O Globo
BUENOS AIRES — Alberto Nisman, o promotor que foi encontrado morto dias após ter acusado a ex-presidente Cristina Kirchner de ter acobertado o papel do Irã no ataque a bomba a um centro comunitário judeu em 1994, foi assassinado, disse um juiz federal nesta terça-feira.
Em uma decisão de 656 páginas, o juiz Julian Ercolini disse que há provas suficientes para concluir que o tiro na cabeça que matou Nisman em janeiro de 2015 não foi autoinflingido.
Foi a primeira vez que um juiz considerou o caso como assassinato.
Cristina e outros sugeriram que a morte foi suicídio, mas um promotor que investigava o caso no ano passado recomendou que fosse conduzida uma investigação de homicídio.
"A morte de Nisman não pode ter sido um suícidio", escreveu Ercolini na decisão de terça-feira, que também acusou Diego Lagomarsino, ex-funcionário de Nisman, de ligação com o crime.
Lagomarsino admitiu ter emprestado a Nisman a arma que o matou um dia antes de uma aparição prevista no Congresso para detalhar sua alegação contra Cristina Kirchner. Mas ele disse que Nisman pediu a arma para proteger a si mesmo e sua família.
Cristina, que agora é senadora, foi indiciada por traição neste mês devido às alegações de Nisman de que ela trabalhou nos bastidores para livrar o Irã da culpa pelo ataque ao centro judeu AMIA, que deixou 85 mortos, com o objetivo de normalizar as relações e fechar um acordo de comércio de grãos e petróleo com Teerã em 2013.