quarta-feira, 17 de maio de 2017

Alegar perseguição é manobra na política, diz Dallagnol, coordenador da Lava Jato

Theo Marques - 26.abr.2017/Folhapress
Curitiba, Parana, Brasil, 26-04-2017, 15h00 - Entrevista com o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da forca tarefa da operacao Lava Jato no Ministerio Publico Federal. Deltan lanca hoje o livro "A Luta Contra a Corrupcao", sobre os tres anos de atuacao nos casos investigados na operacao. (Foto: Theo Marques/Folhapress - FSP-PODER)
O procurador da República Deltan Dallagnol

Folha de São Paulo

O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, afirmou nesta terça-feira (16) que alegar "perseguição política" durante processos é uma manobra no mundo político para tirar o réu do foco.

Sem mencionar o ex-presidente Lula, que usou mesmo argumento em seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, ele disse que o objetivo é deslegitimar a operação junto à população.

"No mundo político, quando as provas são fortes, as investigações são cuidadosas, a pessoa pega [o discurso de] perseguição política. São as manobras que ele tem para tirar ele próprio do foco. 'Não sou eu. É uma perseguição política. Não sou eu. É uma série de abusos que estão sendo cometidos'", disse Deltan em entrevista ao jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira no Teatro Leblon para o lançamento de seu livro "A luta contra a corrupção".

"Por que começa a discussão sobre supostos abusos? Porque sabem que a única proteção que a Lava Jato tem são vocês. E que a hora em que vocês colocarem o pé atrás em relação a operação, eles conseguem fazer uma rachadura nesse escudo que são vocês, e passam por cime da operação. Essa narrativa acaba pegando. É a estratégia do [ministro da Propaganda nazista, Joseph] Goebbels. Uma mentira repetida mil vezes começa a parecer verdade", afirmou ele a uma plateia de cerca de 300 pessoas que lotaram o teatro.

O ingresso foi a compra do livro.

Dallagnol não quis comentar o único erro apontado por Gabeira na operação, a apresentação de PowerPoint em que apontava Lula como o centro da corrupção investigada.

"Vou me reservar ao direito de ficar calado", disse, para risos da plateia.