sábado, 12 de julho de 2025

O algoz da censura

 Advogado da Trump Media e do Rumble, Martin De Luca fala como é atuar na trincheira de processo contra o ministro Alexandre de Moraes


O advogado do Rumble e da Trump Media, Martin De Luca, durante entrevista a Oeste — 11/7/2025 | Foto: Reprodução/Revista Oeste


Norte-americano do Estado de Nova Jersey, o advogado Martin De Luca começou a se interessar pelo Brasil em 2014, ao ter acesso ao noticiário referente à Operação Lava Jato. Tal interesse o fez estudar português e, com certa frequência, passou a viajar para o país. 

Com a formação em Direito e a experiência de ter servido como procurador no Estado de Nova York, De Luca viu a sua ligação com o Brasil o transformá-lo em algoz da censura. Em 2025, aos 40 anos, ele foi a escolha da Trump Media, empresa mantida pela família do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Rumble, plataforma audiovisual na mira do Supremo Tribunal Federal (STF), para liderar o processo aberto na Justiça da Flórida contra o ministro Alexandre de Moraes. 

Nesta semana, a ação contra o magistrado brasileiro contou com uma novidade. Pela segunda vez, a Justiça da Flórida intimou o juiz do STF. A partir da notificação, Moraes terá 21 dias para se manifestar a respeito da acusação de promover atos de censura, sobretudo contra a presença de cidadãos em redes sociais nos EUA. 

Em entrevista — em português — a Oeste, De Luca ressalta não ter dúvidas de que Moraes cometeu ilegalidades. Nesse sentido, o advogado cita como exemplo o jornalista brasileiro Allan dos Santos, que, condenado por Moraes, se mudou para os EUA.


Moraes tem 21 dias para apresentar defesa ou protocolar um pedido de arquivamento do processo contra ele na Justiça da Flórida | Foto: Antonio Augusto/STF


“Moraes violou tratados mútuos entre Brasil e Estados Unidos”, diz De Luca. “Ele sabe como funcionam porque, no passado, os respeitou. Por isso, ficou claro que escolheu romper com essas tratativas ao encaminhar ordens para censurar o jornalista Allan dos Santos. Moraes interferiu em nosso país ao mandar que a empresa censurasse um cidadão norte-americano.” 

Entrevista com Martin De Luca 

Abaixo, confira, os principais trechos da entrevista com o advogado norte-americano Martin De Luca. 

O senhor acredita que o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, por parte do presidente Donald Trump, tem relação com as decisões do ministro Alexandre de Moraes de censurar redes sociais? Sem dúvida. E isso está explícito na carta que enviou a Lula. Trump menciona Bolsonaro e o julgamento ao qual o ex-presidente está submetido. 

Quem é o ministro que está por trás disso tudo? Trump fala também da inelegibilidade de Bolsonaro. Quem assinou essa inelegibilidade? Ordens sigilosas de censura, multas draconianas, expulsar empresas norte-americanas do Brasil. 

Quem fez tudo isso foi Moraes. Atualmente, no Brasil, há apenas uma empresa norteamericana banida, que é o Rumble. Não tem outra. Novamente pergunto quem é o culpado. A resposta: Moraes.




Quantas ordens sigilosas do ministro foram enviadas ao Rumble? Salvo engano, quatro. Desde que o Rumble e a Trump Media acionaram o ministro no exterior, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou em cena. 

É competência da AGU defender o juiz do STF nesses casos? 

Como não sou advogado brasileiro, não sei informar. O que posso informar, contudo, é que, há seis meses, ninguém apareceu para receber a notificação. As ações são contra o ministro Alexandre de Moraes ou a pessoa Alexandre de Moraes? A primeira ação foi para ele como ministro, enquanto a segunda, como pessoa física.

 “Ao determinar que entregássemos a ele [Moraes] todos os dados de [Allan dos] Santos, ele faria com que violássemos a legislação norte-americana.” 

Por que essa diferenciação? Moraes violou tratados mútuos entre Brasil e Estados Unidos. Ele sabe como funcionam porque, no passado, os respeitou. Por isso, ficou claro que escolheu romper com essas tratativas ao encaminhar ordens para censurar o jornalista Allan dos Santos. Moraes interferiu em nosso país ao mandar que a empresa censurasse um cidadão norte-americano. Ao determinar que entregássemos a ele todos os dados de Santos, ele faria com que violássemos a legislação norteamericana, que veda esse tipo de atitude. Se o Rumble, por exemplo, cumprisse essas ordens, estaria indo contra a lei dos EUA. Eram ordens impossíveis.

Se o desfecho das ações for desfavorável ao ministro, o que acontecerá com ele? 

Ele poderia ser responsabilizado civilmente para pagar multas. O júri, que foi um formato a nosso pedido, iria determinar essas 12/07/2025, 10:27 Martin De Luca, advogado de Trump, fala a Oeste https://revistaoeste.com/politica/martin-de-luca-o-algoz-da-censura/ 6/14 questões. Como está no começo, não teria como falar em um fim dessa ação ainda.


Revista Oeste