Com ajuda do exterior, mais especificamente da China, o Ibovespa terminou o primeiro pregão do ano com alta de 1,95%. O índice, que é o principal do mercado de ações local, chegou aos 77.891 pontos, renovando o seu recorde histórico - anterior era de 13 de outubro (76.989 pontos). Já o dólar comercial recuou 1,62% ante o real, cotado a R$ 3,261.
O motivo para a valorização dos ativos brasileiros, e de outros emergentes, são os dados positivos divulgados na China durante o feriado de Ano Novo. O principal deles foi o Caixin PMI do setor industrial, que veio acima das expectativas de mercado e afastou o temor, ao menos por enquanto, de uma desaceleração mais forte na segunda maior economia do mundo - e principal parceira comercial do Brasil. No exterior, o “dollar index”, que mede o comportamento da divisa americana frente a uma cesta de dez moedas, operava em queda de 0,38% próximo ao horário de encerramento dos negócios no Brasil.
Carlos Soares, analista da Magliano Corretora, explicou que os dados sobre a China levaram para cima o preço das matérias-primas, o que beneficiou empresas desse setor.
— O PMI da China veio acima das expectativas e isso ajudou algumas empresas e sustentou o Ibovespa. Além disso, os dados do emprego, divulgados na sexta, e da energia (a bandeira que irá vigorar em janeiro é a verde, ou seja, sem aumento de preço) sinalizam uma ausência de pressões inflacionárias, o que também é positivo — explicou.
No mercado de ações, as mais negociadas operaram em terreno positivo, incluindo aí as atreladas a commodities, que sempre são beneficiadas com a melhora da economia chinesa. As preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Petrobras subiram 2,79%, cotadas a R$ 16,55, e as ordinárias (ONs, com direito a voto) tiveram valorização de 2,48%, a R$ 17,33.
No caso da Vale, a alta foi de 3,62%. No caso dos bancos, a preferenciais de Itaú Unibanco e Bradesco subiram, respectivamente, 3,10% e 2,21%.
O setor de varejo também foi destaque no Ibovespa, com a entrada no índice das ações da Magazine Luiza, queda de 1,51%, e da Via Varejo, com recuo de 1,14%. Apesar da desvalorização no dia de estreia no índice, esses papéis acumulam ganhos expressivos nos últimos 12 meses, com ganhos de 510,5% e 128,3%.
Nos Estados Unidos, Dow Jones opera em alta de 0,29% e o S&P 500 sobe 0,65%. Já na Europa, os principais indices fecharam em queda. O FTSE 100, de Londres, caiu 0,52%.
No caso do DAX, de Frankfurt, o recuo foi de 0,36% e o CAC 40 caiu 0,45%.
No mercado de câmbio, o real acabou ganhando força frente ao dólar com o ajuste de posições. Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio, lembra que os investidores reduziram um pouco o receio com a possibilidade de rebaixamento da nota de crédito (rating) do Brasil e esse alívio permitiu o desmonte dessas operações (como eles esperavam por um corte da nota, a expectativa era de saída de recursos do Brasil, então a saída era comprar dólar de forma antecipada, no mercado à vista ou futuro).
— O desmonte de posições protecionistas montadas pelo receio de um “downgrade” (rebaixamento) por parte das agências de classificação de risco levou à oferta da moeda no mercado futuro, justificando dessa forma a acentuada desvalorização da moeda estrangeira no mercado local — explicou.