O cantor Gilberto Gil negou ter qualquer conhecimento de práticas de corrupção quando foi ministro da Cultura (2003-2008) nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Gil foi ouvido como testemunha de defesa de Lula, na manhã desta quinta-feira, no caso em que o petista é acusado de se beneficiar de reformas de empreiteiras num sítio em Atibaia, no interior de São Paulo.
O cantor foi chamado para prestar depoimento somente porque ocupou o cargo de ministro na gestão de Lula. No entanto, não há nada que envolva Gil no processo.
Nesta ação, a defesa de Lula já arrolou alguns ex-ministros do governo do petista, além de autoridades que ocupavam cargos em órgãos de controle na época.
Com isso, os advogados buscam responder e rechaçar a tese da acusação de que Lula comandava um esquema de corrupção em seus governos e de que havia desvio de recursos da Petrobras para campanhas e também para compra de apoio parlamentar no Congresso.
Este é o terceiro processo em que Lula é réu no Paraná, onde o petista já cumpre pena pela condenação no caso do tríplex do Guarujá.
Gil negou enfaticamente ao ser questionado pela defesa sobre se teve conhecimento de algum fato que compravasse que houve corrupção nos governos do petista:
— Nada disso. Nenhum — disse o cantor.
No final da sessão, Gil ainda foi indagado por Moro se tinha ciência de acusações de corrupção contra ex-ministros de Lula como Antônio Palocci, José Dirceu e o marqueteiro João Santana.
O magistrado chegou a perguntar se Gil sabia que Palocci e Santana eram réus confessos na Lava-Jato em crimes como corrupção e lavagem de dinheiro.
— Tenho ouvido notícias a respeito dessa possibilidade — disse Gil.
Neste processo, Lula é acusado de receber benfeitorias no sítio de Atibaia que somam R$ 1,02 milhão. A reforma no imóvel teria sido feita por meio de empreiteiras como Odebrecht e OAS. O sítio está registrado no papel no nome dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar. O entendimento dos investigadores da Lava-Jato é o de que Lula é o real proprietário do imóvel.
No entanto, o ex-presidente nega todas as acusações. Ao longo do processo, outras testemunhas ouvidas afirmaram que o ex-presidente apenas frequentava o imóvel a convite de Fernando Bittar, que era muito amigo de Lula.
Gustavo Schmitt, O Globo