quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Lula discursa sobre clima na ONU, mas incêndios na Amazônia minam sua mensagem - A divergência entre falas do petista e suas ações foi destaque no jornal The Washington Post

 

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a Assembleia-Geral da ONU na última terça-feira, 24, com pedido de mais ações globais contra as mudanças climáticas. Ele mencionou os incêndios devastadores na Amazônia, contudo, não abordou as críticas à administração ambiental de seu governo. A divergência entre o discurso do petista e suas ações foi destaque no jornal The Washington Post desta quarta-feira, 25. 

Com o título “Lula fala sobre clima na ONU, mas incêndios na Amazônia minam sua mensagem”, o texto aponta dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre a Amazônia. O órgão registrou 38 mil focos de incêndio em agosto, o maior número desde 2010. Setembro segue a mesma tendência, e a fumaça afeta boa parte do país. 

Para justificar incêndios, Lula 

menciona seca Lula disse que seu governo “não terceiriza responsabilidades”, no entanto, atribuiu os incêndios à seca e a atividades criminosas, e propôs punições mais severas para os infratores ambientais. “A Amazônia enfrenta a pior seca em 45 anos, e incêndios florestais já consumiram 5 milhões de hectares apenas em agosto”, disse Lula em Nova York. “Já fizemos muito, mas sabemos que muito mais precisa ser feito.” A publicação lembra, entretanto, que a administração de Lula foi alertada sobre o risco elevado devido à seca histórica em fevereiro.

Políticas ambientais e energéticas em conflito no governo Lula 

 Alguns membros do gabinete de Lula têm opiniões conflitantes sobre políticas ambientais e energéticas, segundo o veículo norteamericano. E a retórica de Lula sobre explorar reservas de petróleo perto da foz do Rio Amazonas preocupa ambientalistas que querem que o Brasil conduza uma transição global para energia limpa. Neste mês, o presidente prometeu pavimentar uma estrada na Amazônia que, segundo especialistas, vai aumentar o desmatamento. 

O discurso de Lula foi contundente, mas “o líder climático que o mundo esperava não apareceu”, afirmou o Observatório do Clima, composto de 30 ONGs brasileiras. Clima foi apenas um dos tópicos que Lula abordou em seu discurso, que falou desde o recente conflito no Líbano até a urgência de regular a inteligência artificial. 

O NYP comentou a promessa do presidente de entregar uma meta climática neste ano, mas sem mencionar o que pretende apresentar ao mundo na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em 2025, no Estado do Pará. Comparações com administrações anteriores O jornal lembra que, quando Lula foi presidente, entre 2003 e 2010, ele frequentemente falava sobre mudanças climáticas. Ele apresentava o Brasil como um modelo de conservação e culpava os países ricos pela poluição, enquanto deixavam de ajudar nações em desenvolvimento a manterem suas florestas. Em sua campanha de 2022, ele se apresentou como uma alternativa ambiental ao seu antecessor, Jair Bolsonaro. 

Na sexta-feira, Lula anunciou que quem for pego ao incendiar florestas pagará multas de até R$ 9 mil por hectare. Ele também anunciou gastos adicionais de até R$ 500 milhões para combater incêndios em todo o país. Na terça-feira 19, ele se reuniu com o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, para discutir a COP-30, que acontecerá em Belém, na Amazônia. Discurso de Lula culpa grandes nações por mudanças climáticas Em seu discurso na Assembleia-Geral, Lula manteve um tom firme sobre mudanças climáticas, buscando responsabilizar as nações desenvolvidas. Lula culpa as nações desenvolvidas por mudanças no clima | 

A reportagem ressalta que o pedido de Lula por redução de emissões contrastou com recentes declarações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em uma conferência de petróleo no Rio de Janeiro, em que afirmou que o Brasil vai explorar reservas de petróleo of shore perto da Amazônia. “Não podemos e não vamos desistir de conhecer o verdadeiro potencial petrolífero do país”, disse Silveira. “Enquanto houver demanda por gás e petróleo, o Brasil seguirá esse mercado.” A ambientalista Tica Minami disse durante um protesto fora da conferência de petróleo que o governo de Lula “tem enviado sinais conflitantes em suas políticas”. “Nosso governo precisa ser corajoso e fazer o que é necessário para o meio ambiente e seu povo”, disse Tica

Revista Oeste com Washington Post