A criminalista Beatriz Catta Preta, estrela na apuração do petrolão, armou uma grande confusão com sua entrevista ao "Jornal Nacional" de quinta-feira (30).
Após conduzir uma leva de malfeitores confessos a abrir o bico para evitar o destino de Marcos Valério e abrandar suas penas, Catta Preta saiu intempestivamente de cena.
Se disse perseguida pela CPI da Petrobras. De fato, convocar advogado para saber o quanto ganha não é nada menos do que constrangimento ilegal. Mas ela foi além, alegando perigo de vida para si e sua família.
De forma calculada para fugir de processos (é uma advogada, afinal), apontou o dedo para Eduardo Cunha, o acuado presidente da Câmara, virtual denunciado na Lava Jato e mentor intelectual da CPI.
Além disso, apresentou uma versão esquisita sobre a inclusão do nome de Cunha no rol de acusados por um de seus clientes, Julio Camargo.
Durante meses, ele negou que o deputado tivesse sido favorecido pelo petrolão; de repente, incluiu um "pixuleco" de US$ 5 milhões na conta do peemedebista. Segundo ela, Camargo temia Cunha. Depois, à sombra da PGR (Procuradoria-Geral da República), tomou coragem.
Ambas as histórias encerram dúvidas. Ou a advogada diz quem a ameaçou, e como, ou terá sido apenas leviana contra um Poder da República.
No caso de Camargo, é pior. Ao relatar a mudança da narrativa, Catta Preta coloca outras delações sob sua batuta na Lava Jato sob a mesma suspeição. Isso é péssimo para uma operação que até aqui trouxe mais ganhos do que perdas institucionais.
De quebra, ela dá gás à teoria alimentada por Cunha de que a PGR o persegue de forma seletiva. Não é assim, até porque ele já estava bem enrolado devido à apuração de requerimentos sobre empresas, mas que o relato sobre a delação de Camargo soa pouco crível, isso é incontestável.
Catta Preta serviria ao país se elucidasse esses pontos. Fala, doutora!