segunda-feira, 30 de março de 2015

Tesoureiro investigado pela Lava-Jato falta à reunião da direção do PT com Lula

SÉRGIO ROXO E JULIANNA GRANJEIA - O Globo

João Vaccari Neto é acusado de integrar esquema de corrupção na Petrobras e Tarso Genro defende seu afastamento



O ex-presidente Lula na reunião da executiva nacional do PT, em São Paulo - Fernando Donasci / Agência O Globo


Acusado pelo Ministério Público de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, não participou nesta segunda-feira de reunião da comissão executiva do PT, da qual fez parte, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro, que reuniu também os presidentes do partido nos estados, teve início às 15h30 em um hotel de São Paulo.

Vaccari tem sido pressionado por lideranças petistas para deixar o cargo. O PT do Rio Grande do Sul chegou a enviar um documento à executiva nacional reivindicando o afastamento do dirigente. O grupo Mensagem ao Partido, que representa a segunda força dentro do PT, também defende a saída do tesoureiro. Vaccari, no entanto, tem contado com o respaldo do presidente nacional da legenda, Rui Falcão.

Publicamente, o ex-presidente Lula também defende Vaccari. O tesoureiro chegou a ser aplaudido em dois encontros do partido desde o final do ano, quando ficaram mais fortes as denúncias de sua suposta participação em um esquema de distribuição de propinas a partidos políticos por parte de empresas contratadas pela Petrobras.

Depois de participar pela manhã de um encontro com Lula e o futuro ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, o ex-governador Tarso Genro defendeu publicamente a saída do tesoureiro. Tarso é um dos fundadores da Mensagem ao Partido.

—Se ele foi denunciado e se a denúncia foi aceita, como é a informação que temos, o partido deve pedir para que ele se afaste. E se ele não se afastar, afastá-lo preventivamente— afirmou o ex-governador.

CRISE NO GOVERNO

Na chegada ao hotel onde se reúne a comissão executiva do PT, o assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou que o partido enfrenta um cenário como se a oposição tivesse ganhado a eleição.

— Nós estamos vivendo uma situação paradoxal. Ganhamos a eleição com uma narrativa que a campanha teve capacidade de fazer, a presidente Dilma Rousseff como candidata assumiu de forma muito corajosa, explícita. Pouco depois da sua eleição, passamos a viver uma situação como se quem tivesse ganhado fosse a oposição e não o governo. Esse é um tema sobre o qual temos que nos debruçar— afirmou Garcia. (Colaborou Stella Borges, estagiária, sob supervisão de Flávio Freire).