O Estado, especialmente o democrático, pode
conduzir investigações sigilosas a partir de
indícios de crimes. Uma vez que vazam
informações do que está sendo apurado,
quem está sob investigação tem o direito
de tentar saber do que está sendo acusado.
João Santana, marqueteiro do PT, encaminhou nesta sexta ao juiz Sérgio Moro uma petição pedindo acesso a uma investigação que apura se ele recebeu no exterior recursos da Odebrecht. A Polícia Federal estaria no encalço das finanças de Santana em vários países, inclusive na Suíça.
Sem nenhuma ironia, acho que o pedido é procedente. O Estado, especialmente o democrático, pode conduzir investigações sigilosas a partir de indícios de crimes.
Uma vez que vazam informações do que está sendo apurado, quem está sob investigação tem o direito de tentar saber do que está sendo acusado.
Alguém poderia dizer: “Ah, mas pessoas envolvidas na cadeia criminosa podem apagar provas”. É, mas, se houver gente com instrumentos e predisposição para fazê-lo, a esta altura, com o vazamento, já está com a mão na massa.
Não pensem que esses vazamentos selecionados sempre colaboram com a investigação. Com alguma frequência, atrapalham. Mas guardar sigilo não é tarefa da imprensa. Quem deve fazê-lo, quando é o caso, são as autoridades.