Foto de Acervo/Folhapress | |
O compositor, cantor e instrumentista Cartola
Folha de São Paulo
Em cartaz até 28 de maio, "Cartola: O Mundo é um Moinho" tem lotado o Teatro Carlos Gomes. É mais um musical-homenagem que repassa momentos da vida do artista, fórmula um tanto gasta, mas ainda infalível.
No fundo, a plateia quer ouvir grandes canções —e, tratando-se do divino compositor de Mangueira, isso é fácil.
Incrível como Cartola ainda hoje guarda surpresas. Outro dia tive a sorte de descobrir uma "inédita" dele. "Consideração", parceria com Heitor dos Prazeres gravada por Beth Carvalho em 1980, é um samba-canção clássico.
Ouçam.
Seus dois primeiros discos individuais —lançados em 1974 e 1976 pela Marcus Pereira e produzidos, respectivamente, por João Carlos Botezelli, o Pelão, e por Juarez Barroso— estão voltando às lojas em vinis de 180 gramas.
O time de músicos —comandado pelo maestro Horondino Silva, o Dino Sete Cordas— é impressionante: Meira, Canhoto, Copinha, Raul de Barros, Abel Ferreira, Marçal, Wilson Canegal, o fagote de Airton Barbosa e o violão do novato Guinga no primeiro registro de "O Mundo é um Moinho".
Como se fora pouco, ele acaba de virar personagem da literatura argentina. No romance "1982" —história de amor entre madrasta e enteado passada no tempo da Guerra das Malvinas— o avô do personagem principal é um jazzista que rodou o mundo e tocou com Cartola e Django Reinhardt.
O escritor Sergio Olguín, em visita ao Rio para a Bienal do Livro de 2015, aproveitou para fugir da programação oficial e foi ao Trapiche Gamboa. Ao ouvir a música do brasileiro pela primeira vez, apaixonou-se na hora. "É maravilhosa", garante Olguín.
Um dos pais fundadores do samba moderno, cantor rústico, violonista intuitivo, letrista inspirado, melodista surpreendente, Cartola é quase unanimidade. O "quase" vai na conta de Caetano Veloso, que prefere Nelson Cavaquinho.
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