O povo brasileiro não é burro e sabe quem está atentando contra a soberania nacional e os direitos básicos dos cidadãos, como a liberdade de expressão
Samuel Johnson chamou o patriotismo de “último refúgio dos canalhas”. Claro que alguém sábio como Johnson não tinha em mente aquele amor genuíno pela pátria, mas, sim, um falso nacionalismo que apela para sentimentos comuns no afã de mascarar interesses particulares. É impossível ver a reação petista ao avanço americano contra nossa censura e não lembrar do alerta do grande escritor vitoriano.
Augusto de Arruda Botelho, por exemplo, escreveu: “Patriota que comemora Estado estrangeiro criticando publicamente — e equivocadamente — um dos Poderes do seu próprio país: temos”. A resposta do advogado André Marsiglia foi no alvo: “Botelho, gostar de um país não é bater palmas ou ficar em silêncio para o arbítrio. Não é defender o país de críticas estrangeiras, a qualquer preço, mesmo quando estamos errados. Isso não é ser patriota, isso é ser tolo”.
Ricardo Cappelli, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, foi na mesma linha do companheiro Botelho: “Você pode ser de direita ou de esquerda. Mas as declarações do Departamento de Estado dos EUA sobre assuntos internos do Brasil são INACEITÁVEIS. Pedir intervenção de um país estrangeiro no Brasil é INACEITÁVEL. A defesa da soberania nacional é tarefa de TODOS os brasileiros”.
Puxar a cartada da “soberania nacional” novamente não vai adiantar nada. Os petistas tentaram isso quando ministros supremos partiram para cima das plataformas, em especial o X de Elon Musk. O povo brasileiro não é burro e sabe quem está atentando contra a soberania nacional nesse embate, contra os direitos básicos dos cidadãos, como a liberdade de expressão. É a turma no poder que tem rifado nosso patrimônio para os colegas chineses e seguido o projeto totalitário de poder do Foro de São Paulo.
As big techs querem justamente um ambiente de liberdade, que vem sendo negado pelo ativismo supremo. Alexandre de Moraes achou que sua jurisdição era planetária e passou a cometer os mesmos abusos domésticos para além das fronteiras. Ele só não contava com a mudança de postura do governo americano após a derrota de Biden, aquele que, aí, sim, interferiu em nossas eleições com recadinhos de enviados do deep state, um ato de imperialismo ianque que não incomoda nossa esquerda.
Vejamos notícias do Globo, Correio Braziliense e CNN Brasil: “Alexandre de Moraes determina bloqueio de perfis bolsonaristas no Twitter a nível internacional”; “Moraes determina bloqueio global de contas de bolsonaristas no Twitter”; “Facebook cumpre ordem de Moraes e faz bloqueio global de contas de bolsonaristas”. Eram todas fake news que merecem inquérito do próprio ministro, ou Moraes pensou que mandava no mundo todo?
Eis o fato: um “juiz” de um país qualquer não pode sair perseguindo residentes americanos por meio de empresas americanas. Isso, sim, fere a soberania nacional da maior democracia do planeta. O que o governo Trump está fazendo, portanto, é reagir a tamanho abuso de poder e proteger a Constituição americana. Quando sua empresa de mídia entra na Justiça ao lado do Rumble para constatar, como fez a juíza, que ordens dessa natureza emitidas por e-mail pelos “jagunços alexandrinos” são totalmente inválidas no país, isso é para determinar com clareza até onde vai o abuso de poder do STF tupiniquim.
Por total covardia e cumplicidade do Congresso Nacional, os ministros supremos têm pintado e bordado no Brasil, inventando crimes de opinião, perseguindo oponentes, legislando sem autoridade, prendendo desafetos e censurando críticos. Já é um despautério e coisa de ditadura, republiqueta das bananas. Mas ter a pretensão de exportar esses métodos para outro país, para a nação mais poderosa do mundo, onde a liberdade é um valor consolidado, tradicional e respaldado pela Suprema Corte — aí foi megalomania demais desses tiranetes.
Parece que eles vão descobrir do jeito mais duro quais são os limites para tantos abusos. Se o tom da “assessoria de imprensa” do STF no começo era de piada entre os ministros, para ver quem perderia primeiro seu visto americano, agora essa realidade bate à porta com a aprovação na CCJ do Congresso americano de um projeto feito sob medida para punir figuras como Alexandre de Moraes. E isso foi só o começo. Congressistas têm falado abertamente do Magnitsky Act, que pode transformar Moraes num pária global rejeitado pelo sistema financeiro que opera nos Estados Unidos, além de a Embaixada Americana ter publicado uma nota pesada contra a censura brasileira e o próprio presidente Trump ter ameaçado com tarifas exorbitantes países que perseguem empresas americanas.
O jogo mudou. A cavalaria americana veio reforçar as frentes de batalha contra os comunistas. Essa é a grande chance dos verdadeiros patriotas, que querem se livrar dos vassalos do regime comunista chinês e respirar ares mais livres. O regime tucanopetista no poder pode até dobrar a aposta, mas o custo será alto demais. Desta vez, o Brasil terá mesmo de virar uma espécie de Cuba ou Venezuela, ficando inviável manter as aparências de democracia perante o mundo livre. Os nossos donos do poder toleram tamanho revertério? As consequências não ficarão limitadas a trocar Nova York por Caracas e Miami por Havana, isso posso garantir. Vale destruir de vez o país para proteger Moraes e seus cúmplices?
Rodrigo Constantino, Revista Oeste