quarta-feira, 10 de maio de 2017

Será o fim da máquina de dinheiro da Apple?

Jeff Sommer - The New York Times


Em setembro deste ano, Apple deve ‘repaginar’ iPhone por ocasião dos dez anos de lançamento da 1ª versão
Em setembro deste ano, Apple deve ‘repaginar’ iPhone por ocasião dos dez anos de lançamento da 1ª versão

Grandes coisas é o que esperamos da companhia mais valiosa do planeta. A Apple, cuja capitalização de mercado está próxima de US$ 800 bilhões (ler mais ao lado) é a maior do mundo, vem atendendo às essas expectativas, mas de maneira sofrível. No futuro, isso poderá virar uma dor de cabeça para os investidores.
Apesar de as ações baterem recordes, as vendas da companhia são regulares e novos aparelhos que poderiam mudar as regras do jogo, além da reformulações no iPhone, não estão previstos. “A Apple está acomodada numa via de crescimento prosaico, normal”, disse em nota a consultoria Edson Investment Research, resumindo a reação do mercado ao último balanço financeiro da Apple, divulgado na semana passada.
Em resumo, depois de um recuo em 2016, a Apple voltou a crescer no final do ano e assim continuou nos primeiros três meses de 2017, mas não muito. A receita do primeiro trimestre foi 5% maior que no mesmo período de 2016 – um desempenho respeitável, mas não assombroso, que não restaurou sua reputação perfeita de “companhia que cresce”.
Ainda assim, o preço das ações da Apple subiu na semana passada, depois de um aumento de mais de 28% este ano. A companhia gera lucros numa escala quase inconcebível. Então, qual é o problema? O fato é que a posição da companhia no mercado de ações tem se baseado em grande parte num pequeno objeto que vem envelhecendo: seu iPhone. O mercado aguarda um vigoroso rejuvenescimento do iPhone em setembro, quando ele completa 10 anos. Se isso acontecer, provavelmente estimulará grandes vendas, pelo menos durante um período. O aguardado redesenho do iPhone também ajudará na valorização da sua ação nos próximos meses.
Mas por quanto tempo o iPhone produzirá sua mágica financeira? A Apple lançará alguma outra invenção com potencial monetário surpreendente?
Pode parecer injusto criticar a empresa diante das suas realizações no campo tecnológico e sua posição financeira. A Apple fabrica produtos úteis e confiáveis – e também caros. Mas, independente da relação das pessoas com os aparelhos, o fato é que a empresa há anos não lança nada que possa mudar a paisagem do mundo da tecnologia. 
A empresa pode não ser mais uma máquina de crescimento, mas ainda é extraordinária, diz Aswath Damodaran, professor de Finanças da Universidade de Nova York, que tem analisado o faturamento da companhia desde 2010. Independente do que ocorra, a Apple produz volumes enormes de dinheiro com a regularidade de um metrônomo.
“A Apple é o maior caixa eletrônico em termos de empresa”, disse ele. “Temos de valorizar esse desempenho surpreendente. O problema é que (ela) não vem crescendo muito. O crescimento tem sido lento.”
Na semana passada, a companhia forneceu novos detalhes do tamanho do seu “caixa eletrônico”. Em apenas três meses, depois de pagas as despesas, investimentos e acionistas, o já colossal volume de dinheiro da companhia e os títulos negociáveis cresceram mais US$ 10,8 bilhões, atingindo US$ 256,8 bilhões. Esse montante é maior que o valor de qualquer outra empresa americana, exceto Microsoft, Alphabet, Facebook, Exxon Mobil, Johnson & Johnson, Berkshire Hathaway e JP Morgan, de acordo com Howard Silverblatt, analista na S&P Down Jones Indices.
A Apple tem dinheiro suficiente para comprar a General Electric ou a Wells Fargo, ou a AT&T. Há rumores que ela fará uma grande aquisição: empresas como Netflix, Disney, Hulu e Tesla, estão nas listas dos analistas. Mas há poucos indíciosde que, no momento, a Apple pretenda fazer grandes aquisições.
/TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO