quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Eletrobras quer resolver ação coletiva nos EUA antes da privatização


Eletrobras mantém conversas com Departamento de Justiça dos EUA sobre ação coletiva contra a empresa - Michel Filho


Reuters


A Eletrobras tem conversado com autoridades nos EUA para tentar encerrar um processo contra a companhia na Justiça americana antes de sua privatização. O governo brasileiro quer concluir a operação no segundo semestre de 2018 por meio de oferta de novas ações da empresa, disse ontem à Reuters o presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior.

A Eletrobras é alvo de ação coletiva de investidores dos EUA que alegam ter sofrido prejuízos devido ao envolvimento da empresa em casos de corrupção, descobertos pela Operação Lava-Jato.

O que a gente tem de conhecimento é que, no curso dos processos, pode haver iniciativas de acordo, e vamos apreciar cada uma delas — afirmou.

A Eletrobras tem conversado com o Departamento de Justiça dos EUA, a Securities and Exchange Commission (SEC, órgão regulador do mercado americano) e investidores, segundo Ferreira, que não quis comentar se a empresa aceitaria um acordo que envolvesse um pagamento para encerrar as ações, como o anunciado recentemente pela Petrobras.

— A única coisa que posso colocar é o seguinte: estamos contribuindo com cada uma dessas instâncias... para que a gente venha, junto dessas autoridades, a chegar a um bom termo, e no prazo mais breve possível. Idealmente, antes da emissão (de ações) — observou.

Ele ressaltou, no entanto, que a Eletrobras se autodenunciou às autoridades após os achados da Lava-Jato:

— Agora, estamos iniciando os trabalhos para tentar recuperar valores e estamos contribuindo com as autoridades brasileiras e americanas.

Ferreira prevê que a oferta de ações que deve reduzir a fatia do governo federal na companhia a uma posição minoritária, efetivando a desestatização, deve acontecer no segundo semestre.

O projeto para privatizar a empresa foi enviado neste mês pelo Planalto ao Congresso, onde será relatado pelo deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), que já foi presidente de uma subsidiária da Eletrobras no Nordeste, a Chesf. Críticas públicas de Aleluia ao projeto e sua ligação com a Chesf geraram expectativa entre especialistas de que o texto possa ser alterado.

Questionado sobre se é viável um avanço da privatização sem a inclusão da Chesf ou outras subsidiárias, como Furnas, Ferreira foi enfático:

— Não, não é... Não vejo sentido nisso, os ativos têm sinergias — afirmou, defendendo que a união de todas as subsidiárias da Eletrobras é que possibilita à companhia ganhos de escala e eficiência.