domingo, 17 de dezembro de 2017

Piñera é eleito novo presidente do Chile - Com 91% das urnas apuradas, ex-presidente e candidato da direita tem 54,5% dos votos

O candidato de direita à Presidência do Chile, Sebastián Piñera Foto: CLAUDIO REYES / AFP
O candidato de direita à Presidência do Chile, Sebastián Piñera - CLAUDIO REYES / AFP
Com O Globo e agências internacionais



SANTIAGO — Os resultados preliminares da contagem de votos das eleições presidenciais chilenas indicam a vitória do ex-presidente Sebastián Piñera para um novo mandato. Com 91% das urnas apuradas, o candidato da direita tem 54,5% dos votos, contra 45,5% do seu rival da centro-esquerda, o jornalista e senador Alejandro Guillier. Empresário e um dos homens mais ricos do Chile, Piñera — que já governou de 2010 a 2014 — será o único conservador a governar o país em duas ocasiões até hoje.

Este é o primeiro triunfo da direita em 50 anos no Chile, e Piñera deverá receber a faixa presidencial da atual presidente, Michelle Bachelet, no próximo dia 11 de março. Milhões de eleitores saíram às urnas neste domingo para escolher o próximo presidente, num acirrado segundo turno. Havia 43 mil mesas eleitorais em funcionamento disponíveis para 14 milhões de chilenos aptos a votar.

Piñera transitou por uma linha tênue que se confunde entre a gestão de seu patrimônio e os deveres de um homem de Estado, e teve que dobrar o seu caráter impulsivo para ganhar a confiança do eleitorado de centro-direita. Promete facilitar o investimento e retomar um caminho de alto crescimento, mas também traz ofertas sociais de último momento para tentar ganhar uma votação incerta.

Por sua vez, o jornalista e sociólogo Guillier tinha o apoio de sete partidos da centro-esquerda. Ele prometia que daria continuidade ao plano da presidente Michelle Bachelet para subir os impostos às empresas — e financiar assim parte de uma polêmica reforma da educação —, estabelecer uma assembleia constitucional e melhorar o sistema de aposentadorias. Também queria diversificar as fontes de energia alternativa para reduzir os custos dos investimentos.

O voto no Chile é voluntário e o índice de comparecimento às urnas é um fator determinante para as eleições. No primeiro turno, 46% dos eleitores saíram para votar. 

Agora, neste domingo, os partidários dos dois candidatos expressavam sua esperança de vitória. Por enquanto, não foram divulgados números oficiais para o segundo turno, mas há indicações de que o comparecimento foi menor do que a primeira rodada de votação em novembro

— Será a eleição com maior incerteza na história do Chile — disse Pepe Auth, deputado liberal e especialista eleitoral.

De 61 anos, a professora Loreto Bisbal explicou porque desejava ver Piñera se sair vitorioso:

— Votei em Piñera porque todos os votos o ajudaram a ganhar. Além disso, trabalho em uma escola dirigida por um prefeito de direita.

Por sua vez, o eletricista Genaro Rodríguez, de 43 anos, expressou apoio a Guillier pelo seu alinhamento à atual presidente:

— Vim votar em Guillier porque ele continuará as reformas da presidente Bachelet e, graças a ela, tenho um filho estudando engenharia industrial gratuitamente.

No primeiro turno, cerca de 55% dos chilenos votaram nos diferentes candidatos da centro-esquerda, o que obrigou Piñera a suavizar suas críticas ao atual governo. Pela primeira vez, o ex-chefe de Estado defendeu a educação gratuita, ciente de que esta conquista de Bachelet é considerada importantíssima pela maioria dos chilenos que optaram por candidatos comprometidos com o respeito e até mesmo o aprofundamento do legado da presidente.