quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Poder de transferência de voto do corrupto condenado Lula sofre abalo

Bruno Boghossian, Folha de São Paulo

condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex de Guarujá (SP) pode ter impactado seu potencial de transferir votos para outro candidato, caso ele fique fora da disputa presidencial.

A nova pesquisa do Datafolha aponta que o percentual de eleitores que não votariam em um nome apoiado pelo petista subiu de 48%, em novembro, para 53%.

O poder da indicação de Lula -apelidado, na política, de "dedaço"- é considerado o grande ativo do PT depois que a sentença Tribunal Regional Federal da 4ª Região reduziu as chances de sua participação na eleição.

Editoria de Arte/Folhapress
Datafolha 31.jan - cabo eleitoral
Datafolha 31.jan - cabo eleitoral

Para os petistas, o apoio do ex-presidente é a única maneira de impulsionar o possível substituto de Lula caso ele seja declarado inelegível. Por enquanto, a principal alternativa, o ex-governador da Bahia e ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner (PT), não passa de 2% na pesquisa.

A rejeição ao candidato apoiado pelo petista, porém, voltou a superar metade do eleitorado, depois de uma leve recuperação na pesquisa anterior. Em setembro, esse percentual chegara a 55%.

Ainda assim, o levantamento mostra que o efeito do apoio do ex-presidente petista na disputa pode ser considerável.

Outros 27% dos entrevistados pelo Datafolha dizem que o apoio de Lula influenciaria "com certeza" sua escolha, e 17% afirmam que "talvez" votassem no nome indicado por ele.

MORO

A influência do petista é comparável à do juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba e responsável pela Operação Lava Jato, que condenou Lula em primeira instância no ano passado.

Segundo o Datafolha, 50% dos eleitores não votariam no candidato apoiado pelo magistrado, enquanto 25% seguiriam sua indicação e outros 22% dizem que poderiam votar nesse nome.

Outros potenciais padrinhos teriam dificuldade em turbinar as campanhas de seus afilhados.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) teria influência certa sobre 11% dos eleitores e possivelmente sobre outros 22%. Já 64% dos entrevistados rejeitariam a indicação feita pelo tucano, que governou o país entre 1995 e 2002.

Nada que se compare, no entanto, à fragilidade do atual presidente na transferência de votos.

Michel Temer (MDB) é o cabo eleitoral mais impopular nos cenários apresentados pelo Datafolha: 87% afirmam que não votariam no candidato que tiver seu apoio.

Apenas 4% escolheriam esse nome e mais 8% disseram que poderiam seguir a indicação.