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O ex-ministro José Dirceu durante sessão da CPI da Petrobras, em Curitiba; ele ficou calado |
AGUIRRE TALENTO - Folha de São Paulo
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi dispensado da CPI da Petrobras em menos de 15 minutos após o início de seu depoimento, na manhã desta segunda-feira (31).
Seguindo orientação de sua defesa, ele optou por permanecer em silêncio e disse que não responderia a nenhuma pergunta dos deputados.
Os congressistas questionaram, por exemplo, se efetivamente prestou serviços de consultoria –pergunta feita pelo relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).
O deputado Delegado Waldir (PSDB-GO) lhe perguntou se seria o "líder dessa organização criminosa" ou se haveria alguém acima dele. O deputado Carlos Andrade (PHS-RR) questionou Dirceu se "deveria ser considerado um traidor do Brasil".
Em todas, a resposta do ex-ministro foi a mesma: que permaneceria em silêncio.
Só dois parlamentares petistas estavam presentes: o relator da CPI, Luiz Sérgio, e a deputada Maria do Rosário (RS).
Coube a Maria do Rosário fazer uma defesa de Dirceu, reclamando que, quatro semanas após sua prisão, a Polícia Federal ainda não tomou seu depoimento.
"Não há aqui alguém que foi danoso ao patrimônio público ou à Petrobras. Quero de peito aberto dizer que essa companhia foi revigorada ao longo do governo do [ex-]presidente Lula e da presidente Dilma", disse a deputada.
CPI
Dirceu foi o primeiro a ser ouvido na audiência, realizada na Justiça Federal no Paraná, onde estão previstas três sessões da CPI para ouvir os presos na Operação Lava Jato.
O ex-ministro chegou acompanhado de seu advogado, Roberto Podval, e escoltado por policiais federais. Cumprimentou os parlamentares da mesa diretora da CPI e se sentou.
Ao receber a palavra para suas declarações iniciais, Dirceu disse: "Seguindo orientação do meu advogado, vou permanecer em silêncio".
O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), ofereceu-lhe que seu depoimento fosse feito em uma sessão reservada, sem a presença da imprensa, para que pudesse responder às perguntas, mas Dirceu reiterou que ficaria em silêncio.
Ainda assim, Motta não o dispensou imediatamente de prestar depoimento.
Dirceu foi preso pela Polícia Federal no início deste mês, em mais uma etapa da Operação Lava Jato, sob suspeita de ter recebido propina da Petrobras por meio de consultorias prestadas a empreiteiras investigadas. O ex-ministro nega a acusação e diz que os serviços foram efetivamente prestados.