Bao Dandan - 22.ou.14/Xinhua | |
Jerome Powell, que substituirá Janet Yellen no comando do Fed, o banco central dos EUA |
ESTELITA HASS CARAZZAI - Folha de São Paulo
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou nesta quinta-feira (2) Jerome Powell como novo presidente do Fed (Federal Reserve), o banco central americano.
Powell, 64, que atualmente é um dos diretores do Fed, deve dar continuidade ao aumento lento e gradual das taxas de juros americanas,, à medida que a economia do país cresce —atualmente, estão na faixa de 1% a 1,25%.
A escolha deve impactar a economia brasileira, e positivamente, segundo analistas. Nos últimos dias, houve instabilidade na Bolsa e na cotação do dólar, na expectativa pelo anúncio.
"Estamos muito voláteis, para cima e para baixo. O anúncio de Powell dá uma acalmada nos mercados", diz Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.
A nomeação indica que "não há uma guinada no cenário" norte-americano, segundo Latif, o que deve diminuir a pressão cambial no Brasil.
Ao mesmo tempo, Powell demonstra simpatia à diminuição de algumas regras impostas aos bancos após a crise de 2008 —o que vai ao encontro da pauta anti-regulamentação do governo Trump.
"Mais regulamentação não é a melhor resposta para qualquer problema", disse Powell, em outubro.
Em breve discurso durante o anúncio, Powell declarou que a economia americana fez "progressos substanciais" desde a crise global e que o sistema financeiro do país está "muito mais forte e resiliente" do que antes.
Afirmou ainda que está pronto, como presidente do Fed, a trabalhar para responder a mudanças nos mercados.
Trump destacou que a escolha "é mais um passo para restaurar as oportunidades econômicas ao povo americano".
"Ele [Powell] sabe o que é preciso para fazer nossa economia crescer, e o que impulsiona o sucesso do país: inovação, trabalho duro e os sonhos do povo americano", afirmou o presidente.
CURRÍCULO
O novo nomeado para o Fed não é economista, mas advogado, e tem ligações profundas com o Partido Republicano.
Ele substitui a atual presidente do Fed, Janet Yellen.
Já foi sócio do Carlyle Group, uma sociedade de investimentos, e trabalhou como banqueiro de investimentos em Nova York.
Na administração pública, já foi subsecretário do Tesouro na gestão de George H. W. Bush, na década de 1990.
Apesar do bom desempenho da economia americana sob Yellen, a escolha de Trump também é um aceno para os republicanos, que pedem menos regulação nos mercados, algo a que Powell se mostra disposto a fazer.
O mandato de Yellen se encerra em fevereiro de 2018. É a primeira vez, desde 1979, que um presidente do Fed não é reconduzido ao cargo —embora Trump tenha afirmado que considera a atual presidente, a primeira mulher à frente do banco central americano, "excelente".
Apesar das diferenças, Powell deve dar continuidade à política monetária de sua antecessora. Como diretor do Fed, ele demonstrou apoio à decisão de elevar gradualmente as taxas de juros americanas.
A indicação de Powell ainda precisa ser confirmada pelo Senado.