sábado, 15 de dezembro de 2018

Para Toffoli, ex-advogado do PT, Temer deveria considerar votação do STF como orientação para decreto de indulto

Ao comentar um dos julgamentos recentes mais polêmicos no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Dias Toffoli afirmou nesta sexta-feira que, se tivesse de aconselhar o presidente Michel Temer no caso do indulto presidencial, diria para ele editar um novo texto sem considerar as limitações impostas pela liminar concedida pelo ministro Luis Roberto Barroso.

Na sessão de 29 de novembro, o Supremo julgava se o Judiciário pode impor condições para o indulto, uma prerrogativa do presidente da República. Seis ministros formaram maioria pela tese de que a Justiça não deve interferir no assunto, mas o julgamento foi interrompido pelo pedido de vistas do ministro Luiz Fux. Toffoli lembrou que já ocupou cargos de assessoria jurídica do Executivo ao comentar o caso:

— Tem seis votos proferidos no sentido de que a competência é do presidente da República. Se eu fosse subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil ou o advogado-geral da União, eu diria ao presidente, como já fiz no passado quando ocupei esses cargos, que isso aqui já tem maioria absoluta no Supremo, uma orientação de que é constitucional (editar o indulto sem limites impostos pelo Judiciário) — afirmou Toffoli.
No fim do ano passado, Barroso, que é relator do caso na Corte, excluiu do direito ao indulto os condenados pelos chamados “crimes de colarinho branco”.
— O indulto de 2017 para 2018 foi aplicado a milhares de apenados dentro dos limites estabelecidos pelo ministro Barroso. O que está se discutindo é se o Supremo pode estabelecer esses limites ou se isso é exclusivo pelo presidente da República — afirmou.
No encontro promovido pelo GLOBO, Toffoli também adiantou parte da pauta da Corte para os próximos meses. Ele disse que evitará temas polêmicos nas sessões que restam até o fim do ano e nas do mês de fevereiro. E que, na próxima segunda-feira, divulgará toda a pauta do primeiro semestre de 2019.

2ª instância na quaresma

Ele confirmou que o julgamento sobre a execução da pena de prisão após condenação em segunda instância será marcado para o período da Quaresma, entre o carnaval e a Páscoa.
— Vai ser na Quaresma, é um bom tema para julgar na quaresma. Após o carnaval e antes da Semana Santa.
Ele também revelou que a definição sobre a partilha da arrecadação com os royalties do petróleo não estará na pauta do primeiro semestre do ano que vem.
— Tenho conversado com colegas antes de estabelecer pautas, conversei com a ministra Cármen Lúcia e pediu para não pautar no primeiro semestre, então não vai estar na lista de segunda-feira
Toffoli adiantou ainda que, a cada três sessões, uma não terá processos, para que fique destinada a questões urgentes. Um dos critérios será pautar julgamentos de temas sociais. Outra prioridade será colocar em análise questões que estavam com pedidos de vista.
— Vamos privilegiar pedidos de vista já devolvidos e também ações de inconstitucionalidade com decisões monocráticas.


O Globo