domingo, 9 de fevereiro de 2025

'As Notas da Comunidade revelaram quem de fato mente nas redes sociais', por Flávio Morgenstern

Modelo descentralizado acabou ‘checando os checadores’ e se tornou pesadelo da esquerda e dos poderosos



FLAVIO MORGENSTERN - Revista Oeste

“ERRATA. ‘Ao contrário do que disse no meu comentário sobre as diferenças entre nota de comunidade e o sistema de checagem de fatos, as notas no X são abertas a todos os usuários da rede, independentemente de serem verificados ou não, de pagarem ou não’”. A errata foi postada pelo perfil da GloboNews no X, não sem certa surpresa: a GloboNews não é famosa por pedir desculpas, desinteressando o tamanho do erro. 

A ironia suprema do fato é que o jornalista Octávio Guedes, da GloboNews, estava criticando as “notas da comunidade” por, em sua visão, não serem tão eficientes quanto o modelo centralizado em agências. “A nota da comunidade não substitui a checagem dos fatos. Ponto. (…) O fim da checagem de fatos transforma o que é ruim em péssimo”. Resultado: o próprio tuíte foi checado pela comunidade. Mostrando, pelo próprio exemplo, que o sistema de notas da comunidade é superior.


“O que é ‘notas da comunidade’? No X, só pode dar nota quem é verificado, e você tem que pagar por isso. Então, não é bem comunidade. É de pagantes, de assinantes. (...) A nota da comunidade não substitui a checagem dos fatos. Ponto. Essa história de ‘notas da comunidade’ é…


Contexto adicionado pelos leitores
Não é necessário ser assinante do X para escrever ou votar em notas da comunidade. Qualquer usuário com conta ativa e que atenda aos critérios básicos de participação pode contribuir com as notas. Essa informação está disponível diretamente nas diretrizes da ferramenta. communitynotes.x.com/guide/pt/contr…
O contexto é escrito por pessoas que usam o X e exibido quando avaliado como útil por outras pessoas. Saiba mais.


Globo News

ERRATA “Ao contrário do que disse no meu comentário sobre as diferenças entre nota de comunidade e o sistema de checagem de fatos, as notas no X são abertas a todos os usuários da rede, independentemente de serem verificados ou não, de pagarem ou não. “No X, basta que o usuário atenda aos critérios de elegibilidade da plataforma para se inscrever no programa Notas da Comunidade. Ao se tornar um colaborador, o usuário, sob um pseudônimo para manter sua identidade em sigilo, pode avaliar a utilidade de todas as notas e dar suas contribuições, que são avaliados por outros colaboradores. “A publicação só é feita se a nota foi avaliada como útil por um número suficiente de pessoas de diferentes perspectivas.” Octávio Guedes



Na prática, o que está em jogo na disputa pela moderação das redes sociais são dois modelos diferentes. O modelo utilizado pelas próprias redes desde a primeira eleição de Donald Trump é o das agências de “checagem de fatos”: grandes conglomerados de mídia criam um departamento de “checagem”. Como podem escolher o que checam e o que deixam de checar, todas essas agências só checam inimigos políticos. Assim, a impressão de que se tem é a de que apenas um lado comete erros. Ou “produz fake news”, como virou moda repetir depois que cunharam o termo para explicar como Trump foi eleito em 2016, mesmo tendo toda a mídia contra ele.

Com o poderio dos grandes conglomerados que as financiam, além de muito dinheiro de instituições governamentais e privadas que podem fazer lobby, as agências de checagem rapidamente se atrelaram às próprias redes sociais, onde seu papel, de player político, passa a ser o de censor, removendo conteúdos desagradáveis a um dos espectros políticos (vide o livro de Peter J. Hasson, Os Manipuladores: A guerra do Facebook, Google, Twitter e das Big Techs contra a direita). No exemplo da Globo, é impossível imaginar a agência “É fato ou fake?” investigando se a fala de um jornalista da própria Globo é mentirosa. Uma empresa de jornalismo passa a ser também de censura política. 


Ou seja: agora, a checagem da veracidade de uma informação não está nas mãos de uma meia dúzia de jornalistas muito bem pagos dentro de uma multinacional transcontinental, checando apenas o que querem — e cometendo muitos erros na checagem, como a pandemia de 2020 não nos deixa mentir. Agora, todos podem checar — bem ao contrário do que afirmou Octávio Guedes, e por isso sua fala foi tratada como falsa, o que nunca ocorria com alguém da Globo, não importando o despautério, com o sistema de “checagem de fatos” controlado por eles próprios. Leandro Ruschel @leandroruschel · Seguir Então o coordenador do MBL não vê problema num sujeito com mais de 50 anos "consumando" o casamento com uma menina de 9 anos? 

Poder-se-ia estar comemorando a “democratização” da moderação. O poder dado às pessoas. A vitória de um sistema mais barato e, GloboNews à parte, mais eficiente e mais rápido. O melhor: sem censura. Nada de conteúdo “derrubado” (como viramos especialistas em eufemismos) e contas retidas. Nada de “checagens” que são meras interpretações divergentes — e sem nenhum CPF a ser processado para se exigir o devido processo legal. Mas como comemorar algo bom para a humanidade, quando sua empresa lucra menos com o bem comum, além de perder a capacidade de censurar políticos, jornalistas e cidadãos rivais? Como comemorar um sistema eficiente para se saber a verdade, no qual um burocrata não pode exigir que sumam com determinado conteúdo de que ele pessoalmente desgoste, pedindo que se “use a criatividade

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