Letícia Fernandes e Eduardo Barreto - O Globo
Com a decisão já acertada no ninho tucano de que Geraldo Alckmin vai assumir a presidência do PSDB, o presidente Michel Temer quer conversar com o governador de São Paulo para organizar a saída dos tucanos do governo, em especial a do ministro Antonio Imbassahy, que cuida da articulação política do governo. O presidente aguarda uma sinalização de Alckmin e de seus interlocutores para que a conversa aconteça o mais rápido possível, em Brasília ou em São Paulo.
— Temer quer conversar com Alckmin para organizar a saída do PSDB do governo. O principal interessado no assunto nesse momento é o próprio partido, então eles é que têm que pedir a conversa. Assim que for procurado, Temer terá o maior prazer em sentar para conversar com o governador. A ideia é fazer a saída da forma mais organizada e cortês possível — disse um interlocutor do presidente.
A ideia, segundo auxiliares de Temer, é que na conversa haja uma definição do melhor timing para que os ministros do PSDB deixem o governo. "Não é novidade para o presidente", dizem seus assessores, que Alckmin defende um desembarque rápido do governo. Com o acerto de que o governador de São Paulo vai comandar o partido, também "perde o sentido", dizem pessoas próximas a Temer, a ideia inicialmente ventilada de esperar passar a convenção do PSDB, que ocorre dia 9 de dezembro, para dar início à reforma ministerial. Como não haverá mais conflito no ninho tucano sobre quem vai assumir a presidência da legenda, essas trocas vão ocorrer assim que Temer e Alckmin conversarem.
— Sem o conflito de quem será o presidente do PSDB, não tem mais sentido esperar a convenção do partido para tirar os ministros. Agora é combinar com o Alckmin - afirmou um auxiliar de Temer.
O presidente, no entanto, quer evitar uma "descortesia" com Imbassahy, como ocorreu na semana passada, quando ministros palacianos e outros peemedebistas se anteciparam a Temer e anunciaram, antes da hora, a nomeação do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) para o cargo de Imbassahy. O movimento irritou o presidente, que repete sempre que gosta muito de Imbassahy e não quer que ele se sinta depreciado ou "saído" do governo.