quarta-feira, 17 de maio de 2017

JE Cardozo deu versão ‘grotesca e absurda’ sobre prisão e caixa 2, diz João Santana

Com O Globo


O marqueteiro João Santana, segundo o mesmo, “rompeu o compromisso” que dizia ter consigo mesmo, de só tratar dos termos da delação premiada dele com a Justiça, e divulgou nesta quarta-feira nota repudiando a entrevista do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo ao GLOBO.
Classificando a entrevista de Cardozo como “grotesca e absurda”, João negou haver qualquer contradição nos depoimentos seu e de sua mulher, Monica Moura. Santana sustenta que soube, pela ex-presidente Dilma Rouseff, que “a prisão seria iminente” e sustentou as veracidades do e-mail em que teria sido alertado disso, apresentando pelo casal em sua defesa. Na entrevista ao GLOBO, Cardozo, ministro da Justiça de Dilma, negou ter repassado informações da Operação Lava-Jato à ex-presidente.
“ Apenas para ficar em dois indícios não devidamente noticiados : se não estivéssemos sendo informados da iminência da prisão, porque chamaríamos, na sexta, 19 de fevereiro, o nosso então advogado, Fabio Tofic, para que viesse às pressas a S. Domingos?”, diz João. “ Por que cancelaríamos nosso retorno ao Brasil, dias antes, com passagem comprada e com reserva já confirmada ?”, comenta João.
O marqueteiro também reputa declarações de Cardozo, que disse ser “inverossímil” as informações dos marqueteiros de que Dilma recebeu caixa 2 fora do Brasil. “João Santana recebeu R$ 70 milhões declarados por uma campanha eleitoral. É muito dinheiro para ter esse caixa 2”, disse o ex-ministro da Justiça.
João contesta:
“Com relação ao Caixa-2, o advogado Cardoso insiste também na versão surrada expressa a mim, desde 2015, pela presidente Dilma (...). Este argumento não se sustenta para qualquer pessoa que conheça os altos custos e a realidade interna das campanhas”, afirma..
Segundo João, Cardozo disse na entrevista, “de forma enviesada”, que haveria um espécie de acordo tácito entre ele e Marcelo Odebrecht para misturar caixa dois das campanhas do exterior com a campanha de Dilma.
“É uma mentira deslavada : nos nossos depoimentos está bem discriminado o que são campanhas do exterior e campanhas do Brasil”, afirmou João.
“ De forma cínica diz que não houve caixa dois nas campanhas de 2010 e 2014. Pra cima de mim, José Eduardo?”.
Na nota João diz que as únicas vezes em que mentiu sobre a presidente Dilma - e “isso já faz algum tempo - foi para defendê-la”. “Jamais para acusá-la”. O marqueteiro lamentou ainda “por tudo que ela, Mônica e eu estamos passando”.
Leia a nota de João Santana na íntegra:
A grotesca e absurda entrevista do advogado José Eduardo Cardozo ao Globo faz-me romper o compromisso - que tinha comigo mesmo - de somente tratar dos termos das colaborações, minha e de Mônica, no âmbito da Justiça.
Desta forma, digo de forma sucinta ( e reservo detalhes para momentos apropriados) :
1. Não há nenhuma contradição naquilo que Mônica e eu afirmamos sobre as informações recebidas, em fevereiro de 2016, a respeito de nossa prisão iminente. Quando disse que soube da prisão pelas câmeras de segurança de minha casa -acessadas por computador desde a República Dominicana - referia-me ao óbvio : foi naquele momento, na manhã do dia 22 de fevereiro, que eu vi, de fato e realmente, a prisão concretizada.
2. Antes, sabíamos, por informações da presidente Dilma, que a prisão seria iminente. Seu último informe veio no sábado, em e-mail redigido com metáforas, cuja cópia está anexada aos termos da nossa colaboração.
3. Apenas para ficar em dois indícios não devidamente noticiados : se não estivéssemos sendo informados da iminência da prisão, porque chamaríamos, na sexta, 19 de fevereiro, o nosso então advogado, Fabio Tofic, para que viesse às pressas a S. Domingos?
4. Por que cancelaríamos nosso retorno ao Brasil, dias antes, com passagem comprada e com reserva já confirmada ? ( A Polícia Federal chegou a esse detalhe através de investigação feita na época).
5. Com relação ao Caixa-2, o advogado Cardoso insiste também na versão surrada expressa a mim, desde 2015, pela presidente Dilma, de que o "altíssimo custo" oficial da campanha seria uma prova vigorosa de que não houvera "pagamentos não contabilizados". Este argumento não se sustenta para qualquer pessoa que conheça os altos custos e a realidade interna das campanhas.
6. Diz, também, de forma enviesada que haveria um espécie de acordo tácito entre eu e Marcelo Odebrecht para misturar caixa dois das campanhas do exterior com a campanha de Dilma. É uma mentira deslavada : nos nossos depoimentos está bem discriminado o que são campanhas do exterior e campanhas do Brasil.
7. De forma cínica diz que não houve caixa dois nas campanhas de 2010 e 2014. Pra cima de mim, José Eduardo?
8. Para finalizar, afirmo que as únicas vezes que menti sobre a presidente Dilma - e isso já faz algum tempo - foi para defendê-la. Jamais para acusá-la. Lamento por tudo que ela, Mônica e eu estamos passando. A vida nos impõe momentos e verdades cruéis.
JOÃO SANTANA