terça-feira, 2 de abril de 2019

Bradesco vê potencial de privatizações em R$ 220 bilhões em dois anos

O Bradesco prevê que o governo tem a possibilidade de privatizar R$ 500 bilhões, sendo que R$ 220 bilhões entre 2019 e 2020. Marcelo Noronha, vice-presidente do Bradesco responsável pela área de atacado, detalhou como o banco estima que essas operações serão distribuídas em dois anos.
Do total, R$ 57 bilhões serão em IPOs (abertura de capital), R$ 101 bilhões em follow-ons (vendas de ações, incluindo as ações de Petrobras detidas pelo BNDES e Caixa) e R$ 62 bilhões em fusões e aquisições.
O executivo destacou que os R$ 220 bilhões equivalem a 30% do total que poderia ser privatizado, segundo estimativa inicial do secretário Salim Mattar (Privatizações), que previu cerca de R$ 700 bilhões em ativos estatais que poderiam ser vendidos.
“Estou olhando com otimismo e otimismo também em relação a aprovação da reforma da Previdência”, disse Noronha.
“Pedra no caminho, não só o governo, que tem burocracia natural, todos nós vamos encontrar. Obstáculos têm, mas são removíveis”, afirmou, em referência às turbulências entre o governo Jair Bolsonaro (PSL) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
As divergências fizeram o mercado questionar a velocidade e o tamanho da reforma da Previdência.
Bruno Boetger, diretor executivo do Bradesco, estimou que as novas regras para aposentadoria sejam aprovadas na Câmara até julho e que a economia total será entre R$ 700 e R$ 800 bilhões, abaixo do R$ 1,1 trilhão previstos no projeto inicial do governo.
Boetger afirmou ainda que, em um cenário de reforma, o investidor estrangeiro teria potencial de alocar US$ 150 bilhões (R$ 578 bilhões) na Bolsa, e isso seria uma alavanca para novas operações de abertura de capital.
“Volumes desse tamanho não conseguem ser alocados no mercado secundário, seria uma alavanca para primário [novas ofertas]”, afirmou.
Já estão previstos os IPOs da Centauro e da Vamos, ressaltaram os executivos do banco.
Ainda na esteira do otimismo com a economia, Renato Ejnisman, diretor executivo do banco, nos últimos anos o mercado foi movimentado pelas vendas de empresas ligadas à operação Lava Jato, que precisavam se capitalizar. Passada essa fase, o mercado se volta às privatizações. Depois disso, avalia, haverá uma nova fase da economia brasileira, em que haverá interesse de empresas menores por fusões e aquisições e acesso a mercado de capitais.
O banco divulgou ainda que o crédito dá sinais de reação, e que a expansão do segmento de atacado deve ficar em cerca de 10% da carteira, em linha com as projeções do banco para 2019, que oscilam entre 9% e 13%.
Executivos do Bradesco concederam entrevista durante o evento Brazil Investment Forum, organizado pelo braço de investimento do Bradesco em São Paulo nesta terça e quarta. O banco diz ter reunido representantes de 112 empresas listadas e mais de 500 investidores, sendo 60 deles estrangeiros.

Tássia Kastner, Folha de São Paulo