sexta-feira, 5 de maio de 2017

VÍDEOS - ‘Vaccari era o homem do Lula para cuidar dos interesses das empresas na Petrobras’, afirma Renato Duque

Ricardo Brandt, Luiz Vassallo e Fausto Macedo - O Estado de São Paulo

Ex-diretor de Serviços da Petrobras revela que o então tesoureiro do PT 'foi apresentado como homem do presidente' na estatal



O ex-tesoureiro do PT João Vaccari. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto era ‘o homem’ do ex-presidente Lula no esquema instalado na Petrobrás. A afirmação é do ex-diretor de Serviços da petrolífera Renato Duque, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, nesta sexta-feira, 5. “Vaccari é da criação do PT, salvo engano. Vaccari foi apresentado como homem do presidente Lula, que iria cuidar dos interesses das empresas que atuavam junto à Petrobrás, interesses do presidente Lula, interesses políticos.”
A Lava Jato descobriu a ação de um poderoso cartel de empreiteiras na Petrobrás entre 2004 e 2014 – período que pegou os dois governos de Lula e o primeiro de Dilma. O cartel distribuiu propinas a partidos, políticos e ex-dirigentes da estatal, inclusive para o próprio Duque, condenado a 20 anos de prisão em uma das ações penais da Lava Jato.
As revelações de Duque indicam que o ex-presidente escalou Vaccari para ‘cuidar dos interesses’ dessas empreiteiras na petrolífera. Vaccari também está na prisão da Lava Jato, desde abril de 2015, já condenado por Moro.
A Diretoria de Serviços, que Duque comandou, era cota do PT na Petrobrás, afirmam os investigadores.
Preso em Curitiba, foi o próprio Duque que pediu ao juiz Moro que tomasse seu depoimento – anteriormente, em outras audiências, o ex-diretor adotou o silêncio como estratégia de defesa.
Agora, resolveu confessar. Apontou para Lula, a quem atribuiu o papel de ‘comandante’ do esquema Petrobrás.
Indagado sobre se a arrecadação de dinheiro ilícito era destinada ao PT e como esse dinheiro chegava ao partido, Renato Duque declarou. “Sempre através do tesoureiro, com Delúbio Soares, depois Paulo Ferreira e depois o Vaccari. Todos sabiam. Ninguém desconhecia.”
Duque contou a Moro que se reuniu três vezes com Lula. “Eu tive, após a saída da Petrobrás, três encontros com Lula, um em 2012, um em 2013 e o último em 2014. No encontro de 2012 prá mim ficou muito evidente, fiquei surpreendido com o conhecimento que ele tinha sobre esse projeto de sondas. Ele me questionou, só relembrando, eu já estava fora da Petrobrás desde abril, esse primeiro encontro se deu em julho de 2012 a meu pedido, eu conversei com o Vaccari que eu queria agradecer pelo período que eu passei na Petrobrás. Ele (Lula) começou a fazer algumas perguntas sobre a questão das sondas, uma delas porque não tinha sido aprovado ainda. ‘Presidente, eu não sei responder, eu estou fora da empresa’.”
“Fiquei surpreendido porque naquela hora o presidente Lula e o Vaccari, ficou claro prá mim, que o nível de informação ele conhecia tudo e falando esse tipo de coisa na frente do Vaccari, na minha frente, eu falei poxa ele tá comandando tudo.”
“Vaccari realmente era um braço que atuava pro Lula.”
Duque falou sobre o segundo encontro. “Aí teve um segundo encontro que, da mesma maneira, ele fez perguntas sobre sondas, poque não estava recebendo até então, em 2013. Perguntou se eu sabia porque as empresas não estavam pagando, eu não soube responder, ‘também não acompanho isso’.
O terceiro encontro com Lula, disse Duque, foi no hangar da TAM no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
COM A PALAVRA, O INSTITUTO LULA
“O depoimento do ex-diretor da Petrobras Renato Duque é mais uma tentativa de fabricar acusações ao ex-presidente Lula nas negociações entre os procuradores da Lava Jato e réus condenados, em troca de redução de pena. Como não conseguiram produzir nenhuma prova das denúncias levianas contra o ex-presidente, depois de dois anos de investigações, quebra de sigilos e violação de telefonemas, restou aos acusadores de Lula apelar para a fabricação de depoimentos mentirosos.
“O desespero dos procuradores aumentou com a aproximação da audiência em que Lula vai, finalmente, apresentar ao juízo a verdade dos fatos. A audiência de Lula foi adiada em uma semana sob o falso pretexto de garantir a segurança pública. Na verdade, como vinha alertando a defesa de Lula, o adiamento serviu unicamente para encaixar nos autos depoimentos fabricados de ex-diretores da OAS (Leo Pinheiro e Agenor Medeiros) e, agora, o de Renato Duque”.
“Os três depoentes, que nunca haviam mencionado o ex-presidente Lula ao longo do processo, são pessoas condenadas a penas de mais de 20 anos de prisão, encontrando-se objetivamente coagidas a negociar benefícios penais. Estranhamente, veículos da imprensa e da blogosfera vinham antecipando o suposto teor dos depoimentos, sempre com o sentido de comprometer Lula”.
O que assistimos nos últimos dias foi mais uma etapa dessa desesperada gincana, nos tribunais e na mídia, em busca de uma prova contra Lula, prova que não existe na realidade e muito menos nos autos.”