Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Folhapress | |
José Dirceu chega à Justiça Federal para participar de depoimento |
JOSÉ MARQUES - Folha de São Paulo
José Dirceu é preso em Brasília, durante a 17ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Pixuleco, e levado ao Complexo Médico Penal, em Pinhais, no Paraná. Em maio de 2016, é condenado a 23 anos pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e organização criminosa no esquema da Petrobras
Uma semana após o STF (Supremo Tribunal Federal) iniciar o julgamento de pedido de liberdade provisória (habeas corpus) de José Dirceu, o Ministério Público Federal no Paraná apresentou nesta terça (2) denúncia contra o ex-ministro sob a acusação de recebimento de propina.
Em entrevista coletiva, o procurador Deltan Dallagnol afirmou que a denúncia já estava sendo "elaborada e amadurecida", mas, em razão da análise do habeas corpus pelo STF, "houve a precipitação" de sua apresentação. O objetivo foi trazer à tona novos elementos, "que podem ser ou não considerados pelo Supremo" para decidir sobre o pedido de liberdade.
Não foi feito, no entanto, novo pedido de prisão preventiva contra o ex-ministro.
Segundo a Procuradoria, Dirceu recebeu cerca de R$ 2,4 milhões das empreiteiras UTC e Engevix a partir de contratos com a Petrobras entre 2011 e 2014 —antes, durante e depois do julgamento do mensalão.
Outras quatro pessoas também foram denunciadas, entre elas o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. A acusação diz que houve 33 crimes de lavagem de dinheiro para permitir o recebimento das quantias por Dirceu.
A denúncia descreve pagamentos de propina a uma assessoria de comunicação que prestava serviços para o ex-ministro, que não conseguia pagar as despesas.
Dirceu já foi condenado duas vezes pelo juiz Sergio Moro, que conduz a Lava Jato no Paraná, a 32 anos de prisão, mas as apelações ainda não foram analisadas pelo Tribunal Regional Federal. Ele foi preso em 3 de agosto de 2015.
O pedido habeas corpus é julgado pela Segunda Turma do Supremo. Na última semana, os ministros deram liberdade a dois condenados por Moro: João Carlos Genu, ex-assessor do PP, e José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
-
AS PRISÕES DE DIRCEU
Ex-ministro de Lula está preso pela terceira vez, desde o regime militar
1ª PRISÃO
12.out.1968
José Dirceu, então líder estudantil, é preso pelo regime militar em congresso clandestino da UNE na zona rural de Ibiúna (SP)
José Dirceu, então líder estudantil, é preso pelo regime militar em congresso clandestino da UNE na zona rural de Ibiúna (SP)
6.set.1969
Dirceu é deportado para o México com outras 14 pessoas em troca da liberdade do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Elbrick, sequestrado por militantes da organização de esquerda MR-8
Dirceu é deportado para o México com outras 14 pessoas em troca da liberdade do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Elbrick, sequestrado por militantes da organização de esquerda MR-8
Divulgação | ||
Dirceu (o segundo em pé, da esq. à dir.) e outros guerrilheiros em 1969 |
2ª PRISÃO
15.nov.2013
Condenado a 7 anos e 11 meses por corrupção ativa no esquema do mensalão, Dirceu é preso e levado para o Complexo Penal de Papuda, em Brasília
Condenado a 7 anos e 11 meses por corrupção ativa no esquema do mensalão, Dirceu é preso e levado para o Complexo Penal de Papuda, em Brasília
2.jul.2014
O ex-ministro vai para o Centro de Progressão Penal, onde passa as noites, e trabalha em um escritório de advocacia durante o dia
O ex-ministro vai para o Centro de Progressão Penal, onde passa as noites, e trabalha em um escritório de advocacia durante o dia
4.nov.2014
José Dirceu é transferido para prisão domiciliar. Sua pena é extinta em outubro de 2016 —quando ele já estava preso novamente
José Dirceu é transferido para prisão domiciliar. Sua pena é extinta em outubro de 2016 —quando ele já estava preso novamente
Eduardo Knapp - 15.nov.2013/Folhapress | ||
Dirceu saúda militantes ao chegar à sede da Polícia Federal |
3ª PRISÃO
2.ago.2015
José Dirceu é preso em Brasília, durante a 17ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Pixuleco, e levado ao Complexo Médico Penal, em Pinhais, no Paraná. Em maio de 2016, é condenado a 23 anos pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e organização criminosa no esquema da Petrobras
Mar.2017
É condenado novamente em primeira instância, a 11 anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele nega e recorre das decisões
Pedro Ladeira - 4.ago.2015/Folhapress | ||
O ex-ministro durante sua transferência para prisão no Paraná |