quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Balança comercial registra novo recorde

Lorenna Rodrigues, O Estado de S.Paulo

Com a demanda externa aquecida e os preços internacionais favorecendo produtos brasileiros, as vendas ao exterior superaram as importações em US$ 5,2 bilhões em outubro, o melhor resultado para o mês da série histórica, que tem início em 1989.
Em outubro, as exportações somaram US$ 18,9 bilhões, alta de 31,1% ante outubro de 2016 e o maior crescimento mensal do ano.
Com isso, o valor que o País vendeu ao exterior de janeiro até o mês passado (US$ 183,4 bilhões) praticamente igualou o montante exportado em todo o ano de 2016 (US$ 185,2 bilhões).
Exportação perde força, e importados voltam a ganhar espaço no mercado nacional
As importações registraram alta de 14,5%, somando US$ 13,676 bilhões. Foto: Rafael Arbex/Estadão - 9/6/2017

O valor alcançado em 2017 já supera em US$ 30 bilhões as exportações do mesmo período do ano passado. “Isso foi motivado pela safra recorde de grãos e pelas vendas de minério de ferro e petróleo, entre outros produtos”, afirmou o diretor de Estatísticas e Apoio às Exportações do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), Herlon Brandão, destacando o aumento nas vendas de minério de ferro e petróleo bruto e de carne de frango in natura e milho.
As importações também registraram alta, de 14,5%, somando US$ 13,676 bilhões. Houve crescimento nas compras de bens de capital em outubro pelo terceiro mês consecutivo (18,7%), o que não acontecia desde 2013. “Isso está em consonância com o crescimento da produtividade industrial, é um sinalizador de melhora da economia e da atividade econômica”, completou Brandão.

No ano, a balança está no azul em US$ 58,5 bilhões, também o maior resultado da série para o período. Na semana passada, o governo aumentou a previsão oficial para o superávit do ano de US$ 60 bilhões para de US$ 65 bilhões a US$ 70 bilhões.
Para o economista-chefe da Lopes Filho & Associados, Julio Hegedus Netto, a alta verificada nas exportações e importações indica que a economia engatou um maior ritmo de dinamismo. “Vemos uma economia que está retomando, não um fato isolado ou algum negócio pontual que está distorcendo o resultado. Está ocorrendo um aumento de intensidade em toda a corrente comercial”, afirmou o economista. 
Para 2018, os economistas projetam um saldo menor do que neste ano. De acordo com a economista do Credit Suisse, Iana Ferrão, isso reflete o maior crescimento da economia, que deve elevar as importações, a queda da safra agrícola e a redução esperada nos preços de alguns produtos, como minério de ferro.
Minério. Enquanto o Congresso discute taxar exportações de minérios para cobrir perdas de Estados com a desoneração de ICMS, como noticiou ontem o Estadão/Broadcast, Brandão, ressaltou que o Brasil não tem tradição de taxar produtos exportados. Ele disse desconhecer a discussão em curso no Legislativo.
A proposta incluída no relatório do projeto que regulamenta os repasses da chamada Lei Kandir, apresentado terça-feira pelo senador Wellington Fagundes (PR-MT) na comissão mista criada para discutir o tema, é taxar as exportações de minério brasileiras em até 30%. O relatório deverá ser votado na próxima semana. / COLABORARAM CAIO RINALDI E ALTAMIRO SILVA JUNIOR