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O ministro Gilmar Mendes, durante sessão do Supremo Tribunal Federal Luiz Felipe Leite - Folha de São Paulo
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes rebateu neste sábado (19) com ironia a possibilidade de ser processado pelo PT após usar o termo "cleptocracia" para criticar os recentes casos de corrupção do governo federal.
"Espero que não me imputem de ter matado o Celso Daniel", afirmou o também vice-presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), referindo-se ao então prefeito petista de Santo André, assassinado em 2002.
O ministro falou após dar uma palestra sobre segurança jurídica para empresários do agronegócio, realizada em Campinas (93 km da capital paulista).
"O que falei é que foi criado um sistema que permite desenhar a corrupção como modelo de gestão. Isso tem um nome. É a cleptocracia", disse.
Na sexta (18), Gilmar disse que o PT, da presidente Dilma Rousseff, tinha um "plano perfeito" para se perpetuar no poder, mas foi atrapalhado pela Operação Lava Jato.
"O plano era perfeito, mas faltou combinar com os russos", afirmou. "Eles têm dinheiro para disputar eleições até 2038."
Em Campinas, ele também se defendeu das críticas da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) por afirmar que o PT manobrou a entidade durante seu voto no julgamento do STF que barrou as doações de empresas nas eleições.
"Sou de um tempo de gente que lia muito e que escrevia muitos livros. Não eram defensores de entidades sindicais. A OAB não pode virar aparelho de partido."
Apesar de acatar a decisão dos colegas do Supremo em relação à ação (Gilmar Mendes foi voto vencido), o ministro voltou à criticá-la. "Há desgaste entre os Poderes, mas isso é algo normal. Porém, mais uma vez foi criada uma Jabuticaba, algo que só existe no Brasil e não é necessariamente algo bom", concluiu.
Gilmar participou no 4º Fórum Nacional de Agronegócios, evento que abordou diversos temas do setor para empresários.
Representantes do governo com presenças anunciadas no fórum não compareceram. Foram os casos do senador Delcídio Amaral (PT-MS), os ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário) e Aldo Rebelo (Ciência, Tecnologia e Inovação). O único governista presente foi o deputado Marcos Montes (PSD-MG), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária.
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