
JERUSALÉM - As ruas de Jerusalém estão congestionadas com ônibus e vans de turismo; e as calçadas, repletas de grupos de excursão e famílias de visitantes. O clima surpreendentemente seco e ameno para esta época do ano colabora para o ar festivo. A tensão que se seguiu à declaração de reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel pelo presidente americano, Donald Trump, no dia 4, até o momento não afetou o turismo. Na verdade, um número recorde de turistas está em Jerusalém para as celebrações de Natal.
As ruelas de pedra do bairro cristão, dentro da Cidade Velha de Jerusalém, ganharam este ano o seu primeiro mercado de Natal. Há venda de produtos típicos, atrações culturais e decoração natalina, num modelo similar aos organizados nos países europeus. Uma árvore de Natal de cerca de 30 metros de altura foi decorada com 30 mil lâmpadas e três mil bolas coloridas. Como acontece todos os anos, mudas de árvores foram distribuídas de graça para a população pela prefeitura da cidade.
Segundo dados do governo, Israel bateu em 2017 um recorde histórico, com a entrada de 3,5 milhões de turistas; 350 mil pessoas de todo o mundo estão neste Natal em visita ao país. Aproximadamente 130 mil são peregrinos cristãos. Os locais mais procurados por eles estão em Jerusalém — com destaque para a Igreja do Santo Sepulcro, o Monte das Oliveiras e a Via Dolorosa — e em Belém, na Cisjordânia. Nessa cidade está localizada a Igreja da Natividade na qual Jesus nasceu, segundo a tradição cristã.
A prefeitura de Nazaré, cidade no norte de Israel que também costuma ser muito visitada nesta época, no último dia 14 havia decidido suspender as celebrações de Natal, em protesto contra a medida do presidente Trump. Mas voltou atrás poucos dias depois por pressão da população local. Vários eventos diários já tomam conta das ruas da cidade, como performances circenses, queima de fogos de artifícios e shows musicais.


Belém manteve festividades
Na segunda cidade mais procurada pelo turismo religioso nesta época do ano, porém, o clima é diferente. Alguns comerciantes de Belém se queixam do pouco movimento, especialmente no que diz respeito aos palestinos cristãos que costumam visitar a cidade na semana do Natal.
— Eles temem enfrentar problemas nas estradas em função das manifestações que estão acontecendo contra o anúncio dos americanos — afirma Mahmoud Salahat, proprietário de uma loja de sucos na praça central da cidade.
Ainda assim, o Ministro do Turismo da Autoridade Palestina, Jiries Qumsieh, divulgou que os hotéis de Belém, que oferecem cerca de 4 mil leitos, já estão próximos de 100% de ocupação.
Assim como em Nazaré, a agenda de festividades de Belém foi mantida.
— Não devemos permitir que a declaração incendiária de Trump atrapalhe a alegria dessa festa — frisa Xavier Abu Edi, conselheiro e coordenador de relações com a imprensa da Autoridade Palestina.
Belém, que já foi uma cidade cristã, hoje é predominantemente muçulmana. De acordo com as estatísticas oficiais, em 1950, 86% dos habitantes da cidade e seus arredores eram cristãos. Em 2016, a população cristã decresceu para 12%, ou seja, cerca de 11 mil habitantes. Ali são celebrados três natais — o católico, em 25 de dezembro; o ortodoxo russo, em 7 de janeiro; e o armênio, em 18 de janeiro —, que são considerados feriados nacionais para todos os palestinos.
Belém manteve festividades
Na segunda cidade mais procurada pelo turismo religioso nesta época do ano, porém, o clima é diferente. Alguns comerciantes de Belém se queixam do pouco movimento, especialmente no que diz respeito aos palestinos cristãos que costumam visitar a cidade na semana do Natal.
— Eles temem enfrentar problemas nas estradas em função das manifestações que estão acontecendo contra o anúncio dos americanos — afirma Mahmoud Salahat, proprietário de uma loja de sucos na praça central da cidade.
Ainda assim, o Ministro do Turismo da Autoridade Palestina, Jiries Qumsieh, divulgou que os hotéis de Belém, que oferecem cerca de 4 mil leitos, já estão próximos de 100% de ocupação.
Assim como em Nazaré, a agenda de festividades de Belém foi mantida.
— Não devemos permitir que a declaração incendiária de Trump atrapalhe a alegria dessa festa — frisa Xavier Abu Edi, conselheiro e coordenador de relações com a imprensa da Autoridade Palestina.
Belém, que já foi uma cidade cristã, hoje é predominantemente muçulmana. De acordo com as estatísticas oficiais, em 1950, 86% dos habitantes da cidade e seus arredores eram cristãos. Em 2016, a população cristã decresceu para 12%, ou seja, cerca de 11 mil habitantes. Ali são celebrados três natais — o católico, em 25 de dezembro; o ortodoxo russo, em 7 de janeiro; e o armênio, em 18 de janeiro —, que são considerados feriados nacionais para todos os palestinos.

Abu Edi confirmou que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, participará nos principais eventos festivos.
— A presença dele é a mensagem palestina de esperança e de coexistência entre árabes e cristãos. Temos muito orgulho de nossas celebrações. Estamos tentando fazer com que a decisão irresponsável dos Estados Unidos não destrua a alegria com que deve ser celebrado o Natal — destaca Abu Edi.
Em Jerusalém, visitantes relatam não sentir os efeitos da polêmica.
— Há muita propaganda no exterior sobre a tensão nesta região, mas ela não é perceptível ao turista dentro de Israel — conta a americana Phoebe Attia, que visitou o país quatro vezes nos últimos dez anos. — Não dá para comparar com o terrível clima de dezembro de 2015, época em que Israel sofria atentados diários.

Brasileiros continuam a chegar
O guia turístico brasileiro Marcio Kramer é um dos que estão com a agenda cheia neste período:
— Alguns clientes que ainda não chegaram ligaram para mim perguntando sobre a situação. Mas o turista brasileiro está acostumado a uma tensão em casa muito maior do que a que eventualmente se sente por aqui. A verdade é que não se percebe nas ruas a diminuição no fluxo de turistas estrangeiros, mas sim de israelenses — diz.
Kramer conduziu visitas, nos últimos dias, ao Monte das Oliveiras e ao Santo Sepulcro, em Jerusalém, e a Jericó, na Cisjordânia.
— Apenas nessa última nós vimos sinais dos protestos que haviam ocorrido um dia antes — acrescenta.

Um grupo de nove peregrinos filipinos que visitava as igrejas de Ein Kerem nesta semana — vilarejo nas vizinhanças de Jerusalém no qual teria nascido São João Batista, segundo a tradição cristã — incluiu apenas uma rápida passagem de duas horas por Belém.
— Não tivemos medo de vir para Israel, mas preferimos permanecer do “lado de cá”, que nos parece mais seguro — comenta uma das turistas.
Os palestinos realizaram diversos protestos nos últimos dias em diferentes locais da Cisjordânia, queimando pneus, arremessando pedras contra policiais e soldados, e montando barricadas em estradas. Militantes em Gaza lançaram mais de 15 foguetes em direção a Israel, sem provocar mortes. O exército de Israel retaliou, atacando pontos estratégicos utilizados pelo grupo Hamas.
Normalmente, 600 policiais atuam diariamente na segurança da Cidade Velha de Jerusalém. Esse número, segundo o porta-voz da polícia de Israel Micky Rosenfeld, triplica nos dias próximos ao Natal.
Além disso, as ruas do trajeto que liga Jerusalém a Belém são, como acontece todos os anos, fechadas entre os dias 24 e 25 para garantir a rapidez e a segurança dos ônibus que fazem essa rota ao longo de todo o Natal. O transporte é oferecido gratuitamente pela prefeitura de Jerusalém e o número de pessoas em circulação chega a dezenas de milhares nestes dias, relata Rosenfeld. Até o momento, não foi emitido nenhum alerta de segurança.
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