Agência de classificação de risco diz que houve melhora no desempenho macroeconômico e fiscal do País acima do esperado
A agência de classificação
de risco Fitch anunciou
hoje, 26, que elevou o rating
soberano do Brasil,
de BB- a BB, com
perspectiva estável, dois
degraus abaixo do cobiçado
Segundo a agência, a
mudança reflete “um
desempenho
macroeconômico e fiscal
melhor que o esperado”,
em meio a “choques
sucessivos em anos recentes”,
com políticas proativas e
reformas que têm apoiado
isso.
Há pouco mais de um mês
a Standard & Poor’s já
havia feito um movimento
de revisão das notas do
Brasil. Na ocasião, a
agência alterou a perspectiva
de rating do Brasil de estável
para positiva, o que não
ocorria desde 2019. Rating
é uma nota dada a países
emissores de títulos em
relação a capacidade de
pagamento de cada um.
Apesar da melhora, a nota
do Brasil ainda indica nível
especulativo. Na Fitch, a
partir da nota BBB-, o País
já pode reconquistar o selo
de bom pagador com o
grau de investimento.
.
Em 2008, no segundo
mandato do governo Lula,
o Brasil conseguiu a tão
sonhada nota, que abre
portas para receber uma
série de investimentos
de peso. Em 2015, durante
o governo Dilma Rousseff,
o País perdeu o grau de
investimento em meio a
uma série de crises
internas, como a Operação
Lava Jato, recessão
econômica e aumento do
endividamento.
Mas o cenário começa a
mudar lentamente. No
comunicado da Fitch, ela
cita também a “expectativa
de que o novo governo
trabalhará por mais
melhoras”. Mesmo em meio
a “tensões políticas” desde
o rebaixamento de 2018,
o Brasil alcançou
“progresso” em reformas
importantes para lidar com
“desafios econômicos e
fiscais”, considera a Fitch.
Apesar de o novo governo
de Luiz Inácio Lula da Silva
promover um distanciamento
da agenda econômica liberal
de governos anteriores, a
agência espera
“pragmatismo” e que freios
e contrapesos institucionais
mais amplos impeçam
desvios “radicais” nas
frentes macro e
microeconômicas Fitch
argumenta que a posição
fiscal do País se deteriora
em 2023, após melhora
anterior, mas ela espera
que as novas regras
fiscais e medidas
tributárias ancorem uma
“consolidação gradual”.
Ela projeta ainda que a
relação entre dívida e PIB
do País cresça, mas a um
ritmo mais lento e de um
ponto de partida muito
melhor que o antes previsto..
A agência vê os ratings
do Brasil apoiados por “sua
economia grande e diversa”,
renda per capita elevada, e
por mercados domésticos
arraigados e um grande
colchão financeiro, que
apoiam a flexibilidade do
financiamento soberano
e sua parcela elevada de
dívida em moeda local”.
O comunicado diz ainda
que os ratings são apoiados
por capacidade de absorver
choques, baseada por um
câmbio flexível, reservas
internacionais “robustas” e
uma posição de credor
externo líquido soberano.
Por outro lado, eles são
contidos pela alta dívida
do governo, pela rigidez
fiscal, pelo potencial de
crescimento “fraco” e por
métricas de governança
“relativamente baixas”.
Junto com a elevação do
rating, a Fitch reviu a
previsão de crescimento
do Brasil em 2023 de 0,7%
para 2,3%. A explicação é
que a atividade econômica
segue amparada pelo
bom volume de produção
agrícola, pelo mercado de
trabalho aquecido, pelo
crescimento do crédito e
pelos gastos do governo.
Esses fatores agem em
contraponto ao
resfriamento do consumo
causado pela política
monetária restritiva, diz
a agência.
Para 2024, a previsão da
Fitch é de que o ritmo de
crescimento do Brasil
diminua para 1,3%, dada
a expectativa de
normalização da produção
agrícola, e nos anos
seguintes a projeção é de
que a taxa de expansão
da economia convirja a 2,0%.
A agência apontou que o
governo espera um
crescimento de 2,6% para
a economia brasileira no
médio prazo, mas
considera que “ainda não
está claro se será possível
avançar com uma agenda
econômica suficientemente
potente” para alcançar este
objetivo.
Por Gabriel Bueno da Costa e Sergio Caldas, Estadão