Melhora da inadimplência, maiores
receitas de serviços e diminuição das
despesas administrativas e de pessoal
ajudam a explicar o ganho de R$ 4,8
bilhões entre julho e setembro;
apesar do avanço, ação do banco
fechou na mínima do dia, com queda
de 3,11%
Aline Bronzati, O Estado de S.Paulo
O banco Bradesco anunciou nesta quarta-feira, 1.º, um lucro líquido ajustado de R$ 4,810 bilhões no terceiro trimestre, expansão de 7,8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o ganho somou R$ 4,462 bilhões. Entre os fatores que influenciaram o resultado, a instituição citou a queda dos gastos com calotes de 33,4% em um ano, a melhora da inadimplência, maiores receitas de serviços e a diminuição das despesas administrativas e de pessoal.
Apesar de o resultado ter vindo acima do registrado no mesmo período de 2016, os dados não agradaram a analistas. O papel Bradesco PN fechou na mínima no pregão de ontem da B3 – Bolsa paulista –, com queda de 3,11%, enquanto a ação ON recuou 2,68%. Os analistas Eduardo Rosman e Thiago Kapulskis, do banco BTG Pactual, classificaram os números como “nada inspiradores”.
Segundo os analistas do BTG, a dinâmica dos números é similar à do Itaú Unibanco, com redução no volume de empréstimos, recuperação nas receitas com tarifas e boas performances na inadimplência e nos custos. Já os analistas Wesley Bernabé, Carlos Daltozo e Kamila Oliveira, do BB-BI, afirmaram que o Bradesco teve resultados “estritamente em linha” com a expectativa. Eles ressaltam que o banco ainda terá desafios pela frente, principalmente na integração das operações do HSBC Brasil, adquiridas este ano.
Crédito. A carteira de crédito total do Bradesco foi a R$ 486,9 bilhões ao fim de setembro. Na comparação anual, quando os empréstimos atingiram R$ 521,8 bilhões, a baixa foi de 6,7%. O destaque no período foi a carteira de crédito voltada à pessoa física que apresentou leve aumento de 0,1% no trimestre e de 0,7% em um ano, totalizando R$ 172,2 bilhões. Já os empréstimos para empresas encolheram 2,1% e 10,3%, respectivamente, para R$ 314,7 bilhões.
Apesar das quedas no acumulado de 2017, o banco espera cumprir as metas (guidances) definidas para o crédito para o fechamento do ano, de acordo com o vice-presidente do banco, Alexandre Gluher.
“O último trimestre é um pouco maior para a geração de negócios. A pessoa física já está mostrando crescimento e vemos a carteira de pessoa jurídica próxima de atingir a estabilidade. O guidance vai ser alcançado, mesmo que na parte inferior”, explicou o executivo, em teleconferência.
Gluher afirmou ainda que o aumento da inadimplência nas grandes empresas identificado no terceiro trimestre está relacionado a um caso específico e que o dado não preocupa. “A inadimplência das grandes corporações já bateu o pico entre setembro do ano passado e março deste ano. Vamos ver cenário com situações pontuais, mas a tendência é de queda.”
A inadimplência das grandes empresas passou de 1,52%, em junho, para 1,8%, em setembro. Em um ano, porém, houve queda de 0,2 ponto porcentual. “As empresas têm evoluído em termos de melhorar os seus balanços e se prepararem para a próxima fase de crescimento, mas ainda estamos sujeitos a alguns impactos”, ponderou o diretor de relações com o mercado, Carlos Firetti.
Ativos e patrimônio. Os ativos totais do Bradesco somaram R$ 1,31 trilhão no terceiro trimestre. Na comparação com o mesmo período de 2016, quando totalizavam R$ 1,27 trilhão, houve expansão de 3,3%. O Bradesco encerrou o terceiro trimestre com patrimônio líquido de R$ 110,3 bilhões, aumento de 11,9% em 12 meses.