Operação da moda: Caitlyn Jenner, ex-campeão olímpico e mais famosa trans dos Estados Unidos, e a protegida Sophia Hutchins (Kevork Djansezian/Getty Images)
É possível acatar, respeitar e entender as pessoas que sofrem de disforia de gênero, o nome chique de homens que consideram ter nascido no corpo errado e vice-versa?
Este é um dos testes mais desafiadores dos que desejam ter uma atitude humana e responsável em relação a todos seus irmãos, irmãs ou irmxs.
O motivo é óbvio: a questão das pessoas transgênero se colocou no centro do movimento progressivo — e, por oposição natural, do regressivo.
A causa gay já ficou lá para trás, com a adoção legal do casamento, da encomenda de filhos e de todos os acompanhamentos de atitudes tão importantes.
A questão trans ganhou recentemente mais destaque devido a dois artigos publicados na imprensa americana. Um é intitulado “Minha nova vagina não vai me fazer feliz”. Saiu no New York Times.
Assina-o Andrea Long Chu. Ela está fazendo doutorado na New York University (onde mais?) Tem cabelos crespos verdes, pele complicada, manequim pois size e, como qualquer universitárix de respeito, usa óculos.
Nada que lembre a mais famosa trans americana Caitlyn Jenner, mãe e madrasta, antes de ser pai e padrasto, da famosa e fogosa linhagem de irmãs Kardashian e Jenner (seis filhos próprios e quatro enteados, do tempo em que era Bruce Jenner).
Andrea também não se parece em nada com a “parceira” de Jenner, Sophia Hutchins, uma beldade loira de apenas 21 anos que começou a transição mais cedo (implante de seios, plástica de olho, nariz e boca, feminização do contorno facial, pomo de Adão no lixo cirúrgico e, por fim, a reversão do pênis em algo chamada de vagina, embora os avanços médicos ainda estejam longe da coisa real).
Andrea Long Chu vai fazer essa coisa, o que exigirá uma vida inteira de luta contra o corpo que quer cicatrizar qualquer corte (se alguém quer saber como, a abertura é mantida com o uso diário de vibradores).
“É isso que eu quero, embora não exista garantia nenhuma de que vá me fazer mais feliz”, diz Andrea, numa interessante argumentação.
Ela diz que já passou mal quando começou a tomar hormônios femininos (imaginem se menstruasse, tomasse pílula ou engravidasse, sem falar no tratamento de fertilidade). Sente tendências suicidas.
Mas quer tudo isso: chorar, sofrer, viver o resto da vida com a vagina cirurgicamente produzida (vamos fazer os homens sofrer um pouco também e resumir o procedimento: os escrotos são abertos e retirados, o pênis é fatiado progressivamente para manter a ponta, que vira a ser um simulacro de clitóris, depois que for dobrado por dentro da uretra diminuída; tem mais, mas vamos parar por aqui).
Andrea tem direito de fazer tudo isso, sob cuidados de médicos cujo juramento principal é “não faça mal”.
Quem tem a palavra final, o paciente ou o médico? Alguns profissionais desistiram da cirurgia, considerando que o problema é muito mais complicado do criar uma vagina artificial, e que a operação de mudança de sexo pode produzir mais depressão e até suicídios, em casos isolados.
Respondendo ao artigo de Andrea no American Conservative, Rob Dreher escreveu as afirmações dela resumem loucura cultural em vigor. “O que eu quero é contra a natureza, acho que vai me deixar numerado miserável, mas eu quero isso e é melhor vocês me darem”, parodia ele.
“Pessoas como ele querem que toda a sociedade vire de cabeça para baixo suas leis, sua normas e seus costumes e ainda por cima ajam como se não tivesse nada de errado nisso. E a sociedade está dando o que querem e punindo os que se recusam a dizer que isso é o paraíso.”
Quem está certo? Andrea Long Chu, disposta a se mutilar para não ter mais o corpo que rejeita e não ter nenhuma garantia de satisfação, ou Rob Dreher, que não pode ser considerado a mais compassiva das pessoas e se revolta com o “progressivismo americano” para o qual o simples ato de vontade separando sexo e gênero se tornou a expressão máxima do que é não apenas aceitável, mas desejável.
A questão é de alta complexidade – inclusive porque, obviamente, as pessoas são diferentes, apesar de unidas pela mesma e complicada humanidade. E fica mais enroscada ainda quando envolve crianças.
Um exemplo: a pediatra texana Anne Georgulas ameaça processar por abuso o pai do filho de seis anos do ex-casal. A própria mãe diagnosticou que a criança sofre de disforia de gênero.
Mas o pai se recusa a chamar o menino James pelo nome alternativo que escolheu, Luna, e a vesti-lo com roupas de menina.
Para complicar, James/Luna age de maneira esperada pelo pai quando está com ele, ou seja, como menino. E como menina quando está com a mãe.
O que fazer com um caso desses?
Ou com os muitos casos que estão surgindo na Inglaterra, onde parece ter virado “moda” ter um filho com disforia de gênero e algumas escolas incentivam ativamente o “diagnósticos “ raríssimo, na verdade.
Mais espantosa ainda foi a história contada pela professora identificada com o pseudônimo de “Carol”.
Foram-se os tempos em que crianças de gênero fluído era discriminadas e sofriam bullying. Ao contrário, crianças emocionalmente vulneráveis ou até autistas são incentivadas pelos coleguinhas mais velhos a se identificar como transgêneros.
A partir daí, tornam-se queridinhos da turma. Muitas são meninas que viram “meninos bonitos”, cercados de atenções e badalações por outras meninas.
“Eles espelham comportamentos de adolescentes, imitando estrelas pop como Justin Bieber. Essas crianças trans tornaram-se muito poderosas na escola”, relata a professora. “Policiam a linguagem de alunos e professores, Eu estava falando sobre menstruação recentemente e um dos alunos que agora se identifica como meninote chamou a atenção, dizendo que meninos também menstruam.”
“Carol” disse que em uma única escola existem 17 crianças que estão fazendo a “transição”.
É compatível como o conhecimento médico e psicológico um número dessas dimensões ou existe realmente um incentivo pernicioso a carimbar como trans qualquer tipo de comportamento fora do padrão?
E qual a responsabilidade de todos nós diante disso?
Como ser decente e inclusivo com os que sofrem de disforia e como não alimentar ideias fantasiosas e prejudiciais simplesmente porque estão na moda?
Veja