quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Guilherme Fiuza - 'Quando vão parar de mentir sobre Elon Musk?'

 Após sofrer críticas por parte da imprensa, Elon Musk diz: "A mídia tradicional é pura propaganda. Você é a mídia agora". (Foto: Zbigniew Meissner/EFE/EPA)


Após sofrer críticas por parte da imprensa, Elon Musk diz: "A mídia tradicional é pura propaganda. Você é a mídia agora". (Foto: Zbigniew Meissner/EFE/EPA)


A imprensa precisa encontrar pretextos melhores para atacar Elon Musk. Essa de colocar “o bilionário” como título oficial dele em todas as matérias que o citam não dá mais. Ficar dizendo que ele não foi eleito para o cargo que ocupa no governo dos EUA também já está ridículo. Quantos votos Fernando Haddad teve para reger a escalada dos preços e dos tributos no Brasil?

Mais do que ridículo é tratar as ações de Elon Musk no poder público norte-americano - uma devassa sem precedentes na maior mamata do mundo - como “suspensão de ajuda humanitária”.


O mais urgente seria essa imprensa informar com clareza ao público que desistiu de ser imprensa


Segue uma sugestão de comunicado conjunto para os veículos que compõem esse estranho consórcio de mídia dedicado à propaganda enganosa:

“Prezados leitores, espectadores e ouvintes, nós desistimos definitivamente da missão de informar. Por favor, não esperem mais encontrar notícias e análises nos nossos jornais e telejornais. Nosso negócio agora é criar histórias falsificadas, investindo pesadamente no álibi, na distorção dos fatos e na indução à compreensão invertida da realidade. 

“Se o governo recém-empossado dos EUA abre a caixa preta da USAID e revela os podres da mega instituição assistencial, nós dizemos que isso é a ditadura trumpista querendo esmagar os mais fracos. Não duvide. A nossa cara de pau vai muito além disso.

“Por exemplo: se os bilhões da USAID foram parar em entidades obscuras, destinadas à coação política em vários países do mundo, nós dizemos que o Trump e o Musk estão cortando verbas para o combate às queimadas. E não estranhe se daqui a pouco os videoclipes chorosos em defesa da Amazônia reaparecerem. Agora nós poderemos voltar a encontrar o culpado perfeito e aliviar o Lula e a Marina.

“Não que a gente goste do Lula, da Marina, da Gleisi e companhia. É só que eles têm o mesmo nível de escrúpulo que o nosso para lidar com a verdade dos fatos. Então a gente se ajuda muito nessa missão de criar inimigos imaginários para justificar as nossas barbaridades e blindar o nosso poderzinho (modéstia nunca nos falta). 

“Toda essa triangulação maravilhosa da USAID com o Soros e afins para turbinar os “checadores” e patrocinar a perseguição à livre expressão nas redes tem sido muito lucrativa. De quebra dá os instrumentos necessários para calar a oposição ao sistema - ou ao ‘deep state’, como se diz nos EUA. Carimbar a negociata do filho do Biden como “fake news” foi um dos feitos mais espetaculares desse esquemão. Só foi chato o Zuck aparecer agora confessando tudo e anunciando o fim da “checagem” nas plataformas. Aí o que nós tivemos que fazer? Chamar o Zuquinha de fascista e denunciar a masculinidade tóxica dele.

“Entendeu como nós operamos hoje em dia, querido leitor/espectador/ouvinte? Se nós fôssemos vocês, continuaríamos fiéis ao nosso jornalismo marrom, porque a mentira está em alta e quem não apostar nela vai se ferrar. Mas com a ética que sempre nos pautou, temos o dever de informar que não informamos mais nada. A cascata está na tela, você compra se quiser. 

Cordialmente, O Consórcio”.


PS: Esta consultoria está sendo prestada de forma inteiramente gratuita, a título de ajuda humanitária aos picaretas do bem.


Guilherme Fiuza - Gazeta do Povo

O histórico discurso de JD Vance em Munique: lições para o Brasil

 

Vice-presidente JD Vance: recado a líderes europeus em discurso. (Foto: Shawn Thew/EPA/ EFE/POOL)


O discurso proferido pelo vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance na Conferência de Segurança de Munique, em 14 de fevereiro, reverberou por todo o mundo ao lançar um olhar crítico sobre o estado das liberdades civis no mundo, desafiando percepções e políticas estabelecidas.

Sua fala – tornada histórica no momento em que foi concluída, será, possivelmente, conhecida como “’The threat from within’ speech” ou “’There’s a new sheriff in town’ speech” – que abordou desde a relação entre segurança e liberdade até as tensões geopolíticas que moldam os direitos individuais, gerou debates acalorados e reacendeu discussões cruciais sobre o futuro das liberdades civis no cenário global. Em um contexto no qual países como o Brasil enfrentam desafios relacionados ao autoritarismo, à perseguição política e à restrição de liberdades, o discurso ganha ainda mais relevância.

A histórica alocução de JD Vance decorre da ousadia, jamais entretida por vice-presidentes ou presidentes dos EUA, de transmitir uma mensagem ao mesmo tempo verdadeira e brutal: a de que a liberdade europeia e os princípios básicos sobre os quais se ergueu o liberalismo estão morrendo, sacrificados no altar do politicamente correto, e que não são Putin nem os russos os responsáveis por matá-los, e sim uma burocracia não-eleita, liberticida e globalista, para quem uma suposta defesa da democracia justifica a supressão dos direitos individuais: “Não podemos falar de liberdades civis em um vácuo. A segurança de nossas nações, a integridade de nossas fronteiras e a estabilidade de nossas comunidades são os alicerces sobre os quais os direitos individuais podem florescer," declarou.

Foi de particular significado que Vance tenha se referido ao triste espetáculo das eleições na Romênia, em dezembro de 2024, onde autoridades eleitorais locais apoiadas por Bruxelas, a “capital da União Europeia”, cancelaram o resultado do pleito pela única razão de que fora eleito um líder conservador, Calin Georgescu. Talvez, quem sabe, isso guarde alguma relação com a perseguição sofrida por parlamentares de direita no Brasil, os quais têm tido seus direitos políticos – e até seus mandatos – cassados por burocracias não eleitas, ao arrepio da lei, enquanto outros, também da direita, se veem atacados e ameaçados de persecução penal simplesmente por exercerem, de maneira absolutamente constitucional, o papel para o qual foram eleitos.

Outra ideia-força que o vice-presidente anunciou foi a de que agentes políticos eleitos têm obrigações para com seus eleitores, e suas determinações devem prevalecer sobre aquelas de burocratas não-eleitos, sejam eles civis ou militares, magistrados ou não. Isso significa a supremacia da legitimidade do voto popular, razão pela qual um Congresso não pode ficar docilmente submisso às ordens ilegais emanadas de autoridades judiciárias, ainda que travestidas de certo verniz de legalidade, sendo imperativo utilizar todos os instrumentos políticos e jurídicos à disposição para restabelecer um mínimo de equilíbrio e igualdade.

A plateia eurocrata e os anfitriões alemães decerto esperavam que o vice-presidente abordasse, numa conferência sobre segurança, o que a elite globalista infere ser o principal desafio securitário europeu: a Rússia e a guerra na Ucrânia. JD Vance, contudo, não dourou a pílula e afirmou, categoricamente, que a ameaça primordial à liberdade da Europa vem da censura à livre expressão, da supressão aos direitos civis e da inobservância, sobretudo por burocratas não-eleitos, da vontade soberana das populações europeias manifestadas nas urnas. Conviria, portanto, que os europeus refletissem sobre seu papel na OTAN, e que recursos empregados na ampliação da máquina censora da eurocracia de Bruxelas poderiam ser utilizados de maneira mais eficiente no desenvolvimento de meios e capacidades militares visando a conter a ameaça de Moscou.

Há, como disse Vance, “um novo xerife na cidade, e o vice-presidente deixou bem claro que o governo Trump não irá condescender com posturas liberticidas. O principal compromisso do governo Trump, asseverou o vice-presidente, é com os valores da liberdade. Teceu, ainda, crítica acerba ao governo de Joe Biden: “Assim como o governo Biden parecia desesperado para silenciar as pessoas que expressavam sua opinião, o governo Trump vai fazer exatamente o contrário."

A audiência de JD Vance em Munique possivelmente esperava que seu discurso anunciasse o desengajamento dos Estados Unidos do conflito na Ucrânia, já que, poucos dias antes, o secretário de Defesa Peter Hegseth afirmara que “não haverá soldados americanos na Ucrânia”, e que aos EUA interessa a conclusão de uma paz negociada entre Rússia e Ucrânia, tendo ficado subjacente, ainda, que não será possível restaurar o status quo que vigorou até fevereiro de 2014, quando o exército russo invadiu – e subsequentemente anexou – a península da Crimeia. Nesse aspecto, não houve surpresa: Vance simplesmente reformulou o que Hegseth dissera dias antes.

A mídia tradicional em quase todo o mundo subscreveu entendimento segundo o qual a alocução de Vance foi bem recebida por Vladimir Putin e seu entourage, mormente por ela ter reiterado o que o secretário Hegseth dissera dias antes sobre o interesse dos Estados Unidos em uma negociação capaz de por fim à guerra na Ucrânia. No Brasil, contudo, a leitura prevalente na mídia tradicional foi a de que o discurso de Vance teria significado, em linhas gerais, violação da soberania de países europeus.

Trata-se de uma ideia geral rasa, pois não leva em conta o fato de que quem paga a conta tem e deve ter o direito de avaliar princípios fundamentais da liberdade humana, o que adquire um significado especial quando se considera que os EUA respondem por cerca de 22% do orçamento da OTAN e aproximadamente 65% da capacidade operacional de combate da aliança.

Os “analistas” tupiniquins, mui convenientemente, esqueceram de mencionar que o “j’accuse” de Vance contra a censura e a supressão das liberdades civis, conquanto tenha sido proferido por ocasião de uma conferência securitária na Europa, tem efeitos erga omnes e, hora mais, hora menos, chegará o momento do acerto de contas do consórcio liberticida que ora governa o Brasil com as novas determinações da política externa dos EUA. Que seja um breve acerto de contas, e que o Brasil se livre, nas eleições presidenciais de outubro de 2026, do incompetente e irresponsável antipatriota que atualmente ocupa a cadeira, enquanto assiste – e trabalha para – a erosão da democracia, a piora da economia, a deterioração da qualidade de vida do cidadão e o esgarçamento do tecido social.

Marcos Degaut é Doutor em Segurança Internacional, ex-Secretário Especial Adjunto de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e ex-Secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa.


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Marcos Degaut - Gazeta do Povo

Ex-advogado do covil do Lula, Toffoli livra Palocci de processos na Lava Jato

O ministro do STF anulou todos os processos abertos contra o ex-ministro da Fazenda do descondenado


Dupla medonha Lula-Palocci. (Foto: Agência Brasil)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, decidiu nesta quarta-feira (19) anular os processos abertos contra o ex-ministro da Fazenda do governo Lula até 2006 e ex-ministro da Casa Civil durante o governo ‘Dilma 1’, Antonio Palocci, na Operação Lava Jato.

Na decisão, o ministro aplicou os precedentes da Corte que consideraram o ex-juiz Sergio Moro parcial para proferir as sentenças contra os réus das investigações. Moro era o juiz titular da 13ª Vara Federal em Curitiba.

Com a decisão, todos os procedimentos assinados por Moro contra Palocci deverão ser anulados. Apesar da anulação, o acordo de delação assinado por Palocci está mantido.

Na decisão, o ministro disse que a parcialidade de Moro “extrapolou todos os limites” e representou conluio para inviabilizar a ampla defesa do ex-ministro.

“Nota-se, portanto, um padrão de conduta de determinados procuradores integrantes da Força Tarefa da Lava Jato, bem como de certos magistrados que ignoraram o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa e a própria institucionalidade para garantir seus objetivos – pessoais e políticos -, o que não se pode admitir em um Estado Democrático de Direito”, afirmou Toffoli.

O ex-ministro foi condenado em 2017 pela participação em esquema de corrupção no qual beneficiou a Odebrecht em contratos com a Petrobras envolvendo a construção de embarcações.

Com informações do Diário do Poder

Cid mudou versão sobre trama sob ameaças de prisão por Alexandre de Moraes

 Delação do militar veio a público nesta quarta-feira, 19


Em áudio vazado, tenente-coronel Mauro Cid afirma que foi ameaçado sobre perder os benefícios da delação premiada | Foto: Divulgação/Agência Brasil

A quebra do sigilo da delação premiada de Mauro Cid nesta quartafeira, 19, revela que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro alterou sua versão sobre aspectos centrais do suposto esquema golpista durante uma audiência em que o ministro Alexandre de Moraes ameaçou prendê-lo, cancelar o acordo de colaboração e avançar em investigações que poderiam envolver seus familiares. 

No dia 21 de novembro de 2024, o tenente-coronel compareceu ao Supremo Tribunal Federal sob pressão, depois de um pedido da Polícia Federal e um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) que recomendava sua prisão por violação dos termos do acordo de delação.

 A audiência foi presidida pelo próprio Moraes, que abriu sua fala com as seguintes palavras: “Vamos começar de forma bem direta, o que caracteriza o meu estilo”. Em seguida, Moraes deixou claro que aquela era a “última chance” para que Cid falasse a verdade. 

Naquela ocasião, o tenente-coronel declarou que uma reunião realizada em novembro de 2022 na residência do general Braga Netto — que foi candidato a vice-presidente na campanha de reeleição de Bolsonaro — tinha como propósito criar um “caos social”, o que justificaria uma intervenção das Forças Armadas para manter o presidente no poder. Antes, o tenente-coronel afirmava que a reunião era apenas um encontro casual de militares que desejavam tirar fotos com Bolsonaro e Braga Netto.




Cid também alterou sua explicação sobre a saída antecipada do encontro dos tenentes-coronéis Rafael de Oliveira e Hélio Ferreira Lima com Braga Netto, ocorrido em 12 de novembro de 2022. A princípio, ele alegou que deixou a residência de Braga Netto porque tinha compromissos a cumprir no Palácio do Alvorada. 

No entanto, em seu depoimento a Moraes, Cid admitiu que foi o próprio Braga Netto quem solicitou que ele se retirasse de sua casa, depois de os militares presentes começarem a discutir planos de conspiração contra Lula. 

“Quando entrou no nível das ideias, Braga Netto interrompeu e falou assim: ‘Não, o Cid não pode participar, tira o Cid, porque ele está muito próximo ao Bolsonaro'”, disse. 

O delator afirmou que, durante o encontro na casa de Braga Netto, foram discutidas estratégias para gerar tumulto e, assim, forçar as Forças Armadas a apoiarem o golpe de Estado supostamente planejado por Bolsonaro e seus aliados. 


Braga Netto, ex-ministro da Defesa do Brasil | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil 

“Na reunião se discutiu novamente a necessidade de ações que mobilizassem as massas populares e gerassem caos social, permitindo, assim, que o presidente assinasse o estado de defesa, estado de sítio ou algo semelhante”, diz o termo da reunião.

Cid também alterou sua explicação sobre as mensagens recebidas em seu celular, nas quais militares solicitaram R$ 100 mil no final de 2022.

A princípio, ele afirmou que o pedido era feito quase como uma brincadeira e que o objetivo seria financiar a ida de pessoas para os acampamentos em frente ao Quartel-General do Exército. No entanto, durante a audiência com Moraes, ele mudou sua versão e declarou que não sabia o motivo exato por trás da solicitação de dinheiro. 

Ele declarou que, diante das informações reveladas pela investigação, acreditava que o valor poderia ser destinado a ações contra Moraes — como possíveis planos de prisão ou assassinato do magistrado, conforme previsto no chamado plano Punhal Verde Amarelo. 

Cid também relatou que tentou obter os R$ 100 mil com a direção do Partido Liberal (PL), mas o repasse foi recusado. Posteriormente, segundo sua versão, Braga Netto conseguiu o dinheiro com “pessoas ligadas ao agro” e pediu que ele entregasse o valor ao tenentecoronel Rafael de Oliveira. O dinheiro em espécie teria sido transportado em uma sacola de vinho.


Alexandre de Mores, durante sessão no STF – 05-12-2024 | Foto: Bruno Perez/Agência Brasil


O termo da audiência registra que Moraes informou ter recebido provas adicionais da Polícia Federal que contradizem depoimentos anteriores do colaborador. Segundo Moraes, o depoente tentou “minimizar a gravidade dos fatos” em suas declarações. 

“O ministro relator ainda esclareceu que se as omissões e contradições não forem sanadas, nos termos da legislação vigente, isso poderá acarretar a decretação da prisão preventiva e a rescisão do acordo de colaboração premiada, com efeitos não só para o colaborador, mas também em relação ao seu pai, sua esposa e sua filha maior”, diz o termo. 

Moraes ameaça Cid de prisão  “Eu gostaria de fazer um breve resumo, para demonstrar a importância dessa audiência, especialmente para o colaborador”, diz o ministro, que passa a destacar as contradições entre os depoimentos anteriores de Cid e as evidências coletadas pela PF durante a investigação, com foco no plano Punhal Verde Amarelo. 

“O colaborador tem também não só benefícios, mas também obrigações”, diz Moraes. “E as obrigações, a maior delas é não se omitir, não se contradizer. Não há, na colaboração premiada, essa ideia de que só respondo o que me perguntam”, completa o ministro, que acrescentou que Cid disse “uma série de mentiras”. 

Nesse momento, Moraes eleva o tom e menciona as possíveis consequências não apenas para Cid, mas também para sua família. “Já há o pedido da Polícia Federal, já há o parecer favorável da Procuradoria-Geral da República, pela imediata decretação da prisão, do retorno à prisão do colaborador”, diz o magistrado. 

\Moraes fala, então, na necessidade de Cid fazer “uma reflexão maior” para esclarecer omissões e contradições sob pena de prisão e de rescisão da colaboração. Essa ação incluiria “a continuidade das investigações e responsabilização do pai do investigado, de sua esposa e de sua filha maior”, segundo o texto.  

Revista Oeste

J.R. Guzzo - O Estado brasileiro - leia-se, cartel lula-stf - não provou os crimes que atribui a Bolsonaro

Não poderia haver hora pior do que agora para fazer cara de 'corte suprema' e sair por aí distribuindo condenações




A questão Bolsonaro, o problema mais intratável da vida pública brasileira nos últimos 40 anos, cumpriu mais um estágio da encenação prevista para se dizer, num momento qualquer do futuro, que ela foi resolvida. Foi a vez, agora, de a PGR fazer a sua entrada no palco: fez a sua denúncia formal contra os crimes de que acusa o expresidente e que, somados na tela da calculadora, o levariam a ficar na cadeia até o ano de 2.068. 

A denúncia da PGR pode ser tudo, menos uma surpresa. Repete, apenas, o que o inquérito da Polícia Federal já havia apresentado, sem a demonstração de maiores esforços para melhorar um pouco a qualidade do que enfiaram lá. O ato seguinte será o recebimento da denúncia por um grupo de cinco inimigos declarados do futuro réu; a surpresa da decisão, aí, cairá para o nível zero elevado a potência zero. O STF, como a PF e a PGR antes dele, já declarou Bolsonaro culpado, várias vezes, em entrevistas à imprensa. 

O relatório da PF não foi um inquérito policial — é uma espécie de debate de centro acadêmico dirigido pelo Psol, com o objetivo explícito de dizer que Bolsonaro deve ter cometido um monte de crimes de lesa-pátria, ou quis cometer, ou pensou em cometer. Seria posto para fora de qualquer parquet de país civilizado, no ato. A denúncia da PGR não foi uma acusação judicial na forma da lei. Foi um discurso político, que qualquer juiz de Direito decente mandaria arquivar. A decisão do STF caminha para o mesmo ponto de chegada.




Querem tirar Bolsonaro das eleições


O erro fatal do inquérito da PF, da denúncia da PGR e da provável sentença da Primeira Turma do STF é desesperadamente simples, e por isso mesmo coloca os acusadores em crise de nervos: não há nenhuma prova material, com um mínimo de seriedade, de que Bolsonaro praticou os crimes de que é acusado. Pode ter feito até coisa muito pior, só Deus sabe, mas pelo que a PF e a PGR souberam até agora não é possível provar nada, e crime sem prova não é crime nenhum. 

O regime em vigor no Brasil está tentando resolver um problema político sério, real e complicado com a malversação da lei. O resultado é que vão desrespeitar a lei, com toda certeza, mas podem continuar com o problema — até pior do que ele já é. O fato é que o Estado brasileiro não provou, ou não quis provar, os crimes que atribui a Bolsonaro. Qual a surpresa, num país onde dois terços dos homicídios não são esclarecidos, desembargadores vendem sentenças e a magistratura virou um instrumento para as pessoas ficarem ricas?




O Poder Judiciário brasileiro, com o STF à frente, está hoje mais desmoralizado do que jamais foi em toda a sua história. Não poderia haver hora pior do que agora para fazer cara de “corte suprema” e sair por aí distribuindo condenações — não quando deixa livre um ex-governador condenado a 400 anos de cadeia por corrupção passiva, e outros prodígios como esse. Só há uma maneira real de resolver a questão, de uma vez por todas: fazer eleições efetivamente limpas e derrotar Bolsonaro no voto popular. 

É tudo que não querem fazer. 


Texto publicvdo originalmente no jornal O Estado de S. Paulo

J.R. Guzzo -  Revista Oeste

Deltan Dallagnol - Os 5 problemas da denúncia da PGR contra Bolsonaro

'Oeste Sem Filtro' - Revista Oeste - Augusto Nunes, Ana Paula Henkel, Adalberto Piotto e Paula Leal analisam a vigarice do 'cartel lula-stf' contra Bolsonaro