quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Trump faz discurso sobre o Estado da União: desemprego entre afro-americanos chegou ao seu nível mais baixo em todos os tempos

Cláudia Trevisan, O Estado de S.Paulo

"Há uma coisa da qual eu me orgulho: o desemprego entre afro-americanos chegou ao seu nível mais baixo em todos os tempos. Assim como o desemprego entre hispano-americanos também chegou ao seu nível mais baixo"

Em seu primeiro discurso sobre o Estado da União, o presidente dos EUADonald Trump, fez nesta quarta-feira, dia 31, um apelo à unidade perante um Congresso conflagrado em torno da investigação sobre a interferência de Moscou na eleição que o levou à Casa Branca em 2016. “Esse é o nosso novo momento americano”, disse Trump, célebre por declarações ofensivas à oposição, a minorias, ao FBI, a outros países e a integrantes de seu próprio governo.
"O estado da nossa União é forte, porque nosso povo é forte. Juntos estamos construindo uma América mais forte e orgulhosa", afirmou  Trump. "E há uma coisa da qual eu me orgulho: o desemprego entre afro-americanos chegou ao seu nível mais baixo em todos os tempos. Assim como o desmeprego entre hispano-americanos também chegou ao seu nível mais baixo".
Donald Trump ouve e agradece os aplauosos dunrate o discurso do Estado da União no Congresso
Donald Trump ouve e agradece os aplauosos durante o discurso do Estado da União no Congresso, com o vice-presidente Mike Pence (à esquerda) e o líder republicano Paul Ryan (à direita) ao fundo Foto: AFP PHOTO / Nicholas Kamm
"Desde as eleições, criamos 2,4 milhões de novos empregos, incluindo 200 mil novos empregos somente na indústria". Em seguida, Trump afirmou que os Estados Unidos finalmente "viraram a página em décadas de negociações comerciais injustas que sacrificaram nossa prosperidade e enviaram nossas empresas, nossos empregos e a riqueza de nossa nação apra outros países".
Pelo menos 12 parlamentares democratas boicotaram o pronunciamento, o maior número desde os anos 70, durante governo de Richard Nixon. Trump já havia feito apelos à unidade quando se dirigiu a uma sessão conjunta do Congresso no ano passado, mas a moderação do teleprompter se perdeu no mar de tuítes bombásticos postados nos meses seguintes.
Nesta quarta-feira, dia 31, Trump também se ateve ao script e pediu apoio dos democratas para aprovar um programa de US$ 1 trilhão de infraestrutura e uma reforma do sistema de imigração que regulariza a situação de 1,8 milhão de jovens levados ao país quando eram crianças, mas reduz de maneira drástica a entrada legal de imigrantes.
“Eu estou pedindo a ambos os partidos que se unam e nos deem a infraestrutura segura, rápida, confiável e moderna que nossa economia precisa e nossa população merece”, afirmou Trump. “Estendo a mão para trabalhar com membros de ambos os partidos, democratas e republicanos, para proteger nossos cidadãos de todas as origens, cores e credos.”
O presidente celebrou os números positivos da economia e os atribuiu à desregulamentação promovida por seu governo e ao corte de US$ 1,5 trilhão em impostos aprovados pelos republicanos em dezembro. “Nunca houve um melhor momento para começar a viver o sonho americano”, declarou.
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Número dois do FBI renuncia, após críticas de Trump
Os convidados refletiam as prioridades do governo e da oposição. Os democratas levaram para as galerias jovens beneficiados pelo Daca, o programa do governo Barack Obama que os protegeu da deportação. Trump anunciou o fim da iniciativa em setembro e deu prazo até março para o Congresso encontrar uma solução definitiva.
O presidente convidou pais de vítimas da gangue salvadorenha MS-13, veteranos de guerra, integrantes de equipes de primeiros socorros, um agente de imigração e beneficiários da reforma tributária.
Rússia. Na noite anterior, o Executivo ignorou lei aprovada pelo Congresso de maneira quase unânime em julho e decidiu não aplicar sanções contra a Rússia em retaliação à intervenção do país na eleição de 2016. Horas antes de o Departamento de Estado anunciar que não considerava necessária a imposição de sanções agora, o diretor da CIA, Mike Pompeo, disse em entrevista à BBC esperar que a Rússia volte a interferir nas eleições de meio de mandato, em novembro.
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Os personagens envolvidos na crise EUA-Rússia

A decisão foi considerada uma afronta por democratas e alguns republicanos. Os dois partidos já estavam em pé de guerra em razão da divulgação de um memorando secreto no qual a maioria governista ataca o FBI e garante que houve abusos da agência na investigação sobre a Rússia. A decisão final caberá a Trump, que já disse que pretende divulgar o documento, considerado parcial e politizado pela oposição.
Segundo o Washington Post, o Departamento de Justiça fez um apelo à Casa Branca para não divulgar o memorando, sob o argumento de que o texto compromete informações confidenciais e não reflete de maneira correta as práticas do FBI.