domingo, 7 de maio de 2017

Boca-de-urna indica que Macron ganhou com cerca de 64% dos votos; é a 2ª maior vitória da história

Andrei Netto - O Estado de S.Paulo

Ex-ministro da Economia teria vantagem sobre a nacionalista, com entre 62% e 64% dos votos, a segunda maior vitória da história contemporânea do País; extrema direita naufraga na reta final, mas deve ter votação recorde



Pesquisas de boca-de-urna sobre as eleições na França indicam a tendência de vitória do ex-ministro da Economia Emmanuel Macron na disputa pela presidência. Embora os veículos franceses não possam divulgar projeções antes das 20h - 15h de Brasília -, institutos consultados pela rede de TV RTBF, da Bélgica, indicam que a vitória do candidato En Marche (centro-esquerda) deve ficar entre 62% e 64% dos votos, longe da nacionalista Marine Le Pen, do partido de extrema direita Frente Nacional, que ficaria com entre 36% e 38% dos votos.  
As principais pesquisas de boca-de-urna, entretanto, só serão divulgadas pelos veículos de informação da França a partir das 20h. 

Foto: Jean-Paul Pelissier/ Reuters
Emmanuel Macron derotou Marine Le Pen nas eleições presidenciais francesas
Segundo boca de urna, Emmanuel Macron, do movimento En Marche!, de centro-esquerda, derrotou Marine Le Pen, da Frente Nacional, de extrema direita

O segundo turno das eleições presidenciais na França tem participação inferior à do primeiro turno e ao pleito de 2012. Conforme dados parciais do Ministério do Interior publicados às 17h - 12h em Brasília, 65,3% dos 47 milhões de franceses aptos a votar haviam exercido seu direito. Essa perspectiva já vinha sendo evocada por institutos de pesquisa e por analistas políticos, que apontavam a alta taxa de abstenção ou de eleitores que votariam em branco ou anulariam, em lugar de escolher entre o centrista Emmanuel Macron (En Marche!) e a nacionalista Marine Le Pen (Frente Nacional).
No primeiro turno, a participação foi de 69,42%, no mesmo horário. O percentual também é menor que nas eleições de 2012, quando 71,96% dos eleitores inscritos haviam votado às 17h. Um eventual índice alto de abstenção era uma das possibilidades evocadas por analistas políticos neste segundo turno - e uma realidade que poderia favorecer Marine Le Pen, da extrema-direita. 
Os dois finalistas da eleição já votaram. Macron compareceu a uma seção do balneário de Touquet, em Pas-de-Calais, no extremo norte da França. Acompanhado na mulher, Brigitte, o candidato social-liberal aproveitou a multidão que o esperava para cumprimentar os eleitores. Marine Le Pen, por sua vez, votou em Hénin Beaumont, também no norte do país. Pouco antes de seu voto, a organização Femen realizou um protesto na cidade - um bastião da Frente Nacional no País -, estendendo uma faixa contra a candidata. As militantes foram detidas pela polícia. 
Não houve nenhuma declaração pública de parte dos candidatos porque a lei eleitoral impede manifestações via imprensa nas últimas 32 horas antes da abertura das urnas.

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Outro que também votou pela manhã foi o presidente François Hollande, que encerrará o mandato de cinco anos dentro de oito dias. O chefe de Estado esteve na cidade de Tulle, seu distrito político, e aproveitou para conversar bastante com os eleitores. " Meu sucessor terá, com sua própria visão, suas próprias proposições, a continuar a marcha ", afirmou Hollande ao deixar sua seção eleitoral.
Até o final da tarde, o dia de eleição se desenrolou sem sobressaltos, com exceção da evacuação dos jornalistas que se localizavam em uma sala de imprensa organizada pelo partido En Marche no interior do Museu do Louvre. De acordo com a polícia, uma inspeção de rotina teve de ser realizada, o que obrigou os repórteres que já se concentram à espera da festa da vitória de Emmanuel Macron a se retirarem.
O local da festa da vitória é um dos focos de preocupações do Ministério do Interior, que coordena a polícia na França. Se de fato vencer a eleição, Emmanuel Macron pretende festejar na esplanada em frente ao museu do Louvre. Já Marine Le Pen vai esperar os resultados em um restaurante de Paris.
Como no primeiro turno, a houve forte mobilização de forças de segurança. Nada menos de 50 mil policiais e militares estão nas ruas para proteger os eleitores e as equipes dos dois candidatos, que foram ameaçados pelo grupo terrorista Estado Islâmico em publicação feita nas redes sociais. A eleição é realizada em Estado de emergência - regime de exceção que reforça os poderes da Justiça, do Ministério Público e da Polícia -, em vigor desde os ataques terroristas de 13 de novembro de 2015.
Além do terrorismo, a possibilidade de protestos violentos também é uma preocupação, a exemplo do que aconteceu no primeiro turno. Um protesto da extrema-esquerda foi marcado para nesta segunda-feira na Praça da República, na capital. 
A posse do futuro presidente da França vai acontecer nos próximos dias, em data a ser marcada entre a quinta-feira e o domingo. 
Pesquisas indicam que Macron deve vencer com folga, com cerca de 20 pontos percentuais de diferença em relação à concorrente. O resultado das sondagens de boca-de-urna, que são muito precisas na França, serão divulgadas às 20h no horário francês, 15h no Brasil.