terça-feira, 16 de maio de 2017

Dólar cai pela 6ª sessão e vale R$ 3,09; Bolsa passa a cair com JBS

Rennan Setti - O Globo


 
O dólar comercial cai pela sexta sessão consecutiva nesta terça-feira, recuando 0,45%, a R$ 3,094. Na mínima, a divisa valeu R$ 3,089. O câmbio local acompanha o desempenho da divisa americana em escala global, em mais um dia de valorização do petróleo no mercado internacional e divulgação de dados abaixo do esperado sobre o setor imobiliário dos Estados Unidos. Por aqui, influencia o início da rolagem dos contratos de “swap cambial” (operação que equivale à venda de dólares no mercado futuro) que venceriam em junho. Na Bolsa, depois de abrir em alta, o índice acionário de referência Ibovespa cai agora 0,44%, aos 68.180 pontos, interrompendo cinco pregões de valorização. O tombo de quase 7% das ações da JBS, após divulgação de resultado, é a principal influência negativa no pregão.

— Esse comportamento do câmbio resulta de um somatório de fatores sobretudo externo. Primeiro, o risco político na Europa diminuiu por causa da eleição de Emmanuel Macron na França. Nos EUA, dados sobre o varejo publicados na última semana e, hoje, de construção de casas geram dúvidas sobre o ritmo de elvação de juros pelo Federal Reserve. Além disso, o vazamento de dados sigilosos por Trump pode enfraquecer seu capital político para implementar seu plano de expansão fiscal. Por fim, as commodities pararam de cair — explicou Mauricio Oreng, estrategista-sênio do Rabobank.

O índice Dollar Spot, da Bloomberg, que mede a força do dólar frente a dez moedas, tem baixa de 0,6%. No mercado de petróleo, os contratos futuros sobem ainda em reação à proposta de Arábia Saudita e Rússia em estender o programa de corte na produção até março de 2018. O barril do tipo WTI sobe 0,31%, valendo US$ 49,01.

A sessão de ontem apresentou uma inflexão de otimismo, com a probabilidade de um corte de 1,25 ponto percentual na Selic na próxima reunião do Copom, no fim do mês, subindo a 76% diante dos dados mais recentes de inflação e atividade. Em relatório, o Itaú Unibanco divulgou ontem previsão de que o corte será dessa magnitude. Já o BofA Merrill Lynch espera corte ainda mais intenso, cortando sua previsão de 9% para 7,5% ao fim de 2017, com mais dois cortes de 1,25pp e depois de 0,75pp e 0,50pp nos encontros de setembro e outubro.

Como resultado, os juros futuros caem. As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) operam em baixa. O DI para janeiro de 2019 cai de 8,85% para 8,77%, enquanto o DI para 2021 cai de 9,6% para 9,47%.

Com a escalada do otimismo nos últimos dias, o risco-país medido pelo CDS (credit default-swap, espécie de seguro contra calote) caiu ontem abaixo dos 200 pontos, o que não acontecia desde janeiro de 2015, quando o Brasil ainda tinha o chamado grau de investimento. Hoje, o contrato é negociado aos 196 pontos.

Na agenda desta terça-feira está a divulgação sobre a abertura de vagas no mercado formal de trabalho, que voltou a contratar em abril e registrou no mês saldo líquido (admissões menos demissões) positivo de 59.856 postos. No mesmo período do ano passado, o resultado foi negativo com 62.844 contratações. Esse foi o segundo mês de geração de empregos em 2017.

Puxam para baixo o desempenho da Bolsa brasileira as ações da JBS, que despencam 6,39% (R$ 10,10) após a companhia ter divulgado seu balanço financeiro para o primeiro trimestre. Embora a companhia tenha registrado lucro líquido de R$ 422,3 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 2,7 bilhões em igual período do ano passado, o resultado foi considerado fraco por analistas sobretudo por causa do desempenho da empresa na América do Sul, cujo cenário é considerado “desafiador” pela próprio JBS.

Já os frigoríficos Minerva caem 3,37%, depois de funcionário da Polícia Federal informar a jornalistas que a empresa está entre as citadas em nova investigação sobre supostos subornos a trabalhadores do Ministério da Agricultura.

A Petrobras também cai, recuando 1,35% (ON, a R$ 15,97) e 0,82% (PN, a R$ 15,55). A Vale, por outro lado, sobe, avançando 0,78% (ON) e 1,07% (PNA). O minério de ferro subiu 0,61% na China, valendo US$ 61,17.