- 34 ações que compõem o índice registraram variação superior no mesmo período
- Empresas de e-commerce tiveram destaque, com três papéis entre as maiores altas
Desde que o Ibovespa atingiu seu menor patamar no ano, aos 63.569,62 pontos no dia 23 de março, o principal índice da B3 já valorizou 55,9% e terminou a quinta-feira (9) a 99.160,33 pontos.
Das 75 ações que compõem o principal índice da bolsa brasileira, 34 delas têm variação superior ao índice no mesmo período. Destas, 8 papéis registraram mais do que o dobro de valorização em relação ao índice.
Para entender o que explica o desempenho superior ao Ibovespa no período, o E-Investidor conversou com especialistas do mercado.
Os papéis com variação superior ao dobro do Ibovespa, em ordem alfabética, são: B2W (BTOW3), Braskem (BRKM5), BTG Pactual (BPAC11), CVC (CVCB3), Eletrobras (ELET3), GOL (GOLL4), Magazine Luiza (MGLU3) e Via Varejo (VVAR3). (Confira o ranking no final da reportagem)
E-commerce
O setor com maior destaque é o de varejo on-line: três empresas aparecem com o dobro de rentabilidade em relação ao índice.
Ricardo França, analista da Ágora Investimentos, destaca que a alta generalizada nas ações das empresas aconteceu devido a aceleração das vendas. “O volume de vendas que deveria acontecer em três anos aconteceu em três meses”, diz França.
Além disso, a expectativa de que o comércio on-line continue em alta, mesmo com a reabertura das lojas físicas, também puxou os papéis para cima. “As pessoas gostaram disso e o novo hábito veio para ficar”, diz o analista da Ágora.
Fato é que cada uma das empresas tem seu motivo específico para ter rentabilidade superior aos outros paress. A Via Varejo (VVAR3), por exemplo, teve a maior alta no período e se beneficia pelo grande desconto que suas ações tinham no pior momento da crise.
Na ocasião, seu papel chegou a ser cotado a R$ 4,41 e agora está em R$ 17,55, uma valorização de 297,9%. Vale lembrar que o papel teve o maior turnover do semestre. “Como ela era a mais descontada do setor naquele momento, a ação foi a que mais subiu também”, afirma Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
As altas do setor são seguidas por B2W (BTOW3) 165,06% e Magazine Luiza (MGLU3) 162,83%.
As mais descontadas
Para os especialistas, a alta nas ações da GOL (GOLL4) e CVC (CVCB3) é reflexo do grande desconto que as empresas apresentaram no pico da crise. “É uma recuperação forte de uma queda muito intensa”, diz França, da Ágora.
Arbetman, explica que o papel da GOL teve uma grande valorização em comparação a suas rivais por conta da presença da malha doméstica no País. “Ela está presente nos principais aeroportos e eles foram os primeiros a voltar”, diz.
Como estava muito descontada e o setor aéreo começou a se recuperar antes do previsto, a ação garantiu um ótimo desempenho. “A demanda voltou mais rápido nos grandes centros e isso puxou os papéis”, afirma o analista da Ativa.
No caso da CVC, os especialistas pontuam que os fatores são os mesmos: o grande desconto que o papel tinha, somado com a retomada mais rápida do setor de viagens. “O mercado viu oportunidades apostando que o pior já ficou para trás”, diz Arbetman.
Apesar da alta de destaque no período, França ressalta que os papéis ainda possuem muita volatilidade. “Mesmo com o bom desempenho desde março elas continuam negativas no ano”, afirma.
Do pior momento do Ibovespa até o fechamento da quinta-feira (9), as ações da GOL (GOLL4) registraram alta de 184,42% e CVC (CVCB3) de 153,61%. No ano, porém, os papéis apresentam desvalorização de 46,14% e 56,05%, respectivamente.
Eletrobras
A alta das ações da Eletrobras (ELET3) foi puxada pela perspectiva de privatização da empresa. “A volta recente da agenda de privatizações foi benéfica para o papel e empurrou a ação para as maiores altas desde o pior momento da bolsa”, diz França, da Ágora.
“Depois da aprovação do marco legal do saneamento, ficou claro que as privatizações passarão mais rápido”, diz Arbetman, ressaltando que a retomada da pauta liberal do governo beneficiou a companhia. “Esperamos que a privatização da Eletrobras aconteça até meio do ano que vem. O mercado já está precificando isso”, completa o analista da Ativa.
Desde o 23 de março, o papel da Eletrobras (ELET3) tem alta de 141,21%.
BTG Pactual
Em relação ao BTG Pactual (BPAC11), o analista da Ativa explica que o banco foi beneficiado pela grande participação na área de investimentos e corporate banking. Segundo ele, enquanto os bancos de varejo sofreram muito no período pela alta demanda por crédito, o BTG não teve esse problema.
“O aumento de IPOs e a crescente busca por investimentos está sendo muito positivo para o banco”, diz Arbetman.
No período, as ações do BTG Pactual (BPAC11) registraram valorização de 218,65%.
Braskem
As ações da Braskem (BRKM5) subiram impulsionadas por dois motivos: a grande participação no mercado americano e a possibilidade de desinvestimento da Petrobras na empresa.
“A operação americana mostrou maior resiliência na crise e o dólar alta acabou sendo positivo para ela. Além disso, após a venda das refinarias por parte da Petrobras, o mercado especula que um dos próximos passos de seu desinvestimento seja em seus stakes da Braskem”, afirma Arbetman, analista da Ativa.
Desde o dia 23 de março, as ações da Braskem (BRKM5) tiveram alta de 134,06%.
Ranking das ações que dobraram a valorização do Ibovespa
Empresa | Cotação 23/03 | Cotação 09/07 | Variação |
Via Varejo (VVAR3) | R$ 4,41 | R$ 17,55 | 297,96% |
BTG Pactual (BPAC11) | R$ 26,11 | R$ 83,20 | 218,65% |
GOL (GOLL4) | R$ 6,93 | R$ 19,71 | 184,42% |
B2W (BTOW3) | R$ 45,34 | R$ 120,18 | 165,06% |
Magazine Luiza (MGLU3) | R$ 30,21 | R$ 79,40 | 162,83% |
CVC (CVCB3) | R$ 7,61 | R$ 19,30 | 153,61% |
Eletrobras (ELET3) | R$ 15,24 | R$ 36,76 | 141,21% |
Braskem (BRKM5) | R$ 10,07 | R$ 23,57 | 134,06% |
Fonte: Estadão/Broadcast