações anteriores, o “Pixuleko” pelo menos conseguiu gerar reações acaloradas, principalmente por ter o nome que tem. O apelido veio do termo carinhoso usado por um ex-tesoureiro do PT para se referir à propina que distribuía a seus colaboradores no tráfico de influência. Ao juntar esse nome àquela pessoa, quer dizer, ao chamar Lula de “propina”, os manifestantes antigoverno irritaram os seguidores do ex-presidente e houve até incidentes de animosidades entre uns e outros.
Agora, porém, as caricaturas infláveis caíram na mesmice. Ninguém mais se incomoda. O “Pixuleko” ainda fez uma carreira rápida. Quanto à “Pixuleka”, pobrezinha, murchou tão logo fez o seu début. Foi um malogro completo, rápido e rasteiro. Nem mesmo como caricatura a figura de Dilma consegue se manter estável. Parece maldição.
Enquanto isso, os protestos de rua contra a presidente da República vão também murchando, como balões de gás. Nisso, lembram as caricaturas de Dilma e de Lula, que são perfeitamente ocas. Os bonecos de plástico não têm graça como sátira política, mas retratam com perfeição seus donos. Sua melhor ironia, portanto, está na autoironia, muito embora involuntária. Ambos são vistosos, empombados, gostam de aparecer, mas não têm nada por dentro. São egos inflados, cheios de si, sem lastro nenhum. Um alfinete dá conta de despedaçar sua aparência espaçosa, sem que nada reste no final – além de ar e uns poucos retalhos no chão.
É claro que o governo que aí está é um desastre. Sabe-se que pode piorar, e muito, uma vez que tudo pode piorar, mas é difícil imaginar como é que este governo poderia ser pior do que já é. Dilma fala as bobagens mais estapafúrdias, a uma taxa de seis vezes por semana. Para complicar, muda de opinião mais ou menos como o vento muda de direção. Ora quer CPMF, ora não quer. Ora aceita o deficit no orçamento, ora quer mudar tudo de novo. Mandou anunciar que vai cortar dez ministérios, mas não diz quais (e também não faz muita diferença). Enfim, razões para desejar acabar com este governo o país as tem de sobra.
Por outro lado, a oposição que convoca essas passeatas de rua, que coisa, é também difícil imaginar como é que ela poderia ser pior do que já é. Existe um sujeito que vai aos protestos fantasiado de Batman e, a julgar pelo modo como as câmeras de TV o enquadram, parece que é levado a sério. Ainda não se viu nenhum Dr. Spock deJornada nas estrelas gritando “fora PT”, mas quem sabe ele também apareça uma hora dessas. Fazendo uma análise exaustiva de tudo o que se vê, só há uma conclusão possível: tirando a indumentária de super-herói e as caricaturas infláveis, os manifestantes anti-PT ainda não brindaram a nação com outro projeto de vulto. Mais ou menos como as opiniões de Dilma Rousseff, eles também são desnorteados, também não têm plataforma, ora apontam para um lado (golpe militar), ora para outro (impeachment), outro (renúncia) e mais outro (Batman para presidente?). Com isso, vêm conseguindo uma proeza que parecia impossível: num país em que a rejeição à presidente da República é praticamente uma unanimidade, desmantelaram as manifestações de rua como se elas fossem uma bolha de sabão.
O povo brasileiro até que teve boa vontade: vestiu camisa amarela, foi às ruas, fez sua parte, mas agora põe o pé atrás como quem coça a cabeça e matuta: doideira tem limite. É assim que, num país em que tudo pode acontecer, nada acontece. Dilma vai ficando, não porque não tenha defeitos. Ela os tem, e como, mas os defeitos de seus opositores, além de vazios, voláteis e inconsistentes, são espetacularmente maiores.
O balão de Dilma tem a pretensão de ser uma crítica política inteligentíssima. Ao mesmo tempo, quer ser divertido, satírico e engraçado. Laconicamente, fracassa em suas duas pretensões: não é nem inteligente (não tem sequer originalidade) nem cômico. Foi a Brasília para provocar o riso dos passantes e só o que colheu foi indiferença. Uma chatice.
Como se sabe, a “Pixuleka” nasceu para fazer companhia a uma outra caricatura inflável, o “Pixuleko”, que é uma imagem de Lula de barba cinza, olhos abobalhados e roupa de presidiário. Lançado em manifestações anteriores, o “Pixuleko” pelo menos conseguiu gerar reações acaloradas, principalmente por ter o nome que tem. O apelido veio do termo carinhoso usado por um ex-tesoureiro do PT para se referir à propina que distribuía a seus colaboradores no tráfico de influência. Ao juntar esse nome àquela pessoa, quer dizer, ao chamar Lula de “propina”, os manifestantes antigoverno irritaram os seguidores do ex-presidente e houve até incidentes de animosidades entre uns e outros.
Agora, porém, as caricaturas infláveis caíram na mesmice. Ninguém mais se incomoda. O “Pixuleko” ainda fez uma carreira rápida. Quanto à “Pixuleka”, pobrezinha, murchou tão logo fez o seu début. Foi um malogro completo, rápido e rasteiro. Nem mesmo como caricatura a figura de Dilma consegue se manter estável. Parece maldição.
Enquanto isso, os protestos de rua contra a presidente da República vão também murchando, como balões de gás. Nisso, lembram as caricaturas de Dilma e de Lula, que são perfeitamente ocas. Os bonecos de plástico não têm graça como sátira política, mas retratam com perfeição seus donos. Sua melhor ironia, portanto, está na autoironia, muito embora involuntária. Ambos são vistosos, empombados, gostam de aparecer, mas não têm nada por dentro. São egos inflados, cheios de si, sem lastro nenhum. Um alfinete dá conta de despedaçar sua aparência espaçosa, sem que nada reste no final – além de ar e uns poucos retalhos no chão.
É claro que o governo que aí está é um desastre. Sabe-se que pode piorar, e muito, uma vez que tudo pode piorar, mas é difícil imaginar como é que este governo poderia ser pior do que já é. Dilma fala as bobagens mais estapafúrdias, a uma taxa de seis vezes por semana. Para complicar, muda de opinião mais ou menos como o vento muda de direção. Ora quer CPMF, ora não quer. Ora aceita o deficit no orçamento, ora quer mudar tudo de novo. Mandou anunciar que vai cortar dez ministérios, mas não diz quais (e também não faz muita diferença). Enfim, razões para desejar acabar com este governo o país as tem de sobra.
Por outro lado, a oposição que convoca essas passeatas de rua, que coisa, é também difícil imaginar como é que ela poderia ser pior do que já é. Existe um sujeito que vai aos protestos fantasiado de Batman e, a julgar pelo modo como as câmeras de TV o enquadram, parece que é levado a sério. Ainda não se viu nenhum Dr. Spock deJornada nas estrelas gritando “fora PT”, mas quem sabe ele também apareça uma hora dessas. Fazendo uma análise exaustiva de tudo o que se vê, só há uma conclusão possível: tirando a indumentária de super-herói e as caricaturas infláveis, os manifestantes anti-PT ainda não brindaram a nação com outro projeto de vulto. Mais ou menos como as opiniões de Dilma Rousseff, eles também são desnorteados, também não têm plataforma, ora apontam para um lado (golpe militar), ora para outro (impeachment), outro (renúncia) e mais outro (Batman para presidente?). Com isso, vêm conseguindo uma proeza que parecia impossível: num país em que a rejeição à presidente da República é praticamente uma unanimidade, desmantelaram as manifestações de rua como se elas fossem uma bolha de sabão.
O povo brasileiro até que teve boa vontade: vestiu camisa amarela, foi às ruas, fez sua parte, mas agora põe o pé atrás como quem coça a cabeça e matuta: doideira tem limite. É assim que, num país em que tudo pode acontecer, nada acontece. Dilma vai ficando, não porque não tenha defeitos. Ela os tem, e como, mas os defeitos de seus opositores, além de vazios, voláteis e inconsistentes, são espetacularmente maiores.