Foto Reuters
No ultimo domingo, 15 de setembro, Donald Trump
sobreviveu a uma segunda tentativa de assassinato, apenas
há dois meses de ter escapado de um tiro na cabeça em um
comício na Pensilvânia.
Depois de se esconder por 12 horas, um atirador alinhou um rifle AK47 com mira telescópica através da cerca de arame que rodeava o
resort onde Trump jogava golfe com amigos na Flórida. Os tiros que
poderiam ter matado o candidato republicano só foram evitados pela
rápida ação de um agente do Serviço Secreto que disparou contra o
atirador antes de uma possível tragédia.
Em uma postagem de abril no X, o quase assassino que foi capturado
depois de fugir do local, Ryan Routh, alegou que o ex-presidente
Donald Trump “tornaria os americanos escravos novamente” e que
“democracia estava na cédula”.
Em maio deste ano, o consagrado e desmiolado ator Robert De Niro
desenterrou a cartilha de demonização de inimigos políticos e em uma
performance patética vomitou a ladainha dos lunáticos que querem,
literalmente, dizimar seus oponentes. Em tom além de raivoso, De
Niro chamou o ex-presidente de um “perigo” para os americanos e
disse:
“Donald Trump quer destruir Nova York, destruir a América e ele vai acabar
destruindo o mundo. E, se você o reeleger, ele nunca deixará o cargo. Não
quero te assustar. Não, espera, talvez eu queira te assustar. Se Trump
retornar à Casa Branca, você pode dar adeus a essas liberdades que todos nós
tomamos como certas. Ele se tornará um ditador para o resto da vida! E
eleições? Esqueça isso. Acabou. Acabou. Se ele entrar, posso te dizer agora
mesmo: ele nunca vai embora. Ele nunca vai embora. Você sabe disso. Ele
nunca vai embora.”
Há anos, o mesmo tipo de linguagem incendiária tem sido usada pela
velha mídia corporativa esquerdista para difamar e desumanizar
Trump. No provável único debate com Kamala Harris, Trump ligou a
tentativa de assassinato à retórica dos democratas:
“Provavelmente levei um tiro na cabeça por causa das coisas que dizem sobre
mim. Eles falam sobre democracia — sou uma ‘ameaça à democracia’, mas
eles são uma ameaça à democracia.”
Mas o que os democratas tanto proferiram contra Donald Trump?
Bem, basta uma rápida pesquisa, e apenas os primeiros exemplos são
estarrecedores:
• “Trump é uma ameaça à nossa democracia e às liberdades fundamentais” —
Kamala Harris
• “É hora de colocar Trump no alvo” — Joe Biden
• “Não podemos dar a este homem muito perigoso outra chance de fazer mal ao
nosso país e ao mundo” — Hillary Clinton
20/09/2024, 13:00 A nova face do ódio - Revista Oeste
https://revistaoeste.com/revista/edicao-235/a-nova-face-do-odio/ 3/11
Ora, o que as pessoas fariam diante do “novo Adolf Hitler”?
Ao longo da história, a retórica tóxica e cheia de ódio tem mostrado ser
uma força poderosa, capaz de incitar violência, fomentar divisões e
justificar atrocidades.
E, claro, um dos exemplos mais infames disso é
a era de Hitler, na qual a propaganda nazista, sob a liderança de Adolf
Hitler, desempenhou um papel crucial na disseminação de mensagens
profundamente antissemitas e racistas. A desumanização dos judeus
foi central na retórica nazista, com Hitler e seus propagandistas
retratando-os como ameaças sub-humanas à “raça ariana” e à “ordem
democrática alemã”. Essa representação justificou medidas cada vez
mais severas contra a população judaica, culminando nos horrores do
Holocausto. Os discursos de Hitler e a narrativa nazista de culpar os
judeus pelos problemas econômicos da Alemanha e pela derrota na
Primeira Guerra Mundial alimentaram ainda mais as chamas do ódio.
O genocídio cambojano sob o regime do Khmer Vermelho, ou Partido
Comunista do Kampuchea, o partido governante do Camboja de 1975
a 1979, é outro exemplo de como a retórica tóxica pode ter
consequências mortais. Em quatro anos, cerca de 1,7 milhão de
pessoas morreram enquanto o Khmer Vermelho, liderado por Pol Pot,
buscava “depurar” a sociedade cambojana de qualquer um associado
ao governo anterior, intelectuais e outros “inimigos do Estado”.
A
• “Os republicanos são uma ameaça à democracia? Sim. Eles vão colocar a vida
das pessoas em perigo? Sim” — Tim Walz, governador de Minnesota e vice
na chapa de Kamala Harris
• “Trump é uma ameaça à nossa democracia como nunca vimos antes” — Nancy
Pelosi, líder dos democratas na Câmara (House) e um dos mais
proeminentes nomes do partido
• “Trump é um inimigo dos Estados Unidos” — Steve Cohen, deputado
democrata pelo Tennessee.
“Trump é destrutivo para a nossa democracia… ele tem que ser eliminado” —
Dan Goldman, deputado democrata por Nova York e relator de um dos
pedidos de impeachment de Donald Trump.
Ora, o que as pessoas fariam diante do “novo Adolf Hitler”?
Ao longo da história, a retórica tóxica e cheia de ódio tem mostrado ser
uma força poderosa, capaz de incitar violência, fomentar divisões e
justificar atrocidades. E, claro, um dos exemplos mais infames disso é
a era de Hitler, na qual a propaganda nazista, sob a liderança de Adolf
Hitler, desempenhou um papel crucial na disseminação de mensagens
profundamente antissemitas e racistas. A desumanização dos judeus
foi central na retórica nazista, com Hitler e seus propagandistas
retratando-os como ameaças sub-humanas à “raça ariana” e à “ordem
democrática alemã”.
Essa representação justificou medidas cada vez
mais severas contra a população judaica, culminando nos horrores do
Holocausto. Os discursos de Hitler e a narrativa nazista de culpar os
judeus pelos problemas econômicos da Alemanha e pela derrota na
Primeira Guerra Mundial alimentaram ainda mais as chamas do ódio.
O genocídio cambojano sob o regime do Khmer Vermelho, ou Partido
Comunista do Kampuchea, o partido governante do Camboja de 1975
a 1979, é outro exemplo de como a retórica tóxica pode ter
consequências mortais. Em quatro anos, cerca de 1,7 milhão de
pessoas morreram enquanto o Khmer Vermelho, liderado por Pol Pot,
buscava “depurar” a sociedade cambojana de qualquer um associado
ao governo anterior, intelectuais e outros “inimigos do Estado”. A
• “Os republicanos são uma ameaça à democracia? Sim. Eles vão colocar a vida
das pessoas em perigo? Sim” — Tim Walz, governador de Minnesota e vice
na chapa de Kamala Harris
• “Trump é uma ameaça à nossa democracia como nunca vimos antes” — Nancy
Pelosi, líder dos democratas na Câmara (House) e um dos mais
proeminentes nomes do partido
• “Trump é um inimigo dos Estados Unidos” — Steve Cohen, deputado
democrata pelo Tennessee
• “Trump é destrutivo para a nossa democracia… ele tem que ser eliminado” —
Dan Goldman, deputado democrata por Nova York e relator de um dos
pedidos de impeachment de Donald Trump retórica baseada em classes de Pol Pot retratava esses grupos como
“parasitas” que precisavam ser erradicados. A desumanização de
segmentos inteiros da população permitiu que o regime realizasse
assassinatos em massa e forçasse milhões de pessoas a campos de
trabalho, onde muitas morreram de fome e sob enorme brutalidade.
Mais recentemente, grupos islamistas radicais, como o ISIS e a AlQaeda, usaram retóricas inflamadas por puro ódio para recrutar
seguidores e justificar violências terríveis. Suas mensagens muitas
vezes distorcem textos religiosos para enquadrar suas ações como
parte de uma guerra santa contra infiéis, desumanizando aqueles fora
de sua ideologia.
Ao glorificar o martírio e os atos de violência, esses
grupos apelam a indivíduos vulneráveis, convencendo-os de que o
terrorismo é uma forma justa e necessária de resistência. A retórica
tóxica de tais grupos tem inspirado inúmeros ataques terroristas ao
redor do mundo, perpetuando um ciclo de radicalização e violência.
O uso dessa linguagem desempenhou um papel crucial ao transformar
o medo e o ódio em ação violenta na humanidade.
Quando a retórica
explora preconceitos, medos ou inseguranças profundamente
arraigados, pode romper barreiras morais, fazendo com que a
violência pareça uma resposta justificada ou até necessária. Isso é
especialmente verdadeiro quando tal retórica vem de líderes
influentes que podem usar seu poder para unificar as pessoas em
torno de uma causa destrutiva.
A exemplo do que ocorreu em regimes totalitários e autoritários, o uso
da linguagem inflamatória tem sido uma ferramenta recorrente para
moldar percepções e manipular o comportamento das massas. Um
olhar crítico sobre o passado e o presente revela como essa retórica,
que já foi usada contra comunidades marginalizadas, foi reformulada
e redirecionada em diferentes contextos políticos.
No início do século 20, esse nocivo caminho através das palavras foi
utilizado pelo Partido Democrata para justificar políticas racistas que
afetaram severamente a população negra. As Leis Jim Crow,
implementadas pelo partido de Joe Biden, Kamala Harris e Hillary
Clinton, permitiram a segregação racial nos Estados Unidos de
maneira histórica.
Através de uma narrativa que desumanizava os
afro-americanos e os retratava como uma ameaça à ordem social, o
partido legitimou a repressão violenta e institucionalizada contra a
população negra. Discursos que associavam os negros ao crime, à
inferioridade e à corrupção moral que ruiria os pilares americanos eram amplamente difundidos, resultando em décadas e décadas de
discriminação sistemática.
Hoje, é possível observar uma nova forma de discurso divisório sendo
usada em diferentes frentes, e o cenário político contemporâneo
oferece um paralelo assustador.
Nos últimos anos, a retórica política
nos EUA se tornou cada vez mais polarizada, e um novo alvo dessa
linguagem inflamatória tem sido o ex-presidente Donald Trump e seus
apoiadores.
Desde 2016, o Partido Democrata vem caracterizando Trump e seus
eleitores como uma ameaça à democracia americana, retratando-os
como racistas, xenófobos e até mesmo fascistas.
Na corrida
presidencial daquele ano, a candidata democrata, Hillary Clinton,
chamou os apoiadores de Donald Trump de “cesta de deploráveis”.
Discursando em um evento para arrecadar fundos, ela disse que eles
eram “racistas, sexistas, homofóbicos, xenófobos, islamofóbicos — o que você quiser. Você poderia colocar metade dos apoiadores de
Trump no que eu chamo de cesta dos deploráveis”.
Joe Biden, em um discurso para a nação em 2022, também fez questão
de repetir o palavrório nocivo contra os opositores políticos: “Donald
Trump e seus republicanos MAGA [Make America Great
Again] representam o extremismo que ameaça as fundações de nossa
república. Eles são uma ameaça a este país”.
Essa retórica ajudou a mobilizar uma base de eleitores radicais
democratas, ao passo que criou uma linha divisória rígida entre os
dois lados do espectro político. Da mesma forma que discursos tóxicos
do passado justificavam a marginalização de determinados grupos, o
discurso atual dos democratas contribui para a desumanização de
adversários políticos, pintando-os como inimigos da nação e — sim,
Joe Biden — colocando um alvo em suas costas.
O perigo da nova esquerda radical “woke“, seja nos EUA, no Brasil, seja em
qualquer parte do mundo, está exatamente na sua insistência de que há
apenas uma maneira moralmente aceitável de ver o mundo — a deles
Não é preciso ter mais do que dois neurônios para entender que as
tentativas de assassinato contra Donald Trump podem ser atribuídas à
atmosfera hostil criada por esse discurso não apenas polarizador, mas
que insiste que o republicano é uma verdadeira ameaça a tudo que a
América significa desde a sua fundação.
Ao empregar esse tipo de
linguagem, assim como no passado, retóricas de ódio com divisões
intransponíveis seguem firmemente sendo estabelecidas. E isso é
planejado.
O perigo da nova esquerda radical “woke“, seja nos EUA, no Brasil, seja
em qualquer parte do mundo, está exatamente na sua insistência de
que há apenas uma maneira moralmente aceitável de ver o mundo — a
deles. Aqueles que não seguem rigidamente suas diretrizes são
rotulados como inimigos da justiça e da democracia e merecem o fim
— literalmente. A mesma retórica tóxica que foi usada no passado para desumanizar e demonizar certos grupos agora é usada sob o manto da
“salvação das democracias”.
Atentado contra Trump
Os democratas inauguraram a corrida presidencial deste ano com
uma cascata de litígios criminais para colocar seu principal oponente
político sob cerco judicial. Trump enfrentou quase cem acusações
federais e locais em casos iniciados por promotores políticos ligados
ao Partido Democrata e determinados a prender a ameaça mais
proeminente contra mais quatro anos na Casa Branca.
Depois, tentaram tirar o nome de Donald Trump das cédulas das
primárias republicanas em alguns estados, ação política que foi
impedida pela Suprema Corte Americana que votou — de maneira
unânime — pela permanência do nome de Trump em todas as cédulas
eleitorais.
Se alguma vez houve alguma dúvida sobre quem é, de fato, uma
ameaça à democracia americana, basta olhar para quem continua
sofrendo perseguições e atentados. Parece que as seguidas tentativas
de assassinato contra Trump mostram que os verdadeiros
neofascistas não querem Trump nas cédulas, e nem mais atrás das
grades — mas em um caixão.
Ana Paula Henkel, Revista Oeste