Após sofrer críticas por parte da imprensa, Elon Musk diz: "A mídia tradicional é pura propaganda. Você é a mídia agora". (Foto: Zbigniew Meissner/EFE/EPA)
Após sofrer críticas por parte da imprensa, Elon Musk diz: "A mídia tradicional é pura propaganda. Você é a mídia agora". (Foto: Zbigniew Meissner/EFE/EPA)
A imprensa precisa encontrar pretextos melhores para atacar Elon Musk. Essa de colocar “o bilionário” como título oficial dele em todas as matérias que o citam não dá mais. Ficar dizendo que ele não foi eleito para o cargo que ocupa no governo dos EUA também já está ridículo. Quantos votos Fernando Haddad teve para reger a escalada dos preços e dos tributos no Brasil?
Mais do que ridículo é tratar as ações de Elon Musk no poder público norte-americano - uma devassa sem precedentes na maior mamata do mundo - como “suspensão de ajuda humanitária”.
O mais urgente seria essa imprensa informar com clareza ao público que desistiu de ser imprensa
Segue uma sugestão de comunicado conjunto para os veículos que compõem esse estranho consórcio de mídia dedicado à propaganda enganosa:
“Prezados leitores, espectadores e ouvintes, nós desistimos definitivamente da missão de informar. Por favor, não esperem mais encontrar notícias e análises nos nossos jornais e telejornais. Nosso negócio agora é criar histórias falsificadas, investindo pesadamente no álibi, na distorção dos fatos e na indução à compreensão invertida da realidade.
“Se o governo recém-empossado dos EUA abre a caixa preta da USAID e revela os podres da mega instituição assistencial, nós dizemos que isso é a ditadura trumpista querendo esmagar os mais fracos. Não duvide. A nossa cara de pau vai muito além disso.
“Por exemplo: se os bilhões da USAID foram parar em entidades obscuras, destinadas à coação política em vários países do mundo, nós dizemos que o Trump e o Musk estão cortando verbas para o combate às queimadas. E não estranhe se daqui a pouco os videoclipes chorosos em defesa da Amazônia reaparecerem. Agora nós poderemos voltar a encontrar o culpado perfeito e aliviar o Lula e a Marina.
“Não que a gente goste do Lula, da Marina, da Gleisi e companhia. É só que eles têm o mesmo nível de escrúpulo que o nosso para lidar com a verdade dos fatos. Então a gente se ajuda muito nessa missão de criar inimigos imaginários para justificar as nossas barbaridades e blindar o nosso poderzinho (modéstia nunca nos falta).
“Toda essa triangulação maravilhosa da USAID com o Soros e afins para turbinar os “checadores” e patrocinar a perseguição à livre expressão nas redes tem sido muito lucrativa. De quebra dá os instrumentos necessários para calar a oposição ao sistema - ou ao ‘deep state’, como se diz nos EUA. Carimbar a negociata do filho do Biden como “fake news” foi um dos feitos mais espetaculares desse esquemão. Só foi chato o Zuck aparecer agora confessando tudo e anunciando o fim da “checagem” nas plataformas. Aí o que nós tivemos que fazer? Chamar o Zuquinha de fascista e denunciar a masculinidade tóxica dele.
“Entendeu como nós operamos hoje em dia, querido leitor/espectador/ouvinte? Se nós fôssemos vocês, continuaríamos fiéis ao nosso jornalismo marrom, porque a mentira está em alta e quem não apostar nela vai se ferrar. Mas com a ética que sempre nos pautou, temos o dever de informar que não informamos mais nada. A cascata está na tela, você compra se quiser.
Cordialmente, O Consórcio”.
PS: Esta consultoria está sendo prestada de forma inteiramente gratuita, a título de ajuda humanitária aos picaretas do bem.
Guilherme Fiuza - Gazeta do Povo