terça-feira, 22 de setembro de 2015

Renan lidera articulação para derrubar sessão sobre vetos nesta terça

Laryssa Borges - Veja


Presidente do Senado afirmou que Congresso tem de fazer

 um apelo pela responsabilidade fiscal. Governo também

trabalha pelo adiamento da sessão




Renan Calheiros
Parte da base aliada do governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), trabalha para adiar a sessão do Congresso Nacional agendada para esta terça-feira, que apreciaria vetos presidenciais que podem trazer impacto financeiro ao caixa da União (Marcos Oliveira/Ag. Senado)
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), assumiu nesta terça-feira a frente da articulação para derrubar a sessão do Congresso agendada para apreciar vetos presidenciais que, se derrubados, podem ter um impacto bilionário para os cofres da União. Uma decisão oficial sobre o adiamento da sessão vai ser anunciada depois de uma reunião do senador com líderes partidários. Antes do encontro, ele defendeu abertamente o adiamento da sessão, alegando que os parlamentares não devem "potencializar" a crise política e econômica. "Chegou a hora de fazermos um apelo pela responsabilidade fiscal. Por causa desse risco enorme da desarrumação fiscal e da potencialização da crise não reunimos o Congresso Nacional há seis meses. Se for necessário, passaremos mais tempo cedendo a um apelo à responsabilidade fiscal", disse ele. Nos bastidores, o governo trabalha para derrubar a sessão, seja adiando-a por acordo seja derrubando o quórum para qualquer deliberação.
Está agendada para a noite de hoje a sessão em que deputados e senadores vão discutir se mantêm ou não a decisão do Poder Executivo de barrar o reajuste salarial de até 78,5% a servidores do Judiciário e de derrubar outros temas que comprometem o caixa governamental, como o que flexibiliza o fator previdenciário. Os dois temas causam pavor no Palácio do Planalto, que tenta conter o descrédito dos investidores e segurar a escalada do dólar.
A possível derrubada de vetos presidenciais foi um dos principais temas discutidos na reunião semanal de coordenação política nesta segunda entre Dilma e seus ministros mais próximos. O clima entre as cúpulas da Câmara, do Senado e do governo é o de que a votação de pautas bombas pode agravar ainda mais a situação do país. Hoje o dólar rompeu a barreira de 4 reais, o maior patamar da história.
"Queremos ajudar e a maior sinalização que o Congresso pode dar hoje é a de que não quer que o Brasil aumente o seu risco. E realizar a sessão do Congresso Nacional é potencializar o risco do Brasil. Mais do que nunca é preciso fazer um apelo à responsabilidade fiscal. Não podemos aumentar o risco do Brasil e o Congresso fará o que for possível para que não agravemos essa situação", disse Renan Calheiros.
Na manhã desta terça, o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também defendeu que não seja realizada a sessão do Congresso. "[Derrubar] o veto vai ser ruim. Do ponto de vista pragmático, acho melhor não correr esse risco [de realizar a sessão] e adiar porque, se o governo perder, essa sinalização para o mercado vai ser horrorosa", declarou. "A situação já tem uma instabilidade e você não deverá correr muitos riscos. Para não correr riscos, o ideal é que ele [Calheiros] adie", completou.