sexta-feira, 28 de julho de 2023

Jair Bolsonaro recebeu do cidadão brasileiro mais de R$ 17 milhões em Pix em 2023, diz relatório do Coaf. A grana serve para pagar multas aplicadas pelo 'consórcio'


DOCUMENTO PRODUZIDO PELO CONSELHO DE CONTROLE DE ATIVIDADES FINANCEIRAS (COAF) MOSTROU AS MOVIMENTAÇÕES NA CONTA DO EX-PRESIDENTE


BandNewsFM

 

O ex-presidente da República 

Jair Bolsonaro (PL) recebeu

 R$ 17,1 milhões em suas 

contas por meio de 

transferências bancárias 

realizadas por Pix entre os 

dias 1º de janeiro e 4 de 

julho deste ano. A 

informação foi registrada 

em relatório do Conselho 

de Controle de 

Atividades Financeiras 

(Coaf), que também 

apontou que esse valor 

foi movimentado através 

de 769 mil transações 

feitas para a conta do

 ex-presidente efetuadas 

em seis meses de janeiro

 a julho deste ano.


O valor corresponde 

quase à totalidade do 

valor que circulou nas 

contas de Bolsonaro em 

2023: R$ 18.498.532. 


Explicação para os 

valores é a vaquinha 

promovida por cidadãos 

brasileiros para pagar 

multas processuais

aplicadas pelo 'consórcio'. 


(Multas aplicadas pela

mesma 'justiça' que proibiu

o então presidente de

afirmar que Lula é 

ladrão, condenado a mais

de 20 anos de cadeia. E 

cúmplice de ditadores.)


O relatório do

 Coaf registra ainda 

R$ 3,6 mil repassados a 

Walderice Santos da 

Conceição, a Wal do Açaí. 

A Procuradoria da República 

no Distrito Federal apontou

 Wal do Açaí como 

‘funcionária fantasma’ de 

Bolsonaro por mais de 

15 anos.

Outra empresa que aparece

 citada no relatório é a 

Bolsonaro Digital, uma 

empresa registrada em 

nome da família Bolsonaro. 

Na Receita Federal, ela

tem como sócios o 

ex-presidente e seus três 

filhos Carlos, Eduardo e 

Flávio. O ex-presidente 

declarou cotas da 

Bolsonaro Digital à 

Justiça Eleitoral.


Os registros bancários 

feitos pelo Coaf indicam 

que parte dos recursos 

arrecadados por meio do

 Pix teriam sido 

convertidos em aplicações

 financeiras. 


O ex-presidente tem

 evitado falar publicamente

 sobre o valor arrecadado

 na campanha. No dia 26

 de junho, ele disse apenas 

que já havia levantado 

o suficiente para pagar 

suas 'condenações' 

processuais. “A massa 

contribuiu com valores 

entre R$ 2 e R$ 22. 

Foi voluntário”, disse 

Bolsonaro na época, 

prometendo abrir os 

valores “mais para frente”


O relatório do Coaf 

mostrou que 18 pessoas 

- advogados, empresários,

militares, agricultores, 

pecuaristas e estudantes - 

pagaram entre R$ 5 mil e

 R$ 20 mil ao ex-presidente. 

Além delas, há três 

empresas. Uma delas fez 

62 transferências que 

totalizam R$ 9,6 mil.


O documento foi enviado 

à CPI do 8 de janeiro

Depois que deixou a 

presidência da República, 

Bolsonaro assumiu o 

cargo de presidente de 

honra do PL, pelo qual 

recebe um salário de 

R$ 39 mil.


Ele também recebe uma 

aposentadoria do Exército

 e outra da Câmara dos 

Deputados. Assim, entre 

aposentadorias e salários, 

Bolsonaro ganha mais

 de R$ 75 mil por mês.

Relembre a ‘vaquinha’

A campanha de doações 

para o ex-presidente 

começou depois do 

julgamento do Tribunal 

Superior Eleitoral (TSE) 

que o deixou inelegível. 

Parlamentares do PL, 

sigla de Bolsonaro, 

foram os que mais 

movimentaram a 

campanha.


No dia 24 de junho, os 

deputados federais 

Nikolas Ferreira (PL-MG), 

Mário Frias (PL-SP), 

Gustavo Gayer (PL-GO), 

André Fernandes (PL-CE) 

e o deputado estadual 

Bruno Engler (PL-MG) 

publicaram nas suas redes 

apelos pedindo aos seus 

correligionários que 

doassem quaisquer valores 

ao ex-presidente.


“O presidente está 

recebendo diversas MULTAS

 em processos absurdos por

 todo o País, qualquer valor 

já ajuda!”, disseram os 

parlamentares nas 

publicações.


Alguns doadores vieram 

à público no começo da 

campanha para revelar 

os montantes transferidos.

 Um deles é Fabricio 

Queiroz, ex-assessor 

de Flávio Bolsonaro 

(PL-RJ) e investigado 

no caso das “rachadinhas”. 

Ele mandou R$ 10 para

o ex-presidente.


Com informações de Daniel Haidar, Levy Teles e Gabriel de Sousa, do Estadão