segunda-feira, 1 de maio de 2017

Marcelo Odebrecht aconselha Palocci sobre delação premiada. Organização criminosa do Lula, dentro e fora do xadrez

Rodolfo Buhrer/Reuters
Antonio Palocci (front), former finance minister and presidential chief of staff in recent Workers Party (PT) governments, is escorted by federal police officers as he leaves the Institute of Forensic Science in Curitiba, Brazil, September 26, 2016. REUTERS/Rodolfo Buhrer ORG XMIT: BRA103
Antonio Palocci, ex-ministro, preso pela Operação Lava Jato


Bela Megale - Folha de São Paulo

Há alguns dias, o ex-ministro petista Antonio Palocci entrou na cela de Marcelo Odebrecht, na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, falando em italiano. Minutos depois, os dois riram. Assim como a dupla, os companheiros que estavam ao lado caíram na gargalhada, segundo relatos obtidos pela Folha.

A brincadeira, que se tornou comum entre os dois presos da Lava Jato, é uma referência ao codinome "italiano" dado ao petista na Odebrecht em operações que envolviam repasses de propina e caixa dois.

Não é raro Palocci se dirigir ao herdeiro da Odebrecht, usando palavras do idioma e dizendo, em tom de brincadeira, que não é o italiano.

Os dois convivem desde setembro, quando Palocci foi preso. Naquela época, Marcelo estava detido havia um ano e três meses.

No início, foram mantidos em alas separadas e tinham horários de banho de sol distintos. Se esbarravam raramente, quando iam falar com advogados no parlatório.

O motivo da separação, segundo integrantes da PF, era o acordo de delação que o empreiteiro negociava com procuradores, e que foi homologado em janeiro deste ano.

Semanas depois, com o acordo encaminhado, o contato passou a ser mais frequente e os dois foram colocados na mesma ala. Desde então, têm rotina em comum que inclui divisão de tarefas "domésticas", como limpeza da cela e do banheiro, além de fazerem refeições juntos.

Marcelo, segundo a Folha apurou, passou dar conselhos ao ex-ministro sobre a linha de defesa que deveria adotar, sendo cada vez mais enfático que a sua única saída seria o acordo de delação.

Quando Palocci se mostrou aberto à possibilidade, Marcelo teria sugerido que tentasse colocar a PF na negociação.

O petista não só passou a negociar a delação como teve a primeira reunião com procuradores sentado à mesa juntamente com um delegado da PF, há pouco mais de um mês.

Três pessoas que frequentam a carceragem de Curitiba relataram que viram o empreiteiro se dirigir a advogados do petista e afirmar que estavam prejudicando o cliente quando perguntavam a testemunhas da Odebrecht, diante do juiz Sergio Moro, se Palocci era o "italiano".

Em 20 de abril, o petista disse a Moro que estava disposto a falar nomes e operações que interessariam à Lava Jato.