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sexta-feira, 19 de dezembro de 2025
Empresa Brasileira da Companheirada (EBC), por Anderson Scardoelli
Inventada por Lula em 2008, EBC aumenta gastos e se torna o local de trabalho para “companheiros” do PT
O governo Lula é um oásis para a companheirada. A gestão petista transformou-se em cabide de empregos para figurantes habituados a serem rejeitados pelos eleitores. A sanha em acomodar aliados fez a inflada e ineficiente máquina pública federal saltar de 23 ministérios da gestão do expresidente Jair Bolsonaro para os atuais 38. As benesses não ficam restritas ao meio político. Jornalistas elogiosos à administração lulopetista têm espaço exclusivo no sistema. Para abrigar esses aliados, há a Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Bancada pelos pagadores de impostos, a EBC passou a ser o abrigo profissional de Juca Kfouri e José Trajano. No início do mês, eles foram apresentados como os mais novos integrantes da TV Brasil, uma das divisões da empresa. Em 2026, os dois e Lúcio de Castro terão um programa esportivo na emissora reconhecida pela ausência de audiência e por ser jocosamente apelidada de “TV Lula”.
Símbolos dos profissionais almejados pela EBC, Kfouri e Trajano têm um ponto em comum: ambos usam o termo “genocida” ao se referir a Bolsonaro. Demitido em novembro do jornal Folha de S. Paulo, Kfouri coleciona polêmicas — sempre em sintonia com o que prega a esquerda brasileira. Para ficarmos em somente duas das mais recentes: em setembro, pregou o banimento de Israel das competições esportivas internacionais, referiu-se à nação judaica como “Estado terrorista de Netanyahu” e comparou a operação israelense contra o Hamas ao nazismo; há duas semanas, elogiou o decano do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que decidiu monocraticamente limitar a formulação de pedidos de impeachment contra ministros da Corte à Procuradoria-Geral da República e acusou o Poder Legislativo de tentar aplicar um “golpe contra a democracia”.
Da cadeirada à “TV Lula”
As contratações da EBC em dezembro foram além de Kfouri, Trajano e Castro. A empresa também divulgou que, em 2026, o apresentador José Luiz Datena terá um programa que será transmitido pela Rádio Nacional e pela TV Brasil. Assim como no caso envolvendo o projeto do trio de jornalistas esportivos, a empresa ainda não tornou público o salário a ser pago a Datena.
Ex-apresentador do Cidade Alerta, na Record, e do Brasil Urgente, na Band, Datena se destacou pela última vez de forma negativa. Candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB em 2024, virou notícia ao arremessar uma cadeira contra Pablo Marçal (PRTB) durante debate realizado pela TV Cultura. Depois, ao voltar à imprensa, fracassou em audiência tanto no SBT quanto na RedeTV.
Apesar de ter se aventurado na política pelo PSDB, o apresentador foi filiado ao PT durante 21 anos. Mesmo em meio à temporada como tucano, elogiou Lula e chegou a dizer que o petista fez um governo “muito melhor” que o de Bolsonaro. Resultado: comunicador e presidente da República trocaram afagos e sorriram para as câmeras ao divulgarem o acerto com a EBC.
Ex-Globo no comando
José Luiz Datena, Juca Kfouri, José Trajano e Lúcio de Castro são contratações sob a gestão do jornalista André Basbaum. Ele assumiu o cargo de diretor-presidente da EBC em agosto. Antes de chegar ao posto, para o qual o salário é superior a R$ 30 mil, foi editor de economia do Jornal Nacional, da Rede Globo. Também passou por emissoras como Band, Record e SBT, exercendo funções de edição e direção.
Com Basbaum na presidência, a EBC também deu espaço para Cristina Serra. Ex-repórter da Globo e ex-colunista da Folha, ela comanda, desde novembro, o dominical Brasil no Mundo. O programa conta com as participações de Jamil Chade e Yan Boechat. Assim como Kfouri e Trajano, ela se orgulha da forma com que se refere ao antecessor de Lula à frente do Palácio do Planalto. E foi além: chegou a acusar Bolsonaro de ser “terrorista”. “Já chamei Bolsonaro de muita coisa: genocida, ecocida, sabotador-geral da República, agente de infecção, parceiro do vírus, arruaceiro”, escreveu Cristina em setembro de 2021, no início de artigo publicado pela Folha, jornal onde seguiu como colunista até março de 2023. “De fato, ele é tudo isso. Mas o qualificativo que melhor o define é terrorista.”
Diretor-presidente da EBC desde agosto, o jornalista André Basbaum posa ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministrochefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Sidônio Palmeira - Foto: Ricardo Stuckert/PR
A presença na EBC de profissionais que fazem proselitismo político gera desconfiança até de quem tem experiência na imprensa. Deputada federal pelo Partido Liberal de São Paulo e jornalista por formação, tendo trabalhado por 25 anos na afiliada da Globo na Baixada Santista, Rosana Valle avalia que a Empresa Brasil de Comunicação, que deveria zelar pela isenção e pela prestação de serviços, acaba por desviar de seu foco. “Comunicação pública existe para informar, educar e garantir pluralidade, não para fazer militância”, observa.
“A EBC é financiada com o dinheiro de todos os brasileiros, por isso, precisa manter equilíbrio editorial. Quando contrata nomes conhecidos pelo engajamento político-partidário, especialmente por ataques a figuras públicas, a empresa se afasta da função institucional e reforça um viés que não condiz com o caráter público que deveria ter.”
A EBC virou símbolo de fracasso de audiência, mas com estrondoso orçamento, sobretudo para bancar salários de colegas e admiradores do regime lulopetista.
Atual vice-prefeito de Curitiba e ex-deputado federal pelo Paraná, Paulo Eduardo Martins (Novo) é outro político oriundo do jornalismo a criticar a existência da EBC. Para ele, que foi comentarista da afiliada paranaense do SBT no início dos anos 2010, a empresa tem como única serventia abrigar defensores do governo de plantão. “É mais uma estatal para amparar a companheirada”, disse Martins, em entrevista ao programa Arena Oeste. “Ela já deveria ter sido fechada.”
Na conta dos pagadores de impostos
Outros jornalistas tidos como “progressistas” ganharam vez na EBC antes de Basbaum assumir a presidência. Que o diga Leandro Demori. Ex-Intercept Brasil, onde publicou o material da “Vaza Jato”, está na empresa pública desde 2023. O contrato em vigor lhe garante mais de R$ 35 mil por mês, sendo que ele apresenta um programa semanal de entrevistas que mais parece propaganda da base aliada de Lula. A lista de convidados conta com figuras como Gilmar Mendes, a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), o eterno líder do MTST e agora ministro Guilherme Boulos, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), o exministro José Dirceu, o cantor Nasi e o presidente nacional do PT, Edinho Silva.
Ex-repórter do Vídeo Show, Cissa Guimarães é mais uma exfuncionária da Globo acolhida pela EBC. Desde o início do ano passado, ela apresenta o Sem Censura. E os números deixam a meritocracia de lado. Apesar de o programa dar traço de audiência — como todos os programas da TV Lula —, ela recebeu aumento. O contrato inicial previa pagamento mensal de R$ 70 mil, mas o valor subiu para R$ 100 mil no meio deste ano. A empresa ainda banca R$ 16 mil para o maquiador da apresentadora. No último fim de semana, Cissa foi às ruas em Copacabana gritar “sem anistia” e pedir “fora, Hugo Motta”, em razão de o presidente da Câmara ter pautado o Projeto de Lei da Dosimetria.
Demori e Cissa são partes de uma operação que beira a casa do bilhão anualmente. Conforme o Portal da Transparência, o governo federal vai gastar cerca de R$ 870 milhões com a EBC em 2025. Nos dois anos anteriores, já na gestão Lula, os gastos foram similares: R$ 898 milhões em 2024 e R$ 840 milhões em 2023. Cifras que representam um aumento de ao menos 25% no comparativo com o orçamento destinado à empresa nos dois últimos anos da administração Bolsonaro — R$ 683 milhões (2021) e R$ 676 milhões (2022).
Doutor em economia aplicada e economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, Izak Carlos Silva afirma que os gastos com a EBC ajudam a demonstrar o desprezo do governo petista pelo ajuste fiscal. Ele é mais um a acreditar que a Empresa Brasil de Comunicação deveria ser extinta. “Não faz sentido econômico, fiscal nem institucional. Em um país que convive com déficit estrutural, dívida em trajetória crescente e compressão dos investimentos essenciais, gastar mais de R$ 800 milhões por ano com uma empresa estatal de comunicação é um exemplo claro de má alocação de recursos públicos”, avalia Izak, que é especialista do Instituto Millenium. “Ainda que o valor seja pequeno quando comparado ao orçamento total da União, ele é desmedido diante das dificuldades fiscais reais do governo. Em um cenário de restrição orçamentária, o princípio deveria ser gastar melhor, não apenas gastar menos. E a EBC simboliza exatamente o oposto: gasto de baixa qualidade, baixa efetividade e retorno social praticamente nulo.”
De acordo com Izak, “há ainda um princípio político simples e conhecido: governos que investem demais em comunicação geralmente têm pouco a mostrar e muito a convencer. Não há racionalidade em manter uma estrutura estatal cara apenas para veicular comunicação governamental. O setor privado faz isso melhor, com mais eficiência, com custos menores e submetido à concorrência real. O gasto com a EBC não é apenas alto — ele é mal direcionado.”
Criada oficialmente em abril de 2008, quando Lula estava em seu segundo mandato como presidente da República e tinha como conselheiro e ministro de Comunicação Social o ex-guerrilheiro Franklin Martins, que fez carreira como comentarista político na Globo, a EBC virou símbolo de fracasso de audiência, mas com um orçamento estrondoso, sobretudo para bancar salários de colegas e admiradores do regime lulopetista. Na prática, as decisões e o histórico recente de contratações revelam outro significado da sigla: Empresa Brasileira da Companheirada.
Anderson Scardoelli - Revista Oeste
Espetáculo sobre Chico Buarque em Portugal capta R$ 2,5 milhões pela Lei Rouanet
A decisão veio do Ministério da Cultura; os recursos provém de renúncia fiscal
Segundo o texto aprovado pelo governo Lula, “o projeto Trocando em Miúdos é um roteiro artístico de teatro musical inovador, que apresenta para o público português a obra de Chico Buarque em homenagem aos seus 80 anos, onde a autora da dramaturgia Sacha Lídice Pereira conecta músicas e poesias em uma narrativa dramatúrgica e coesa sobre os conflitos humanos e sociais”.
A Lei Rouanet, criada em 1991, permite que empresas e pessoas físicas direcionem parte do imposto para financiar propostas culturais aprovadas pelo Ministério da Cultura. O projeto cultural ou artístico precisa ser apresentado por um artista ou produtora, receber o aval oficial e, só então, buscar patrocínio com base nos incentivos destinados às empresas.
Valores destinados à Lei Rouanet batem recorde no atual governo Lula
Os incentivos fiscais concedidos pela Lei Rouanet somaram R$ 6,5 bilhões entre janeiro de 2023 e a 4 de julho de 2025, já corrigidos pela inflação. O valor segundo o portal Poder360, representa um aumento de 42,9% em relação ao mesmo período do governo Bolsonaro, que liberou R$ 4,5 bilhões.
O ritmo mais acelerado se consolidou principalmente no ano de 2024. Na ocasião, a captação de recursos para projetos culturais atingiu R$ 3,1 bilhões, maior volume anual registrado no atual mandato. Já o primeiro semestre de 2025 confirmou a tendência de crescimento das captações, com R$ 769 milhões em renúncias fiscais, alta de 33,7% sobre o mesmo intervalo do ano anterior.
Isabela Jordão - Revista Oeste
'A não-extradição de Oswaldo Eustáquio é mais um tabefe na cara do regime', por Flágio Gordon
'O problema é que o lulopetismo togado acredita que seu teatro doméstico impressiona o mundo'
A recusa definitiva da Espanha em extraditar Oswaldo Eustáquio, conforme solicitado pelo regime luloalexandrino, é mais um capítulo de uma sequência constrangedora que já virou rotina: o Brasil pede, democracias de verdade analisam e, por fim, recusam. O motivo é sempre o mesmo. Aquilo que, nas Cortes de Brasília, se chama “crime”, em países civilizados atende pelo nome correto — opinião.
A Justiça espanhola encerrou o caso ao constatar que as acusações formuladas contra Eustáquio não encontram correspondência penal em seu ordenamento jurídico e carregam inequívoco conteúdo político. Traduzindo do juridiquês europeu: não se extradita alguém para ser punido por palavras. Ponto final. A Advocacia-Geral da União, reduzida ao papel de porta-voz dos juristocratas do STF, reconheceu que não há mais recursos. Ao menos fora do Brasil, o teatro acabou.
A Folha de S.Paulo descreveu a reunião “tensa” entre autoridades brasileiras e representantes americanos. O governo brasileiro levou seu espetáculo “Democracia Inabalada” ao Ministério da Justiça: vídeos legendados, falas “golpistas”, clima de ameaça institucional. Esperavam fisionomias escandalizadas. Receberam bocejos de tédio.
Quando exibiram o vídeo com as falas de Allan dos Santos, um representante norte-americano resumiu o drama inteiro com a simplicidade devastadora de quem vive numa democracia de verdade: “São só palavras”. A frase caiu como bofetada. Afinal, todo o edifício repressivo erguido pelo regime depende justamente da negação desse princípio elementar: a distinção entre discurso e crime.
O problema é que o lulopetismo togado acredita que seu teatro doméstico impressiona o mundo. Acostumado a uma claque jornalística submissa, imagina que vídeos sensacionalistas, notas solenes e retórica inflada bastam para converter perseguição política em defesa da democracia. Mas o esultado é invariável — recusa, constrangimento e silêncio embaraçado
Os casos Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio
O feitiço virou contra o feiticeiro. Cada extradição negada funciona como laudo internacional: não é o mundo que está errado; é o Brasil que se afastou da democracia. Aqui, ela só sobrevive como encenação. Lá fora, continua sendo um regime no qual palavras são apenas palavras — jamais motivo para prisão.
Flávio Gordon - Revista Oeste
'A não-extradição de Oswaldo Eustáquio é mais um tabefe na cara do regime', por Flágio Gordon
'O problema é que o lulopetismo togado acredita que seu teatro doméstico impressiona o mundo
A recusa definitiva da Espanha em extraditar Oswaldo Eustáquio, conforme solicitado pelo regime luloalexandrino, é mais um capítulo de uma sequência constrangedora que já virou rotina: o Brasil pede, democracias de verdade analisam e, por fim, recusam. O motivo é sempre o mesmo. Aquilo que, nas Cortes de Brasília, se chama “crime”, em países civilizados atende pelo nome correto — opinião.
A Justiça espanhola encerrou o caso ao constatar que as acusações formuladas contra Eustáquio não encontram correspondência penal em seu ordenamento jurídico e carregam inequívoco conteúdo político. Traduzindo do juridiquês europeu: não se extradita alguém para ser punido por palavras. Ponto final. A Advocacia-Geral da União, reduzida ao papel de porta-voz dos juristocratas do STF, reconheceu que não há mais recursos. Ao menos fora do Brasil, o teatro acabou.
A Folha de S.Paulo descreveu a reunião “tensa” entre autoridades brasileiras e representantes americanos. O governo brasileiro levou seu espetáculo “Democracia Inabalada” ao Ministério da Justiça: vídeos legendados, falas “golpistas”, clima de ameaça institucional. Esperavam fisionomias escandalizadas. Receberam bocejos de tédio.
Quando exibiram o vídeo com as falas de Allan dos Santos, um representante norte-americano resumiu o drama inteiro com a simplicidade devastadora de quem vive numa democracia de verdade: “São só palavras”. A frase caiu como bofetada. Afinal, todo o edifício repressivo erguido pelo regime depende justamente da negação desse princípio elementar: a distinção entre discurso e crime.
O problema é que o lulopetismo togado acredita que seu teatro doméstico impressiona o mundo. Acostumado a uma claque jornalística submissa, imagina que vídeos sensacionalistas, notas solenes e retórica inflada bastam para converter perseguição política em defesa da democracia. Mas o esultado é invariável — recusa, constrangimento e silêncio embaraçado
Os casos Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio
O feitiço virou contra o feiticeiro. Cada extradição negada funciona como laudo internacional: não é o mundo que está errado; é o Brasil que se afastou da democracia. Aqui, ela só sobrevive como encenação. Lá fora, continua sendo um regime no qual palavras são apenas palavras — jamais motivo para prisão.
Flávio Gordon - Revista Oeste
A não-extradição de Oswaldo Eustáquio é mais um tabefe na cara do regime'por Flávio Gordon
'O problema é que o lulopetismo togado acredita que seu teatro doméstico impressiona o mundo'
A recusa definitiva da Espanha em extraditar Oswaldo Eustáquio, conforme solicitado pelo regime luloalexandrino, é mais um capítulo de uma sequência constrangedora que já virou rotina: o Brasil pede, democracias de verdade analisam e, por fim, recusam. O motivo é sempre o mesmo. Aquilo que, nas Cortes de Brasília, se chama “crime”, em países civilizados atende pelo nome correto — opinião.
A Justiça espanhola encerrou o caso ao constatar que as acusações formuladas contra Eustáquio não encontram correspondência penal em seu ordenamento jurídico e carregam inequívoco conteúdo político. Traduzindo do juridiquês europeu: não se extradita alguém para ser punido por palavras. Ponto final. A Advocacia-Geral da União, reduzida ao papel de porta-voz dos juristocratas do STF, reconheceu que não há mais recursos. Ao menos fora do Brasil, o teatro acabou.
a Folha de S.Paulo descreveu a reunião “tensa” entre autoridades brasileiras e representantes americanos. O governo brasileiro levou seu espetáculo “Democracia Inabalada” ao Ministério da Justiça: vídeos legendados, falas “golpistas”, clima de ameaça institucional. Esperavam fisionomias escandalizadas. Receberam bocejos de tédio.
Quando exibiram o vídeo com as falas de Allan dos Santos, um representante norte-americano resumiu o drama inteiro com a simplicidade devastadora de quem vive numa democracia de verdade: “São só palavras”. A frase caiu como bofetada. Afinal, todo o edifício repressivo erguido pelo regime depende justamente da negação desse princípio elementar: a distinção entre discurso e crime.
O problema é que o lulopetismo togado acredita que seu teatro doméstico impressiona o mundo. Acostumado a uma claque jornalística submissa, imagina que vídeos sensacionalistas, notas solenes e retórica inflada bastam para converter perseguição política em defesa da democracia. Mas fora do ambiente controlado das redações militantes, o truque não funciona.
O feitiço virou contra o feiticeiro. Cada extradição negada funciona
como laudo internacional: não é o mundo que está errado; é o Brasil
que se afastou da democracia. Aqui, ela só sobrevive como
encenação. Lá fora, continua sendo um regime no qual palavras são
apenas palavras — jamais motivo para prisão.